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Maioria das brasileiras que abortam é católica, diz estudo

Uma pesquisa realizada pela UnB (Universidade de Brasília) e pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) revelou que a maioria das brasileiras que abortam se declara católica. O número pode variar de 51% a 82% do total de 3,7 milhões, e a maioria

“Para a massa, que a vê (a Igreja Católica) como um meio de conforto, e não como uma cartilha dogmática, ela não é suficiente para as mulheres mudarem sua decisão”, opina a pesquisadora da UnB Débora Diniz. Segundo ela, a conclusão não surpreende, já que grande parte dos brasileiros se diz católica. Em segundo lugar ficaram espíritas (4,5% a 19,2%) e, em terceiro, evangélicas (2,6% e 12,2%).


 


Para os autores do levantamento, o alto número de abortos feitos por mulheres que já têm filhos (entre 70,8% e 90,5%) reforça a tese de que o aborto seria medida de planejamento reprodutivo – empregado em último caso, quando os outros métodos contraceptivos falharam. “Ao contrário do que se imagina, essa não é uma solução para a gravidez indesejada de uma mulher que desconheça o sentido da maternidade”, afirma a pesquisadora.


 


Outro dado que corrobora essa tese é o uso de métodos contraceptivos pelas mulheres que interromperam a gravidez. Segundo a pesquisa, mais de 50% das que abortaram nas regiões Sul e Sudeste usavam algum método anticoncepcional, principalmente pílulas. Já na região Nordeste, a porcentagem oscila entre 34% e 38,9%.


 


Cytotec


 


O medicamento de venda controlada misoprostol, o Cytotec, é o abortivo mais comum, de acordo com a pesquisa. Indicada para problemas gástricos, a substância foi usada por até 84% das mulheres que fizeram abortos de 1997 a 2007. Na década de 80, medicamentos eram usados como métodos abortivos apenas entre 10% e 15% dos casos.


 


“Nos anos 80, tínhamos mulheres perdendo o útero e com processos infecciosos graves. Com a entrada do misoprostol, o período de internação e as seqüelas associadas ao aborto diminuem consideravelmente no cenário brasileiro”, disse a pesquisadora.


 


Débora destacou, no entanto, que pílulas compradas por meio de traficantes têm autenticidade questionável e que as subdoses – decorrência do uso sem orientação médica – implicam em atendimento médico para completar o abortamento e reações como hemorragias e dores.


 


Da Redação, com informações da Folha Online e da Agência Brasil