Junta Interventora apura irregularidades no Coren/RJ
“A intervenção que aconteceu no dia 15 veio coroar os mais de 20 anos que os enfermeiros do Rio de Janeiro lutavam pela moralização do nosso conselho”, comemorou Rejane Almeida (foto), presidente da Junta Interventora que investiga irregularidades no Cons
Publicado 30/05/2008 20:41 | Editado 04/03/2020 17:05
A decisão de intervir foi tomada pelo do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), após a investigação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal, que em 2005, com a Operação Predador, prendeu o então presidente do Cofen, Gilberto Linhares, que está preso e cumprirá 18 anos de prisão.
A Operação Predador, como foi chamada, foi realizada em seis estados e resultou na prisão de 17 pessoas, sendo cinco da diretoria do Cofen. A quadrilha estaria desviando dinheiro da entidade. As acusações contra o grupo são de peculato, formação de quadrilha, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. As fraudes ocorreram de diversas formas.
Segundo a PF, o Cofen, através de Conselhos Regionais de Enfermagem, arrecadava as taxas obrigatórias a todos os enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. Porém, as verbas seriam usadas em compras cobertas com notas fiscais falsas, e os cheques depositados em nomes de terceiros ou do próprio presidente da autarquia e dos conselheiros. Além disso, as licitações para a compra de serviços e produtos estariam superfaturadas.
Apesar de o esquema no Cofen ter sido sanado, no Coren/RJ os problemas continuaram. “Aqui ficaram as mesmas firmas que em 2005 o MPF mandou retirar. Entretanto, o Confen, através de uma apuração anual das contas, identificou várias irregularidades que ainda estão sendo investigadas”, informou Rejane.
Apesar de autorizada pelo Conselho Federal, no dia 12 de maio, a direção do Cofen e a Junta Interventora foram impedidas de entrar no Coren/RJ pela então direção da entidade. A Junta ingressou na justiça e, no dia 15, conseguiu um mandato para tomar posse do local.
Agora, a Junta Interventora fará uma auditoria que investigará toda a estrutura do Coren/RJ: patrimonial, contábil, financeira, jurídica e administrativa. Para isso, foi feita uma licitação para contratar uma empresa auditora, que começará na próxima segunda-feira (2 de junho) a apurar as contas da entidade.
A Junta Interventora tem a participação das três categorias participantes do Conselho: enfermeiro, auxiliar de enfermagem e técnico de enfermagem. Para Rejane, essa união foi importante para ganhar a confiança da categoria, além do apoio do Cofen, do MPF e da justiça. Rejane já foi presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, sendo hoje diretora, e pertence à Federação Nacional dos Enfermeiros. A Junta foi nomeada pelo presidente do Cofen, Manoel Carlos Nery Silva.
Eleições
Segundo Rejane, para se perpetuar na entidade, a direção do Cofen dificultava ao máximo a participação dos enfermeiros no processo eleitoral. “Pelo processo eleitoral era muito difícil, pois a entidade tem um código complicado. São 32 profissionais para montar uma chapa, que precisam tirar vários documentos. Em 2005, para poder inscrever a chapa fizemos um levantamento, gastaríamos cerca de R$ 25 mil só para tirar documentos, o que inviabiliza a participação da categoria” critica Rejane.