Messias Pontes  – Uma incrível inversão de valores

Juvenal era um boêmio que adorava as noites da bucólica Praia de Iracema, a mais famosa de Fortaleza. Filho de um “esperto” coronel do interior cearense veio para a Capital cursar Medicina Veterinária para fazer a vontade do pai que o queria de volta ao t

Acontece que Juvenal não passara no vestibular, mas mandava dizer para o pai que precisava sempre de mais dinheiro, pois os livros adotados pelos professores da faculdade eram muito caros. Depois de cinco anos, Juvenal retorna à fazenda do pai e é recebido com festa e com muita ansiedade pela família, principalmente para salvar a “Pintada”, a mais famosa vaca leiteira da região.



Tão logo chegou à casa grande da fazenda, o velho coronel pediu-lhe que fosse direto para o curral, pois queria que os fazendeiros vizinhos fossem testemunhas da competência do filho que, certamente, iria diagnosticar a doença da “Pintada” e curá-la. Juvenal insistiu para fazer isto depois, mas o pai disse que ele não podia fazer uma desfeita dessa, até porque os peões e os vizinhos o esperavam ao lado da vaca.
Ao chegar ao curral, Juvenal viu a vaca deitada, se contorcendo de dores. Mandou que os vaqueiros levantassem a “Pintada” e a segurassem com firmeza. Levantou o rabo da vaca e mandou o pai abrir a boca da bichinha e perguntou: “pai, o senhor está me vendo?” O velho respondeu que não. Então o falso veterinário deu o tão esperado diagnóstico: “com certeza é nó na tripa”. O velho coronel tomou aquele diagnóstico como verdadeiro e mandou embora o capataz e os demais peões que duvidaram do diagnóstico do falso veterinário. Porém a verdade não tardou a aparecer e o velho coronel deserdou o filho e chamou de volta o capataz e os peões que mandara embora.



Qualquer semelhança do Juvenal com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, (não) é mera coincidência. Para agradar ao amigo-irmão Daniel Dantas, o emplumado Jobim, com toda a empáfia que lhe é peculiar, e com a farda de campanha, foi para outro “curral” diagnosticar para o chefe que a doença da República era a “grampolândia”, e que a causa era a irresponsabilidade da Agência Brasileira de Inteligência – ABIN. Portanto a cura se daria com a demissão do seu diretor-geral, Paulo Lacerda, e dos demais membros da cúpula da Agência.



 Acreditando no pupilo que se formou na mesma faculdade do Juvenal, o pai (Lula) não se fez de rogado e mandou embora o capataz e os peões da “fazenda” Abin que tiveram a ousadia de contestar o diagnóstico do emplumado ministro. Contudo a verdade apareceu tão rápida como a celeridade do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, em soltar bandido brando e rico.



Nelson Jobim acredita tanto na panfletária revista Veja quanto que a doença da “Pintada” era nó na tripa. Por isso afirmou com veemência que foi o delegado Paulo Lacerda quem ordenou grampear o telefone do presidente do STF, pois a ABIN, juntamente com o Exército, comprou aparelho de grampear telefones. Acontece que o aparelho comprado – o Oscor 5000 – serve apenas para fazer varreduras.  A máscara do amigo-irmão de Daniel Dantas caiu e ele não sabe onde botar a cara.



O que a Nação espera é que o chefe do Ministro da Defesa tenha a humildade do velho coronel cearense, ou seja, deserde o pupilo que, pelo cargo que exerce, tem a obrigação de saber mas não sabe distinguir um aparelho de grampear de um que apenas faz varreduras de grampos, e chame Paulo Lacerda de volta para onde nunca deveria ter saído. O delegado Protógenes Queiroz também precisa retornar ao comando da Operação Satiagraha para provar que Daniel Dantas é o mais famoso bandido do País. Isto com liberdade e com as condições necessárias para executar o seu mister, com uma equipe de sua confiança.



O que a Nação não aceita é essa incrível inversão de valores com os heróis sendo transformados em vilões. Além do mais não existe prova nenhuma de que o ministro que gosta de soltar bandido branco e rico foi grampeado a mando da Abin. Acredito até que esse grampo não passa de uma grande armação comandada pelo megaguabiru, com a conivência de Gilmar Mendes e do próprio senador Demóstenes Torres, do DEMO de Goiás, e com o irrestrito apoio da grande mídia conservadora, venal e golpista.


 



Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/Ce