Para economista da UFRJ, Copom ''sinaliza vôo de galinha''
Queda da renda das pessoas que se endividaram, deterioração nos investimentos e nos gastos, é o que prevê o economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Reinaldo Gonçalves, entre as conseqüências da alta de 0,5 ponto na taxa de juros, decid
Publicado 16/04/2008 21:27
Para Reinaldo Gonçalves, o aumento da taxa de juro Selic ''sinaliza mais uma vez aquela história do vôo da galinha. A economia cresce, tem uma pressão inflacionária e os juros voltam a subir. É aquela gangorra. Juros caem, a renda sobe. Aí, os juros sobem e a renda cai. Isso deteriora muito as expectativas em relação à economia brasileira”, registrou o economista.
O economista defendeu que não havia necessidade de aumentar a taxa básica de juros, uma vez que a inflação brasileira é mais ligada ao custo do que à demanda. Para ele, ao contrário de elevar a Selic em 0,5 ponto percentual como fez, o Copom poderia ter optado pelo aumento do depósito compulsório (que os bancos são forçados a fazer quando fazem empréstimos). “Ou seja, reduzir a base de expansão de crédito”, explicou.
Na visão de Gonçalves, o aumento da Selic seria uma alternativa somente se fosse registrada uma pressão inflacionária muito forte, “o que não é verdade”. A taxa de inflação brasileira está ligeiramente acima da meta inflacionária, fixada igualmente pelo Banco Central, mas dentro da margem de tolerância de dois pontos percentuais, definida pelo mesmo sistema de metas.
O economista afirmou que a elevação da taxa de juros mostra a inconsistência macroeconômica do governo Lula. “Porque, ao mesmo tempo em que você está aumentando a taxa de juros, você está mantendo uma expansão de crédito muito forte na economia brasileira”, argumentou.
Reinaldo Gonçalves disse, ainda, que o aumento dos juros mantém o mecanismo de atração de capital de curto prazo especulativo para o Brasil, deixando o dólar num patamar artificialmente muito baixo, o que é prejudicial à atividade produtiva, pois prejudica as exportações e estimula as importações.
Com informações da Agência Brasil