Lula tacha teses contra biocombustíveis de ''mentiras deslavadas''
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fazer a apaixonada defesa dos biocombustíveis e chamou de ''mentiras deslavadas'' a tese, na moda em países ricos, de que eles encarecem os alimentos. ''Nós vamos provar que é possível produzir álcool e biod
Publicado 25/04/2008 19:25
O presidente aproveitou o exemplo da Ponte Preta, que disputa domingo a final do Campeonato Paulista de futebol, para comparar o Brasil a um ''jogador bom'', que ''passa a ser marcado, passa a ser olhado''.
''O Brasil está vivendo essa situação. Este país, que um dia foi tratado como insignificante, é hoje o maior exportador de carne do mundo, é hoje o maior exportador de soja, o maior exportador de café, o maior exportador de suco de laranja, é hoje o maior produtor de biocombustível e de álcool e tem tecnologia, é hoje o terceiro maior exportador de avião do mundo'', argumentou.
Números na ponta da língua
''Então, quando o Brasil começa a disputar com eles, o que acontece? Em alguns países do mundo começa a sair propaganda na televisão: 'O zebu brasileiro não é gado'. É assim. Ou: 'A cana-de-açúcar está sendo produzida na Amazônia'. E vai daí para cima. 'O álcool aumenta o preço do alimento, porque a terra do Brasil está sendo utilizada para produzir apenas álcool'. São umas mentiras tão deslavadas, que nós precisamos, urgentemente…'' – disse Lula, sem concluir a frase.
''Se tem um país, que cresce todo ano a produção de grãos, é o Brasil. Há vinte anos a gente produzia 57 milhões de toneladas de grãos em 37 milhões de hectares, hoje a gente vai produzir 139 milhões de toneladas de grãos em 50 milhões de hectares. Portanto, o crescimento do conhecimento e da tecnologia está fazendo com que a gente plante cada vez mais em áreas cada vez menores, e fazendo com que a gente colha mais por conta dos avanços tecnológicos. A cana-de-açúcar, nós hoje colhemos, por hectare, quatro vezes e meia o que a gente colhia em 1975'', afirmou Lula, embora admitindo a baixa produção de trigo.
A revolução automobilística do flex fuel
''Este país, que era considerado de Terceiro Mundo, que não era respeitado lá fora e que ficou a vida inteira esperando as pessoas criarem um carro que pudesse ser mais econômico, um carro que tivesse um combustível que não fosse poluente, que ficou a vida inteira esperando que os ricos fizessem, fomos nós que fizemos. Hoje o flex fuel é a revolução da indústria automobilística mundial e eles não querem acreditar'', prosseguiu o presidente em seu improviso.
''Quando a gente produz o carro flex fuel, que a gente coloca álcool dentro dele, a gente está deixando de emitir, nos últimos trinta anos, 640 milhões de toneladas de CO2. Quando a gente planta a cana, a gente está seqüestrando o gás que os outros soltaram no planeta. Quando a gente corta a cana, faz álcool e bota no motor, a gente está deixando de fazer a emissão de gases de efeito estufa. É isso que eles não admitem, e resolveram fazer álcool de milho'', disse ainda Lula, questionando a alternativa escolhida pelos Estados Unidos, embora com cuidado de não citar pelo nome os seus oponentes na polêmica.
O ''gigante adormecido'' que ''agora acordou''
''É importante que milho seja para o porco e para a galinha. Tudo que for para a gente produzir ração animal, não é importante a gente produzir biocombustível. Mas o Brasil tem terra, são 851 milhões de hectares. Só de terras agricultáveis são 400 milhões de hectares. Desses 400 milhões de hectares, apenas 1% está plantado com cana'', defendeu o presidente.
''É só olhar o mapa-múndi e ver onde tem terra, onde tem sol para fazer a fotossíntese, onde tem água e onde tem tecnologia. Eles vão perceber que é exatamente neste gigante que ficou muito tempo adormecido, mas que agora acordou, chamado Brasil. E acordou para fazer o mundo respeitá-lo. Não acordou para ser prepotente, para achar que é melhor do que os outros, mas acordou para dizer: nós existimos, nós temos conhecimento, nós temos tecnologia e nós queremos progredir, nós não queremos passar mais um século sendo considerados país emergente, nós queremos ser um país desenvolvido. E por isso, companheiros, nós vamos comprar essa briga. Nós vamos provar que é possível produzir álcool e biodiesel, vamos provar que é possível produzir alimentos para encher a nossa barriga, e vamos provar que ainda somos capazes de produzir para encher um pouco da barriga de muita gente que fala, mas que não tem terra para plantar, como tem o Brasil'', ironizou Lula.
Com transcrição do Info Planalto