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Após facões, protesto contra hidroelétrica reúne 3 mil no PA

Cerca de três mil pessoas, entre indígenas e ativistas de movimentos ambientalistas e sociais, realizaram nesta sexta-feira (23), em Altamira, Oeste do Pará, de num ato público contra a construção no rio Xingu da hidroeléctrica de Belo Monte, segundo os o

“Foi um dos maiores protestos indígenas dos últimos 20 anos”, disse à Lusa, por telefone, o coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do Pará, um dos órgãos organizadores do encontro “Xingu Vivo Para Sempre”, que desde segunda-feira discutiu o impacto dos projetos energéticos na região amazônica.


 


Segundo Claudemir Monteiro, a manifestação, inicialmente prevista como uma caminhada pelas ruas de Altamira, foi transformada num ato público à beira do Xingu para “evitar provocações e tumultos”, após o incidente na última terça-feira com um engenheiro da Eletrobrás.


 


O engenheiro, coordenador do estudo de inventário do Xingu, defendia a instalação da hidroelétrica no encontro de Altamira quando foi espancado pelos índios e sofreu um corte profundo de catana no braço direito.


 


De acordo com Monteiro, o protesto de hoje ocorreu de forma “pacífica e sincera” e foi “um recado ao governo e à sociedade de que é necessário buscar outras formas de desenvolvimento do país sem constuir barragens nos rios”.


 


Na última quarta-feira, as lideranças indígenas entregaram uma carta à Justiça Federal de Belém, em que deixaram claro que se houver a construção de Belo Monte, eles vão “ocupar e destruir a hidroeléctrica”.


 


“O governo precisa, de fato, levar isso a sério. Os índios estão irredutíveis em sua posição contra as barragens. E já avisaram que a mobilização não acaba no encontro de Altamira”, afirmou Claudemir Monteiro.


 


Os indígenas avançaram que pretendem, em breve, acampar em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, para reforçar a sua posição contra a construção de Belo Monte, que pode tornar-se no terceiro maior aproveitamento hidroelétrico do mundo, após o das Três Gargantas, na China, e o do Itaipu, binacional brasileira-paraguaia.


 


Investigação


 


A Polícia Federal (PF) divulgou nesta quinta-feira (22) imagens que podem ajudar a esclarecer o ataque de índios a o engenheiro da Eletrobrás. A filmagem é da câmera de segurança de uma loja em Altamira, no Pará, e mostra o José Cleanton Ribeiro, coordenador do Conselho Indigenista Missionário da região do Xingu, acompanhando de um homem e aparentemente comprando facões. As informações são do Jornal Nacional.


 


Cleanton é um dos organizadores do encontro de Belo Monte. Segundo a PF, ele teria comprado três facões e a nota fiscal foi emitida para o Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira, com data do dia 19 de maio.


 


Segundo a Polícia Federal, nesta sexta-feira (23) foi colhido o depoimento de Cleanton e de seu acompanhante na loja. De acordo com o delegado que preside o inquérito para apurar a agressão ao engenheiro, caso os líderes tenham incitado os indígenas a agredir o engenheiro, eles devem ser indiciados.