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Direção do PT reafirma veto à aliança com tucanos em MG

O Diretório Nacional do PT aprovou por ampla maioria nesta sexta-feira (30), em Brasília, resolução recomendando ao Diretório Municipal de Belo Horizonte (MG) que volte a discutir e deliberar sobre a política de alianças no município, de maneira que seja

Na prática, a resolução do DN mantém o veto à aliança com os tucanos em Minas em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) à prefeitura de Belo Horizonte. O acordo para o lançamento da candidatura de Lacerda foi costurado pelo governador tucano Aécio Neves e o prefeito petista Fernando Pimentel.



Para evitar que houvesse derrotados e vencedores, houve um acordo pelo qual o Diretório Nacional remete novamente ao Diretório Municipal a discussão para que seja reavaliada a aliança que previa a aliança em Belo Horizonte.



O presidente do PT, Ricardo Berzoini, disse que apesar de o prefeito Pimentel não ter participado da reunião, ele concordou com o acordo. A decisão, segundo Berzoini, foi praticamente unânime, com apenas dois votos de abstenção


 


“PT e PSDB representam projetos distintos e não há razão para uma aliança, ainda mais em uma cidade importante como em Belo Horizonte” disse Berzoini.


 


O presidente do PT reconheceu também que houve um desgaste no partido: “O processo não foi bom para o PT, não contribuiu para a unidade em BH e teremos que superar isso. Seria hipocrisia dizer que não houve desgaste”, disse.
 
Berzoini não quis comentar a proposta da tendência “Construindo um Novo Brasil”, majoritária dentro do PT, que pretendia convencer o Diretório Nacional do partido a só aceitar uma aliança informal. A coligação formal, aquela registrada no TSE, seria do PSB com o PT. Mas o PT aceitaria que o PSDB na prática apoiasse e o grupo informalmente. Berzoini disse que não pretendia falar sobre hipóteses.


 


O deputado estadual Roberto Carvalho, indicado pelo PT mineiro para a vaga de vice da chapa de Márcio Lacerda acreditava pela manhã na aprovação da aliança formal. “O que nós esperamos é que todos estejam de olhos abertos (…) Acredito que o prefeito Pimentel vai sensibilizar o diretório. O que nós esperamos é que todos estejam de olhos abertos”, disse.


 


A declaração de Carvalho é uma referência ao governador Aécio Neves, que recentemente criticou a “miopia” de alguns dirigentes do PT que criticam a aliança tucano-petista pelas suas supostas implicações nas eleições presidenciais de 2010.


 


O ministro Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência da República, chegou ao encontro ressaltando as “óbvias implicações nacionais” de uma aliança com o PSDB em BH: “O governador Aécio Neves é candidato em 2010 pelo PSDB e faz oposição ao governo. Eu conversei com o presidente Lula e ele disse que não tinha objeção nenhuma à aliança, mas disse que a decisão é partidária”, afirmou.
 


A aliança já teve o veto da Executiva nacional do partido, na segunda-feira, por 13 votos a dois. O Diretório Nacional examina um recurso nesta sexta-feira. Após manter o veto à aliança em Belo Horizonte, porém, a Executiva decidiu aprovar 12 acordos com partidos de oposição para as eleições municipais deste ano. O critério utilizado pelos líderes petistas foi aceitar casos em que legendas como PSDB, DEM e PPS apóiam candidatos do PT, mas barrar o contrário, no caso os apoios petistas a nomes oposicionistas. A única exceção foi Montes Claros (MG), onde o apoio ao PPS foi aprovado devido à ligação histórica dos dois partidos na cidade.



Leia a íntegra da Resolução do Diretório Nacional do PT sobre alianças em Belo Horizonte:
 



Considerando o conteúdo político das resoluções sobre política de alianças nas eleições de 2008, aprovadas pelo Diretório Nacional do PT em suas reuniões de 9 de fevereiro de 2008 e 24 de março de 2008;


 


Considerando as resoluções aprovadas pela Comissão Executiva Nacional do PT nas reuniões realizadas em 24 de abril de 2008, 28 de abril de 2008 e 26 de maio de 2008, acerca das solicitações de alianças com partidos de fora da base de apoio do governo federal;


 


Considerando a retirada do recurso interposto à decisão da CEN que diz respeito à aliança com o PSDB em Belo Horizonte;


 


O Diretório Nacional do PT resolve:


 


1. Recomendar que O Diretório Municipal do PT de Belo Horizonte volte a discutir e deliberar sobre a política de alianças aprovada, afastando a possibilidade de coligação com PSDB e PPS.


 


2. Delegar expressamente à CEN, com os poderes legais e estatutários cabíveis, voltar a discutir e deliberar sobre as alianças em Belo Horizonte, caso necessário, dentro das diretrizes firmadas nas resoluções do Diretório Nacional de 9 de fevereiro de 2008 e 24 de março de 2008.


 


Diretório Nacional do PT
30 de maio de 2008