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Aldo: Bloco de Esquerda deve antecipar candidatura em SP

Aldo Rebelo, deputado federal (PCdoB) e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, acha que depois do anúncio da aliança PMDB-DEM na capital paulista, o Bloco de Esquerda, que integra também PDT, PSB e PRB, ''deve antecipar seu calendário e escolher seu nom

Aldo avaliou que o Bloco deve definir o seu candidato, entre ele próprio e os deputados Luiza Erundina (PSB) e Paulinho da Força (PDT). Perguntado por mais de uma vez se apoiaria a ministra Marta Suplicy, do PT, descartou a possibilidade: ''Nós podemos até golpear juntos, mas marchar separados''.


 


''Já fomos procurados pela ministra Marta Suplicy, pelo prefeito Gilberto Kassab, pelo ex-governador Geraldo Alckmin. Temos conversado com todos eles e dito que o Bloco terá candidato'', insistiu Aldo. E criticou o hábito dos prefeitos de usar São Paulo ''como aeroporto de conexão para outros cargos''. Veja a entrevista publicada no UOL:



UOL  Por que o senhor quer ser prefeito?



Aldo Rebelo – É uma aspiração do Bloco de Esquerda, formado pelo PCdoB, PDB, PDT e PRB, que não tem identidade com as candidaturas do PT, do PSDB e do DEM. O Bloco tem representatividade na Câmara, tem um projeto nacional e deseja disputar prefeitura de capitais, principalmente a de São Paulo. O Bloco tem outras duas pré-candidaturas além da minha, a da deputada federal Luiza Erundina, do PSB, e do deputado Paulinho da Força, do PDT. Até o final de maio deveremos ter esta candidatura posta.



UOL  Estes partidos integram a base de apoio do governo Lula no governo federal. O bloco pode apoiar Marta Suplicy, do PT, em São Paulo?



 


Aldo – No primeiro turno é muito difícil. Nós apoiamos o presidente Lula, mas não temos apenas identidade, nós temos diferenças e projetos distintos. Nós precisamos preparar o bloco para as eleições de 2010.



 


UOL  A pré-candidatura do senhor é motivada pela derrota que o senhor sofreu para o petista Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara dos Deputados, em 2007. O senhor ainda não digeriu o episódio?



Aldo – Não há neste aspecto qualquer tipo de ressentimento ou relação com o nosso projeto. No início do segundo mandato do presidente Lula, o PT mudou o seu eixo de aliança para o PMDB e afastou-se dos partidos do Bloco de Esquerda. Nós continuamos apoiando Lula, mas estamos procurando um caminho próprio.



UOL  Quais seriam as principais bandeiras da campanha do senhor para a Prefeitura de São Paulo?



Aldo – São Paulo não é a capital política e nem a capital administrativa do Brasil, mas é a capital econômica, financeira, de serviços e da saúde do Brasil. São Paulo é a porta de entrada e a de saída do Brasil, mas São Paulo não tem sido vista assim pelos governantes, nem pelo governo federal, nem pelo governo do Estado e nem pelos administradores municipais. São Paulo é administrada como se fosse uma outra cidade brasileira, sem levar em conta as exigências e expectativas que São Paulo tem para o Brasil e para o mundo. Os prefeitos têm usado São Paulo como aeroporto de conexão para outros cargos. Você vai ser prefeito de São Paulo para ser presidente da República, governador e assim por diante. O primeiro problema de São Paulo é o problema político. Tem que ser tratada com a dimensão que ela tem para o país, para a América do Sul e para o mundo. São Paulo é muito rica e desigual. Tem 2 mil agências bancárias e apenas 75 bibliotecas públicas.



UOL  O senhor usa transporte público na cidade?



Aldo – Muito pouco. Uso carro particular. Hoje, mesmo o carro particular já não consegue ter agilidade nem rapidez diante do transporte público, pois a cidade está quase parada. O problema do trânsito tem que ser enfrentado como um desafio que não é só da cidade. É preciso a participação dos governos estadual e federal. Há uma grande responsabilidade ainda não assumida, principalmente, pelo governo federal. Há também o problema da segurança. A Polícia Militar e a Polícia Civil não têm uma cultura de segurança própria para a cidade. São Paulo, pela complexidade e pelo que representa, precisa ter uma polícia própria, preparada para atuar em uma metrópole.



UOL  Qual seria a primeira atitude caso eleito?



Aldo – Convocar professores, pais de alunos e a comunidade para, no prazo de um mês, promover mudanças radicais visando a elevação da qualidade do ensino público, avaliando a possibilidade de se estender jornada, para mais um dia de semana, e estender a carga horária. A quarta metrópole mais importante do mundo não pode ter um nível de educação e de aprendizado abaixo da média mundial. O Brasil perde empregos e investimentos com isso.



UOL  Quem foi o melhor prefeito de São Paulo?



Aldo – Eu tenho referencia de administradores que cuidaram do planejamento da cidade, como Prestes Maia. O prefeito Faria Lima também deixou uma obra importante de infra-estrutura. A prefeita Marta deixou uma marca importante na área social, mas deixou de cuidar de outras coisas. O prefeito Kassab também merece registro, pois teve um cuidado com a aparência da cidade. A minha briga não vai ser com pessoas, mas com idéias.



UOL O tempo de TV é suficiente para tentar alavancar sua candidatura?



Aldo – O capital mais importante da candidatura do bloco é o seu patrimônio de idéias. Com o tempo de TV, que não precisa ser igual ao das grandes legendas, nem aos dos grandes monopólios partidários, nós podemos transmitir nossas propostas. Porém nossa campanha tem que ser nas ruas, nos corações e nas mentes dos paulistanos.



UOL  Vocês foram procurados por outras siglas?



Aldo – Já fomos procurados pela ministra Marta Suplicy, pelo prefeito Gilberto Kassab, pelo ex-governador Geraldo Alckmin. Temos conversado com todos eles e dito que o Bloco terá candidato.



UOL O que o senhor achou da aliança DEM-PMDB (anunciada nesta semana em São Paulo por Orestes Quércia e Gilberto Kassab)?



 Aldo – A aliança declara a maioridade e a emancipação da candidatura do Kassab, define a necessidade de posicionamento da candidatura de Alckmin, e obrigada a Marta, que achava que teria a aliança com o PMDB, a procurar aliados em outro lugar. O Bloco também deve antecipar seu calendário e escolher seu nome.


 


UOL Num provável segundo turno, o Bloco apoiaria quem?



Aldo – As pesquisas avaliam o passado dos pré-candidatos. A avaliação fruto do debate eleitoral ainda não aconteceu. Nós esperamos chegar ao segundo turno. Ainda é cedo para falar sobre alianças para o segundo turno.



UOL Se o presidente Lula pedir para o senhor desistir e apoiar Marta, aceita?



Aldo – Acho que ele não faria isso. Ele respeita os aliados e compreende que, nem sempre nessas batalhas podemos seguir juntos. Nós podemos até golpear juntos, mas marchar separados.



Fonte: UOL