RJ: mutirão dos moradores retoma obra na Providência
Por causa da autorização concedida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), os moradores do Morro da Providência retomaram as obras do projeto Cimento Social nesta quinta-feira (26). E uns dos primeiros trabalhos realizados nesta manhã
Publicado 26/06/2008 17:28
Segundo policiais militares que estão no local, as pichações faziam apologia à facção criminosa que comanda o tráfico de drogas na região. “Estava incomodando não só a polícia, mas os moradores também”, disse um policial que está no morro, que não quis se identificar.
As pichações foram pintadas com uma tinta verde. No entanto, na manhã desta quinta-feira, ainda era possível ver algumas delas nas paredes das casas da região.
“Apesar das pichações, o tráfico não está nos atrapalhando. Só tem muito 'olheiro' (informantes do crime)”, disse outro policial, que também não quis se identificar.
A PM que está no local informou que partiu dos moradores a atitude de apagar as pichações. No entanto, alguns operários das obras disseram que a PM ordenou que eles pintassem as siglas da organização criminosa.
A presidente da associação de moradores da região, Vera Melo, informou que vai tentar ir à Brasília ainda nesta quinta para conversar com representantes do governo federal sobre a situação dos moradores da região.
Paralisação prejudicou moradores
Muitos moradores beneficiados com o projeto Cimento Social ficaram prejudicados com a paralização dos trabalhos. A casa de muitos deles não tem telhado e paredes e, com a chuva que atinge o Rio nesta semana, a água acabou entrando nas residências.
“Eu perdi uma televisão de 29 polegadas porque a água da chuva caiu em cima do aparelho. O meu teto está com um buraco e acho que as vigas estão rachando. Queremos uma solução rápida para os nossos problemas. Não aguentamos mais esperar”, disse a pensionista Luci de Souza Furtado, de 45 anos.
TRE autorizou obras
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) autorizou na noite de quarta-feira (25) a continuação das obras em 30 casas que ficaram inacabadas no Morro da Providência, na Zona Portuária da cidade.
Segundo o TRE-RJ, a decisão foi anunciada após uma reunião com a presença da presidente da Associação de Moradores do Morro da Providência, Vera Melo, e do juiz Fábio Uchôa, responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral no município do Rio.
O juiz autorizou que os próprios moradores assumissem a conclusão das obras, em regime de mutirão. A comunidade vai contar, ainda, com o apoio da Construtora Edil, empresa que vencera a licitação feita pelo Comando Militar do Leste para realização dos trabalhos no morro.
Em nota oficial, o Ministério das Cidades informou que não vai se pronunciar no momento sobre a autorização dada aos moradores para que eles continuem as obras no Morro da Providência.
A assessoria de imprensa do Comando Militar do Leste não foi encontrada para falar sobre o assunto.
Obra foi embargada na terça-feira
Na terça-feira (24), o juiz Fábio Uchoa embargou as obras do projeto Cimento Social alegando que “a obra tem cunho eleitoral e beneficia o senador e pré-candidato do Rio Marcelo Crivella (PRB), em detrimento dos demais interessados no pleito de 2008”.
Fábio Uchôa lembrou que sua decisão foi contra o uso eleitoral do projeto e que a suspensão não implicava necessariamente o fim dele. O juiz declarou, também, não ver qualquer impedimento na conclusão feita pelos moradores em parceria com a construtora.
Jobim apóia conclusão das obras
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, elogiou na quarta-feira (25) os acenos da Prefeitura do Rio e do governo do estado, em conjunto com a associação dos moradores do Morro da Providência, para concluir a reforma das casas.
“Tudo o que for para o bem da comunidade, vemos com bons olhos”, afirmou o ministro, ao saber de declarações que o governador Sérgio Cabral e a prefeitura querem ajudar a terminar obras.
Jobim disse que o governo ainda vai analisar o encaminhamento jurídico que será dado ao caso, depois que as obras foram paralisadas pelo TRE, inclusive a apresentação, ou não, de recurso ao tribunal.
A Advocacia Geral da União informou que ainda não recebeu pedido de qualquer ministério ou da Presidência da República para recorrer da decisão do TRE.
Fonte: G1