Policia Militar atira contra sem-terra em Petrolina
A Policia Militar de Pernambuco está atirando contra trabalhadores rurais Sem Terra que bloquearam, nesta terça-feira (22), a BR 428, que liga o município de Lagoa Grande à Petrolina. Agressões e ameaças também ocorrem em Alagoas e no Ceará.
Publicado 22/04/2008 19:54
Os policiais militares chegaram em um micro-ônibus e um carro pequeno, e já desceram atirando contra os sem-terra. Policiais rodoviários também se juntaram aos militares, ameaçando os trabalhadores rurais.
Segundo o MST local, os policiais não estão atirando para cima, mas sim contra os Sem Terra. A situação é extremamente tensa e o conflito pode aumentar, havendo o risco vitimas fatais.
Pressão
As cerca de 500 famílias Sem Terra que bloqueiam a BR 428 vivem no Acampamento Pontal Sul, uma área da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco).
Elas protestam contra a suspensão do fornecimento de água para o acampamento. Desde a ocupação da área, em abril do ano passado, a direção da Codevasf desligou as bombas que abastecem o canal Pontal Sul, no sentido de pressionar as famílias acampadas a deixarem a área. Até hoje o canal continua sem funcionar, prejudicando centenas de famílias de pequenos agricultores.
Tanto o Ministério Público quanto o Governo Federal consideram que, independente da disputa pela terra, o fornecimento de água para o consumo humano é uma obrigação e negar água para as famílias Sem Terra é uma violação dos direitos humanos.
A justiça obrigou a Codevasf a fornecer água a todas as famílias acampadas por meio de um carro-pipa. No último final de semana, a Companhia voltou a violar os direitos básicos da famílias Sem Terra acampadas no Pontal, cortando mais uma vez o fornecimento de água do acampamento.
Alagoas
Cerca de 80 famílias do MST ocuparam, na manhã de segunda-feira (21), a fazenda conhecida por Marcação ou Lagoa Queimada, no município de Cacimbinhas, sertão alagoano.
Segundo os trabalhadores sem-terra, a área de 1.200 hectares foi vistoriada e já foi emitido o decreto de desapropriação. A ocupação foi uma forma de acelerar o processo para o assentamento das famílias.
Porém, nesta terça (22) pela manhã, os trabalhadores denunciaram que o fazendeiro Antônio de Dória (que diz ter comprado a propriedade no mês passado) está no local ameaçando as famílias e advertindo que usará da violência dos pistoleiros para que deixem a área. Já foram identificados jagunços do fazendeiro rondando o acampamento e tirando fotos das famílias que lá estão.
Ceará
No sábado (19) as 80 famílias que estavam acampadas na fazenda Joasa no município de Ocara, no Ceará, foram obrigadas a deixar a área devido as ameaças feitas pelo fazendeiro Geraldo Marques de Holanda.
Desde a ocupação, em 17 de abril, as famílias temiam um novo massacre de trabalhadores rurais. Isso porque, segundo os acampados, Holanda teria contratado pistoleiros para invadirem o acampamento.
Segundo os Sem Terra, quando avisado sobre a situção tensa, o juiz da comarca de Ibaretama, Flávio Luís Peixoto Marques, eximiu-se de qualquer responsabilidade afirmando que o fazendeiro poderia resolver como achasse conviniente. As famílias estão agora provisoriamente no assentamento Luís Carlos II em Ibaretama.