Fidel: EUA criam 4ª Frota para ''combater o terrorismo''
A 4ª Frota de Intervenção dos Estados Unidos surgira em 1943, para combater os submarinos nazistas e proteger a navegação durante a 2ª Guerra Mundial. Foi desativada em 1950, como desnecessária: o Comando Sul supria as necessidades hegemônicas dos EUA
Publicado 05/05/2008 19:29
As preocupações com os problemas do preço dos alimentos, da energia, do intercâmbio desigual, da recessão econômica no mercado mais importante para seus produtos, da inflação, das mudanças climáticas e dos investimentos requeridos por seus sonhos consumistas consomem o tempo e as energias de dirigentes e dirigidos.
O real é que a decisão de restabelecer a 4ª Frota foi anunciada na primeira semana de abril, um mês depois que o território do Equador foi atacado por bombas e tecnologia dos Estados Unidos, e por pressão destes, matando e ferindo cidadãos de diversos países, o que causou profunda repulsa entre os líderes latino-americanos na reunião do Grupo do Rio, que teve lugar na capital da República Dominicana.
Pior ainda: o fato ocorre quando é quase unânime o repúdio à desintegração da Bolívia promovida pelos EUA. Os próprios chefes militares explicam que terão sob sua responsabilidade mais de 30 países, cobrindo 15,6 milhões de milhas quadradas nas águas adjacentes à América Central do Sul, Mar do Caribe com suas 12 ilhas, México e os territórios europeus deste lado do Atlântico.
Os EUA possuem dez porta-aviões do tipo Nimitz, cujos parâmetros a grosso modo são: deslocamento de 101 mil a 104 mil toneladas de carga máxima; convés de 333 metros de comprimento e 76,8 metros de largura; dois reatores nucleares; velocidade que pode chegar a 56 quilômetros por hora; e 90 aviões de guerra. O último deles leva o nome de George H. W. Bush, pai do atual presidente; já foi batizado com champanhe pelo próprio homenageado; dentro de dois meses deve estar pronto para se somar às outras naves.
Nem um só país do mundo possui um único navio semelhante a estes, todos equipados com sofisticadas armas nucleares, que podem se aproximar até poucas milhas de qualquer um dos nossos países. O próximo porta-aviões, o USS Gerald Ford, será de novo tipo: tecnologia Stealth invisível a radares e armas eletromagnéticas.
A principal armadora de ambos os modelos é a Northrop Grumman, cujo atual presidente também faz parte da junta diretora da petroleira estadunidense, a Chevron-Texaco. O custo do último Nimitz foi de US$ 6 bilhões, sem incluir os aviões, os mísseis e os gastos operacionais, que também podem subir a bilhões.
Parece um conto de ficção científica. Com esse dinheiro seria possível salvar a vida de milhões de crianças.
Qual é o objetivo declarado da 4ª Frota? ''Combater o terrorismo e as atividades ilícitas, como o narcotráfico''. Assim como enviar um recado à Venezuela e ao resto da região. Anuncia-se que ela entrará em operação no próximo 1º de julho.
O chefe do Comando Sul dos EUA, almirante James Stavrides, declarou que seu país precisa trabalhar com mais força no ''mercado das idéias, para ganhar os corações e mentes'' das populações da região.
Os EUA contam com a 2ª, 3ª, 5ª, 6ª e 7ª frotas, deslocadas para o Atlântico Ocidental, Pacífico Oriental, Oriente Médio, Mediterrâneo e Atlântico Oriental, Pacífico Ocidental. Só faltava a 4ª Frota para patrulhar todos os mares do planeta.
Total: nove porta-aviões Nimitz, em atividade ou muito perto de entrar em plenas condições de combate, como o George H. W. Bush. Dispõe de uma reserva suficiente para triplicar ou até quadruplicar o poderio de qualquer uma de suas frotas em determinado teatro de operações.
Os porta-aviões e bombas nucleares que ameaçam nossos países servem para semear o terror e a morte, mas não para combater o terrorismo ou as atividades ilícitas. Deveriam servir também para envergonhar os cúmplices do império e multiplicar a solidariedade entre os povos.
* Reflexão do líder histórico da Revolução Cubana, publicada nesta segunda-feira pelo Granma