Semar apresenta plano de combate à desertificação
A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) realizará nesta quinta-feira, 10, em Gilbués, às 9 horas, na sede do Núcleo de Pesquisa para Recuperação de Áreas Degradadas (Nuperade), uma oficina reunindo autoridades dos governos federal, estad
Publicado 10/07/2008 09:28 | Editado 04/03/2020 17:02
Durante o evento, serão apresentadas as ações de recuperação de áreas degradadas, com adoção de práticas de manejo e conservação do solo e água, apropriadas e testadas para as peculiaridades da região. Pelo projeto que será financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o trabalho estará sendo dividido em 4 metas: Seccionamento de Voçorocas (10 km); Recomposição de Paisagem (30 ha); Instalação de Unidades Demonstrativas de uso e manejo conservacionista do solo (60 ha) e Recuperação de Mata Ciliar, Topos ou Nascentes (30 ha). É importante ressaltar que o projeto faz parte das ações de revitalização do Parnaíba, no âmbito do PAC.
Cada meta tem suas atividades específicas e um alcance determinado. A primeira estabelece que sejam recuperadas as áreas degradadas, incluindo áreas de mata ciliar, topos e nascentes, em busca de mitigação dos efeitos de degradação do solo. A segunda refere-se à implantação e adaptação para estradas ecológicas do trecho que liga Gilbués à microbacia. A terceira meta a ser alcançada prevê a construção de infra-estrutura de suporte às ações de revitalização ambiental, incluindo a construção de um viveiro para produção de 60 mil mudas destinadas à recuperação e recomposição de paisagens. A quarta meta que deverá ser cumprida, seguindo o projeto, refere-se ao acompanhamento, avaliação e difusão permanente dos resultados da recuperação ambiental de forma a permitir uma avaliação efetiva do desempenho das ações adotadas no projeto.
“O Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação tem como objetivo geral estabelecer diretrizes e instrumentos legais e institucionais que permitam otimizar a formulação e execução de políticas públicas e investimentos privados nas áreas suscetíveis à desertificação (ASD), no contexto da política de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca e de promoção do desenvolvimento sustentável”, ressalta o secretário Dalton Macambira.
A importância da realização do evento em Gilbués se dá pelo fato de ser a região mais atingida pelo problema da desertificação no Piauí e ainda porque funciona o Nuperade, sede instalada para a realização de pesquisas que visam o combate ao processo acelerado de desertificação.
Dalton Macambira diz ainda que todos os participantes do evento terão a oportunidade de conhecer de perto o Nuperade, podendo avaliar o estado de desertificação em que se encontra essa área do Estado, considerando que já foram alcançados bons resultados, graças ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Governo do Estado em parceria com a Fundação Agente.
Nuperade
É preciso enfatizar, ainda, que um bilhão de pessoas são atingidas pela desertificação no mundo. É um problema que afeta, hoje, mais de 100 países, transformando uma quarta parte dos solos produtivos do Planeta em terras estéreis.
Pelo menos 10% da região semi-árida no Brasil são atingidos pela desertificação que prejudica os Estados nordestinos e o Norte de Minas Gerais. No Piauí, a região de Gilbués apresenta uma extensa área com avançado estágio de degradação dos recursos naturais, o que vem sendo explicado como resultante do garimpo de diamantes, desmatamento generalizado, sobrepastoreio e agricultura inadequada.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a área atingida pelo processo de desertificação compreende os municípios de Monte Alegre do Piauí, Gilbués e Barreiras do Piauí, abrangendo uma área de 7.694 quilômetros quadrados.
Através do Nuperade já foi possível realizar o Projeto Microbacia I, do Riacho Sucuruiú Vaqueta/Gavião, desenvolvido pela Semar, no âmbito do Proágua/Semi-árido, e foi demonstrado que é possível a adoção de técnicas adequadas à região, sem investimentos muito superiores aos que são necessários a cada nova safra. O projeto do riacho, mesmo sendo apenas um projeto piloto, desenvolvido em 16 hectares, de 11 propriedades, já demonstrou ser possível conciliar o emprego de técnicas ambientalmente adequadas e de baixo custo, com o aumento da produtividade. Nestas 11 propriedades, a produção de milho passou da média de 700 quilos por hectare para 3.500 quilos, colhidos na última safra.