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'Baixo QI dos baianos' leva coordenador da UFBA à renúncia

Menos de uma semana depois de atribuir o mau desempenho dos alunos ao “baixo QI [quociente de inteligência] dos baianos”, o coordenador do curso de medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Antônio Natalino Manta Dantas, 69, renunciou ao cargo nes

De acordo com a assessoria de imprensa da UFBA, o pedido foi feito no dia 30 de abril. No entanto, devido ao feriado do Dia do Trabalhador o pedido só pôde ser encaminhado nesta segunda-feira (5).


 


Os alunos de medicina da UFBA obtiveram conceito dois no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). Na semana passada, Dantas disse que o corpo docente da faculdade é qualificado e não seria justificativa para o mau resultado no exame. O coordenador afirmou ainda que o suposto baixo QI dos baianos é hereditário e verificado “por quem convive [com pessoas nascidas na Bahia]”.


 


O Enade avalia o conhecimento dos alunos do primeiro e do último semestre de medicina. A nota varia de 1 a 5. O curso da UFBA obteve menção igual a 2, índice considerado baixo pelo Ministério da Educação (MEC).


 


Para o professor, que é baiano, “o baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria”.


 


Na lista divulgada pelo Ministério de Educação na última terça-feira (29), os cursos de medicina das Universidades Federais do Pará, de Alagoas e do Amazonas também tiveram notas baixas.


 


De acordo com a vice-reitora da Universidade Federal do Pará, Regina Feio, as declarações de Dantas foram infelizes. “A gente como educador não pode afirmar que somente uma pessoa é culpada. É preciso fazer um diagnóstico para identificar os erros”, disse.


 


O MEC obriga as instituições de ensino superior que tiveram notas baixas a fazer um relatório que aponte medidas para sanar as deficiências identificadas.


 


A vice-reitora atribuiu o baixo rendimento do curso de medicina da Universidade Federal do Pará a um boicote dos alunos ao exame.


 


“Temos um bom projeto pedagógico, dependências aceitáveis e laboratórios importantes para a operacionalização do curso. Ainda estamos identificando os problemas. Já identificamos que houve um boicote dos alunos”, afirmou.


 


Supervisão


 


Na semana passada, o Ministério da Educação divulgou a lista dos 17 cursos de medicina que serão supervisionados porque tiveram baixas notas no Enade e no IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado). Entre elas estão quatro instituições federais.


 


Ao todo, 103 cursos (particulares e públicos) foram avaliados. Os que apresentaram resultados insatisfatórios nos processos de avaliação terão de apresentar um diagnóstico sobre o desempenho, e medidas para resolver os problemas identificados.


 


O diagnóstico deve levar em conta medidas didático-pedagógica, integração do curso com os sistemas local e regional de saúde, o perfil dos alunos, a oferta de vagas em 2008, infra-estrutura e produção científica.


 


Entre todos os cursos avaliados, as únicas a obter nota máxima nos dois foram as federais do Rio Grande do Sul, de Goiás, de Ciências da Saúde de Porto Alegre, de Santa Maria, do Piauí e de Mato Grosso.