Assembléia aberta

O programa Assembléia Aberta 2008 mobilizou a população de Santa Rosa. Índios, produtores rurais, sindicatos, associações, vereadores do município e até do Jordão deslocaram-se de longínquas terras navegando pelo Purus.

“Voltei de Santa Rosa com a alma encharcada de boas causas. Foi uma agenda que fez história” (Edvaldo Magalhães)


Faltavam 20 minutos para as 17h, do dia 21 de maio – quarta-feira, quando decolei de Santa Rosa do Purus rumo a Rio Branco. Acabara de cumprir um compromisso histórico: levar a Assembléia Legislativa do Acre a debater olho no olho com uma das comunidades mais isoladas do Estado.

É verdade que Santa Rosa nunca havia desfrutado de tanta visibilidade. Um batalhão de jornalistas, desde o dia anterior (20 de maio), por lá estavam à procura de notícias. Um morador havia navegado por três dias para “ver um deputado”. Virou manchete.

Durante todo o dia a cidade esteve em êxtase. Dezoito deputados estaduais, a deputada federal Perpétua Almeida, o Ministério Público, O Tribunal de Contas, o Juiz da comarca, SEBRAE, INCRA, BASA, CAIXA ECONÔMICA, a Brasil Telecom, o Cônsul Peruano, uma delegação peruana incluindo o Alcaide de Porto Esperança e o vice-presidente do departamento de Ucayali, vereadores de Manuel Urbano e Sena Madureira, o Padre e o Pastor, lideranças indígenas de todas as aldeias, presidentes de todas as associações de produtores rurais, enfim, a comunidade por inteiro esteve mobilizada.

O programa Assembléia Aberta tem como objetivo central aproximar o parlamento dos problemas da comunidade. Criar um espaço de debates que garanta a possibilidade de participação aos que moram mais distantes do chamado centro do poder.

Durante o ano passado, quando de sua estréia, o Assembléia aberta se fez presente nas cinco regionais do estado: Sena Madureira (Purus), Brasiléia (Alto Acre), Plácido de Castro (Baixo Acre), Cruzeiro do Sul (Alto Juruá) e Feijó (Tarauacá e Envira). Neste ano queremos dialogar com os cinco municípios considerados de menor IDH e os mais isolados do Estado: Santa Rosa, Manuel Urbano, Jordão, Taumaturgo e Porto Valter.


Perpétua: casa do índio
A deputada federa Perpétua Almeida (PCdoB) disse que, ao contrário da população de Roraima, o povo de Santa Rosa do Purus tem orgulho de sua população indígena que representa mais da metade do total. A declaração foi feita na abertura do programa Assembléia Aberta 2008. “Neste embate na Câmara Federal envolvendo a demarcação da Terra Indígena Serra Raposa do Sol, há um descontentamento porque se sentem envergonhados, mas para nós é muito orgulho”, afirmou lembrando que é graças aos índios que Santa Rosa do Purus tem hoje 99% de suas florestas preservadas. “Onde tem indígenas, tem mais preservação e a preservação é hoje o debate do milênio em todo o mundo”, afirmou a deputada.

Para atender a uma das principais demandas dos indígenas que vão das aldeias para a cidade, a deputada anunciou que até agosto a bancada federal do Acre garantirá a liberação de uma emenda para a construção de uma casa de passagem destinada a esta população. Além disso, a deputada informou que já está acertada com o Tribunal de Justiça a apresentação de emenda de R$ 100 mil para a realização do Projeto Cidadão na zona rural do município, onde vivem 64% da população.