Depois de deputados, vereadores já falam em “recesso branco”

Queda nas sessões e esvaziamento da Câmara Municipal fazem vereadores proporem recesso branco até o dia das eleições, assim como aconteceu na Assembléia

Pela terceira vez desde que se reiniciaram os trabalhos legislativos na Câmara Municipal, neste segundo semestre, a sessão caiu ontem por falta de quorum. Ontem, no momento de votação da ordem do dia, apenas 18 vereadores registraram presença, quando seriam necessários 21. O término antecipado da sessão fez alguns vereadores se exaltarem, exigindo medidas enérgicas da Mesa Diretora para que o esvaziamento das sessões cesse. Quando a sessão não cai, normalmente atinge apenas o número mínimo de vereadores para dar continuidade ao expediente normal. Para contornar de vez a situação, alguns chegaram a propor “recesso branco” durante essas últimas semanas que antecedem as eleições, assim como ocorreu na Assembléia Legislativa. Outros cobram o corte no salário dos faltosos.


 


O vereador José Carlos (PPS) é um dos que defendem a paralisação da Câmara até o dia 5 de outubro. “Eu prefiro que se busque um diálogo com a Mesa Diretora para se chegar a um consenso, assim como fez a Assembléia, porque está ficando vergonhoso para a Câmara essa ausência dos colegas”, reclama. Outro que defende a adoção do recesso branco é o vereador Idalmir Feitosa (PSDB), que já vem acumulando inúmeras faltas desde que o parlamento municipal voltou das férias de julho. Na semana passada, por exemplo, ele não foi a nenhuma sessão, e não tem vergonha alguma em assumir isso. “Fiz muito bem em não vir, porque, se tivesse vindo, teria presenciado uma das coisas mais escabrosas da sociedade que foi o quebra-quebra que houve aqui na Câmara (na última quinta-feira). Poderiam ter quebrado o meu carro, então o que eu ganharia com isso? Fui iluminado por Deus de não ter pisado aqui”, confessa o vereador. O tucano defende ainda que os atuais vereadores tenham as mesmas condições de concorrência que os demais candidatos que não possuem mandato. “Fica todo mundo aí atrás de voto e eu preso aqui, cerceado dessa legitimidade de concorrência. Isso é desleal. Eu quero renovar o meu mandato”, alega. A instalação do “recesso branco” seria a solução para essa questão.


 


Outros parlamentares, no entanto, não vêem com bons olhos a sugestão, como é o caso do vereador Helder Couto (PSL). “O vereador é pago pra trabalhar. Se eu estou conciliando uma coisa com a outra, porque eles também não podem conciliar?”, indagou. Ele chega a propor o corte no salário daqueles que extrapolam as três faltas permitidas pelo regimento interno. “Vereador é igual a funcionário comum. O presidente Tin Gomes (PHS) deveria dizer que vai acochar e cortar os subsídios dos vereadores”, defende.


 


Para o 1º vice-presidente da Câmara, José do Carmo (PSL), melhor que o “recesso branco” ou o corte da remuneração é o diálogo. “Será feita uma reunião com vereadores para garantir o quorum da sessão e a votação das matérias que são de interesse da população”. E acrescentou: “Sou contrário a punições, porque elas criam revoltas”.