Provocação contra camponeses deixa 4 mortos na Bolívia

Uma ação paramilitares oposicionistas que usaram armas de fogo contra camponeses e indígenas bolivianos, no departamento de Pando, setor de Tres Barracas, em Porvenir (a apenas 30 km da fronteira com o Brasil em 200 km da capital acreana, Rio Branco)

A ofensiva fora-da-lei, usando armas de fogo, começou em Santa Cruz, na terça-feira, 30 dias depois do referendo em que 67,4% dos eleitores bolivianos deram apoio ao presidente Evo Morales. Mesmo em Pando, tido como reduto oposicionista, 52,5% dos eleitores referendaram o mandato de Evo. Derrotada nas urnas, a prefeitura (governo do departamento) de Pando, em mãos do oposicionista Leopoldo Fernández, decidiu radicalizar, assim como seus correligionários de Santa Cruz e Tarija.



Em Cobija, na fronteira com o Brasil, a representante presidencial Nancy Texeira, citando informações locais, deu o nome de três dos mortos: Pedro Oshiro, Emilio Peña, Hernani Uzquiano e uma quarta pessoa não identificada. Em La Paz, o vice-ministro de Governo, Rubén Gamarra, informou que dois os mortos seriam camponeses,  um conselheiro municipal (vereador) e um funcionário da prefeitura.



Barricada com armas de fogo



Os camponeses tinham programado uma assembléia departamental em Porvenir, para definir medidas contra os ataques das milícias na chamada meia lua. Na altura de Tres Barracas, a 5 km de Porvenir, a tropa de choque da prefeitura bloqueou a estrada, erguendo uma barricada e emboscando os trabalhadores rurais com armas de fogo.
A representante presidencial informou que os camponeses foram barrados e agredidos por funcionários da prefeitura. Mas resolveram se defender dos ataques. Nancy mostrou-se preocupada com a informação de que os paramilitares da prefeitura e dos grupos ''cívicos'' de Pando estão usando armas de fogo.



Os camponeses se defenderam com o que tinham ao seu alcance. Um dos seus dirigentes, Antonio Moreno, disse que a categoria decidiu sair em defesa da democracia, para evitar o golpe oposicionista que começou na terça-feira, por meio da ocupação violenta de repartições públicas.



Responsável: ''o ditador de Pando''



O governo boliviano, a representação presidencial e os camponeses responsabilizaram o prefeito (governador) de Pando, Leopoldo Fernández, e a presidente dos ''cívicos'' do departamento, Ana Melena, pelo episódio de violência. ''O ditador de Pando, Leopoldo Fernández, é o principal responsável pela violência, os mortos, feridos e desaparecidos'', disse Nancy.



A funcionária disse que Fernández envia funcionários de seu governo e grupos militares para hostilizar os camponeses. Já Gamarra culpou os prefeitos e ''cívicos'' oposicionistas, agrupados no chamado Conselho Nacional Democrático (Conalde), pelas ações violentas e saques desta semana.



Também foram reportados dezenas de feridos na cidade oriental de Santa Cruz, oriente, e em Tarija, no sul do país. Organizadas e armadas pela oposição conservadora, as milícias têm se confrontado com a polícia, que tem ordens para não atirar, e mantido a ocupação de prédios públicos, que em seguida são saqueados e incendiados.



Evo Morales culpou o embaixador norte-americano no país, Philip Goldberg, pela escalada dos protestos e declarou-o persona non grata. ''O embaixador dos EUA está conspirando contra a democracia e quer que a Bolívia se esfacele'', afirmou Morales, primeiro presidente boliviano de origem indígena, que elegeu-se em 2005 com 53,3% dos votos.



Da redação, com agências