Inaugurada em Fortaleza a primeira UTI neonatal municipal
Em clima eleitoral, foi inaugurada a primeira UTI neonatal da rede municipal de saúde, no Gonzaguinha de Messejana. O hospital recebeu dez leitos
Publicado 17/09/2008 09:22 | Editado 04/03/2020 16:36
Os bebês que nascem prematuros ou com a necessidade de acompanhamento mais intenso em Fortaleza enfrentam a superlotação na Maternidade Escola Assis Chateaubriand e na maternidade do Hospital Geral César Cals, que trabalham geralmente no limite. Para tentar aliviar esse quadro, foi inaugurada ontem a primeira Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal da rede municipal de saúde, no Gonzaguinha de Messejana. O hospital recebeu dez leitos em um espaço caracterizado para humanizar o acolhimento. No evento, sobraram elogios à gestão da prefeita Luizianne Lins e não faltaram menções à reeleição da candidata.
Ontem, dois bebês estavam aguardando por um leito de UTI. Conforme o secretário da saúde do Município, Odorico Monteiro, que comandou o evento, essa fila deve ser zerada hoje com a inauguração dos dez novos leitos. “É uma situação muito sazonal. O ideal é que não houvesse superlotação, quando isso acontece, aumenta o risco de infecção”. Além dos dez leitos da nova UTI, o Gonzaguinha de Messejana recebeu também mais cinco leitos de médio risco. Antes eram dez. “Essa ação vem fortalecer a assistência humanizada e de qualidade prestada aos recém-nascidos”, ressaltou o secretário. São mais de 60 profissionais de saúde.
A nova mamãe Vanessa Pereira se surpreendeu com a infra-estrutura do hospital. “Eu realmente não esperava. Minha filha nasceu pequenininha, não desenvolveu muito, mas está sendo muito bem tratada”, relatou a operadora de caixa, que deu à luz a Angelina no último dia 7 de setembro. Vanessa ficou internada em um dos leitos de médio risco até ontem, quando recebeu alta e pode ir para casa com a mãe. Segundo Odorico Monteiro, são encaminhados para a UTI neonatal os fetos que nascem com 25 semanas de gestação, as crianças prematuras e que apresentam desconforto respiratório.
A diretora da Maternidade Escola, Zenilda Bruno, destaca que muitas vezes o hospital chega a abrigar 29 ou 30 crianças na UTI que suporta apenas 21. Ontem, a maternidade estava com 22 bebês internados. “A gente considera uma superlotação quando passa de 23. Mas essa é uma época do ano tranqüila. Os meses de março e dezembro são mais complicados, é quando há mais superlotação. E esse quadro aumenta o risco de infecção”, afirmou. Para ela, a inauguração dos dez novos leitos é muito importante para a cidade. “Vai nos ajudar muito. Fortaleza estava precisando”, completa.
Segundo a SMS, o Ministério da Saúde recomenda que a Região Metropolitana de Fortaleza tenha de 52 a 129 leitos de UTI neonatal. Com os dez leitos do Gonzaguinha de Messejana, já são 141, sendo 105 do Sistema Único de Saúde (SUS). O grande objetivo dos leitos, conforme Odorico Monteiro, é conseguir reduzir ainda mais as mortalidades materna e infantil. De acordo com o secretário, a mortalidade materna foi reduzida de 70 por 100 mil nascidos vivos, em 2004, para 23 por 100 mil nascidos vivos, em 2007. E a infantil, de 18 por mil nascidos vivos para 15 mil nascidos vivos. “Temos que melhorar muito ainda”, confessou.
E-Mais
O valor do investimento foi de R$ 646.615,40. “Foi tudo muito bem trabalhado. Quando fizemos o orçamento, dava mais de R$ 800 mil. Conseguimos economizar e ainda compramos só equipamentos de ponta”, ressaltou Messias Barbosa, coordenador de gestão hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
O Gonzaguinha de Messejana foi escolhido para ser o primeiro a ter uma unidade de UTI neonatal por ser considerado um hospital estratégico. “É o maior hospital regional da cidade, tem bom acesso e já tinha serviço de obstetrícia”, apontou o secretário.
No restante dos hospitais distritais, só há leitos de médio risco. São 23, além dos 15 do Gonzaguinha de Messejana, distribuídos entre o Gonzaguinha do José Walter, 8, Hospital Nossa Senhora da Conceição, 8, e Gonzaguinha da Barra do Ceará, 7.
Boa estrutura
A dona-de-casa Alcione de Brito teve seu primeiro filho, Alyf, no último dia 9 de setembro. Por ter nascido prematuro, ele teve de ser internado no leito de médio risco. “Ele precisou ficar tomando banho de luz”. Questionada sobre o atendimento e a infra-estrutura do Gonzaguinha de Messejana, ela reclamou. “Não gostei do jeito que alguns profissionais me trataram. Elas não tiveram paciência comigo, que sou mãe pela primeira vez e não sei fazer determinadas coisas. Da estrutura eu gostei, realmente não sabia que tinha todo esse suporte pra gente e pros nossos bebês”.