São Luís: apoio do PDT a Castelo foi equívoco, diz prefeito

Tadeu Palácio está a 16 anos no PDT, onde ingressou após uma breve passagem pelo PMN. Desde então, diz que sempre trabalhou por seu partido e “nunca usou máscaras”. Para o atual prefeito de São Luís – que se reelegeu no primeiro turno de 2004 derrotando o

PDT: o contexto da divisão
“Durante nossa gestão à frente da prefeitura, não tivemos nenhum envolvimento com escândalo, nem com o meu nome, nem com o de nenhum dos meus secretários. Pelos resultados de nossa administração, tomamos a decisão de sairmos com um candidato. O PDT fechou questão entendendo que deveríamos ter um nome. Quando chegou o momento da decisão, começaram a surgir tendências diferentes daquelas que eram propagadas pelo nosso partido. Resolvemos manter nossa história e nossa posição de tirar da administração municipal o nosso candidato, mesmo que alguns segmentos do partido externassem – alguns de forma declarada, outros de forma indireta – o apoio ao candidato João Castelo. Surgiram no PDT umas quatro candidaturas. E eu lutava muito para que a convenção existisse não com o espírito de disputa, mas com o de homologação de um nome saído de um consenso e para que pudéssemos reunir todas as forças políticas e seguir a orientação dada por nossa militância, pelas pessoas que fazem o nosso partido. Isso não foi possível e então fomos para a convenção com dois candidatos: Clodomir Paz, apoiado por mim, e o ex-secretário de Educação do município durante minha gestão, Moacir Feitosa, apoiado pelo governador Jackson Lago. A convenção foi muito dura. Ganhei por dois votos. A partir daí, se acirrou a disputa eleitoral. De um lado, havia o prefeito com um candidato do PDT, vindo por determinação e pelo grito do partido; do outro lado estava o candidato João Castelo, que vários segmentos do nosso partido e aliados do governo do estado apoiavam de forma ostensiva”.


 


 


A ilusão do primeiro turno
“Fomos para a eleição e a bandeira amarela era segurada pelo PSDB e por alguns membros do PDT crentes que ganhariam no primeiro turno. Clodomir Paz ficou em terceiro lugar e Flávio foi para o segundo turno, ou seja, o candidato deles não ganhou. Meu projeto político era apoiar o candidato do meu partido porque ao contrário de muitos, nunca traí o PDT. Então, tomamos a decisão de apoiar Flávio Dino. Primeiro, pela identidade. Segundo, pelo entendimento da sua capacidade administrativa. Ele tem uma história que o credencia a ser um grande prefeito. Seu passado, o apoio do PT e do presidente da República são fatores que certamente irão contribuir para dar a Flávio Dino condições para desenvolver um trabalho grande em nossa cidade, assim como nós mesmos procuramos fazer”.


 


 


Equívoco do PDT
“Durante a campanha, o nosso adversário deveria ser o candidato tucano. Porém, esse adversário, João Castelo, tornou-se o candidato do meu partido. Vimos alguns programas em que o ex-candidato Clodomir Paz (PDT) fazia propaganda, enaltecendo a capacidade administrativa do candidato tucano. Logo ele que de forma contundente o combateu tanto no primeiro turno. Ao mesmo tempo, tentava desmerecer a candidatura de Flávio Dino. Sou um homem que, seja como médico, seja como político, procura ter uma marca: coerência. Não tenho dúvida de que o maior equívoco que o PDT cometeu, procurando contaminar todos os segmentos do partido, foi seguir essa candidatura tucana. No momento em que o candidato do meu partido não foi para o segundo turno, eu teria de seguir um rumo que tivesse sintonia com aquilo que eu pregava. E sou aliado da candidatura de Lula, vou defender com todas as forças a bandeira do candidato do presidente. Eu não sei quantos estarão com essa bandeira nas mãos daqui a dois anos, mas a minha já está pronta para ser hasteada. O presidente Lula é um homem que não tinha nenhum título e que, assim como Flávio Dino, ainda não havia sido testado do ponto de vista da administração pública. E de repente, despontou como o maior presidente que nosso país já teve. É em gente dessa natureza que eu acredito e por isso apóio Flávio. Tenho certeza de que ele fará um grande trabalho”.


