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José Dirceu: corrida presidencial esfacela PSDB

 



Não há outra conclusão a tirar dos últimos acontecimentos políticos em SP e em MG: agravou-se, e muito, a divisão no PSDB com essa ostensiva movimentação do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, no sentido de não deixar dúvidas de

 



Como o governador de São Paulo, José Serra, propôs ao ex-governador Orestes Quércia a única vaga em disputa para o Senado em 2010, em troca do apoio do PMDB à reeleição do prefeito paulistano Gilberto Kassab, do DEM, o ex-governador Geraldo Alckmin, também tucano, não deixou por menos: ofereceu a vaga de vice-prefeito em sua chapa ao PSB. Alckmin tratou dessa oferta com o próprio deputado Ciro Gomes (PSB-CE), desafeto quase pessoal do governador paulista, mas exatamente para mostrar a este sua disposição de envolver o PSB numa aliança paulistana e dar força a outro presidenciável na terra de Serra.



Em MG, Aécio Neves continua a caminhada para consolidar sua candidatura a Presidente. Até deixa claro que pode ser candidato a senador, mas não a vice de Serra, tese defendida por FHC. Na prática, há semanas Aécio corteja o PMDB e dá sinais de que aceita ser candidato por esse partido em 2010.



O problema é que, para filiar-se ao PMDB, terá que renunciar ao governo de MG em outubro de 2009, dado o prazo de um ano de filiação partidária exigido pela legislação eleitoral. E ficaria, ainda, sujeito a uma decisão contraria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que poderá considerar a transferência uma violação da fidelidade partidária já que Aécio foi eleito pelo PSDB.



Mudança de Aécio altera sucessão



Se o PSDB perder para o PMDB o governador de Minas, o quadro eleitoral e a disputa política mudam completamente. Eu vejo uma aliança do PT com a legenda de Ulysses Guimarães como uma boa condição, mas não indispensável, para a ida de um candidato do PT para o segundo turno em 2010, mesmo com Ciro Gomes (hoje em 2º lugar nas pesquisas) na disputa. Uma candidatura do PT com apoio de Lula, tem sim condições de ir. Claro, não é assim tão simples como escrever. Será preciso pagar para ver.



É evidente que o melhor cenário para nós é mesmo o da aliança PT-PMDB. A hipótese de Aécio ser candidato apoiado pelo PT é impossível, já que a eleição se dá em dois turno e o natural é que o PT apresente sua candidatura própria com apoio de Lula ou, no limite, apóie um candidato de um partido aliado, como o PSB de Ciro Gomes.



Assim, vai ficando cada vez mais claro para todos que a eleição deste ano tem tudo a ver com 2010. Daí a extraordinária  importância da aliança PT-PMDB nas capitais e grandes cidades do país, como os casos do Rio e de Goiânia. E o erro da exclusão do PMDB da aliança em Belo Horizonte e da saída do governo e negativa de apoio do PT à reeleição do prefeito João Henrique, em Salvador.



Em São Paulo, queiram ou não meus conterrâneos mineiros, joga-se o futuro da sucessão de Lula,  tanto do lado dos tucanos como dos peemedebistas e petistas, bem como o destino dessa aliança PT-PMDB que defendo. É  muito cedo para as decisões sobre 2010, mas não resta nenhuma dúvida de que as alianças municipais, a postura do PMDB, a divisão no PSDB e o evidente desgaste de um de seus presidenciáveis, Serra, vão consolidando um quadro eleitoral e político que terá conseqüências não apenas na disputa presidencial mas também nos últimos dois anos do governo Lula.



Fonte: Blog do Dirceu