 


 


Convicção em Flávio Dino
“Mesmo que eu tivesse de optar entre a experiência de um e a inexperiência de outro, pelo que conheço da experiência de João Castelo, preferia escolher a suposta inexperiência de Flávio Dino porque a história dele o credencia a ser prefeito. Vou com ele até o último momento não por uma questão de disputa política, mas pela convicção de que ele, assim como eu, terá um respeito muito grande pela população e amor por nossa terra. É muito difícil um prefeito que está saindo dizer o que eu tenho dito em vários locais: tenho certeza de que Flávio Dino será o maior prefeito que essa cidade já teve. Eu não desejo isso para ele. Eu espero por isso. Porque a partir do dia 1º de janeiro de 2009, serei apenas mais um cidadão e vou estar torcendo para que ele seja um prefeito melhor do que eu”.


 


 


Trajetória reprovada
“A história de Castelo não pode ser aplaudida. Ele se fixa no fato de ter sido governador – não eleito, mas nomeado pelos militares – num momento em que havia muitos recursos financeiros no Brasil inteiro e ele teve como fazer algumas obras. Mas eu mesmo, se estivesse no lugar dele quando ele foi governador, teria feito muito mais. Se Flávio tivesse sido governador nas condições em que Castelo, seria melhor do que ele. Das outras vezes em que Castelo pôde demonstrar sua capacidade de gerenciamento, não deu certo. Quando foi prefeito de forma indireta por meio de sua esposa (Gardênia Gonçalves), tudo de pior aconteceu a São Luis: demissões, caos na saúde, sujeira etc. Por tudo isso, digo que o perfil do Flávio não pode ser comparado com o de seu oponente porque são pessoas completamente diferentes”.


 


 


Clima no PDT
“O clima no PDT hoje é muito ruim. Não posso aceitar que o meu partido tenha assumido uma posição de neutralidade, de deixar a militância sem uma orientação clara. O partido está sendo guiado para um lado que não quer ir. Acho que as pessoas dissimuladas não merecem respeito de ninguém. Nunca em minha vida pública usei uma máscara, nunca me escondi e sempre tomei posições claras. Não posso aplaudir algo que eu veja que está errado. Eu tenho uma bússola e ela é a da retidão, do acerto. Mas, ainda não pensei em sair do partido. Acho que a gente tem que ter humildade e questionar se de fato nossa posição está certa. Para saber se uma conta está correta, precisamos tirar a prova dos nove e aí sim saberemos quem fez a conta certa”.


 


 


Com Lula e Dino em 2010
“Em 2010, vou estar com o presidente Luis Inácio Lula da Silva, como estou agora. Faço parte de um grupo que quer independência, que não quer ficar no mundo como uma pluma flutuante à mercê do vento que pode soprar para norte, sul, leste ou oeste. Não tenho nenhum projeto político. Não pretendo me candidatar a nada. Mas tenho um sonho: que Flávio Dino seja um bom prefeito de São Luís e se ele se candidatar à reeleição, estarei ao lado dele. Se tivermos um prefeito que não responda às nossas expectativas, estarei, com toda certeza, concorrendo novamente ao cargo de prefeito”.


 


 


Manipulação das pesquisas
“Não ‘acho’ que teve manipulação. Eu tenho certeza absoluta. Tanto é verdade que se formos fazer uma análise das últimas pesquisas que aconteceram no Maranhão, todas, em maior ou menor grau, tiveram algum tipo de equívoco. As forças políticas e econômicas estão voltadas para João Castelo. É uma briga entre a rocha e o mar, mas tenho certeza de que nossa Ilha Rebelde vai despertar para o sentimento,  não para uma disputa entre o time A e o time B, mas entre o melhor e o pior futuro da cidade. E Flávio Dino é o melhor. Os institutos não transcrevem aquilo que é o sentimento real da cidade”.


 


 



De São Luís,
Priscila Lobregatte