Mesmo com apoio de Serra, PSDB é derrotado em Bauru
O vereador Rodrigo Agostinho, do PMDB, foi escolhido prefeito de Bauru, no interior de São Paulo, ao derrotar o tucano Caio Coube no 2º turno das eleições municipais. Agostinho havia sido o segundo mais votado no pleito do dia 5 de outubro, mas superou
Publicado 26/10/2008 19:38
Os tucanos, com o apoio pesado do governador José Serra, davam como certa a vitória do partido no segundo turno em Bauru. Importante pólo regional, com 233.653 eleitores, a cidade “sem limites”, como é chamada, tem um orçamento para 2009 previsto em R$ 349 milhões, mas uma dívida acumulada de R$ 221 milhões. A dívida consome mais de R$ 40 milhões por ano somente para amortizar e manter parcelamentos em dia, herança da irresponsabilidade dos governos da década de 90 até 2004.
A prefeitura tem frota sucateada, não oferece à população o suporte para serviços de manutenção em seis das antigas Administrações Regionais (Sear), mantém uma usina de asfalto velha, tem 3.500 ruas sem pavimento e outros 70% de 10.000 quadras com asfalto vencido, não dispõe de médicos suficientes para atender à demanda nas unidades básicas, não resolveu a paralisação dos serviços em três pronto-socorros de bairros e acumula um estoque de demandas em diferentes áreas.
Com uma situação assim, era de se esperar que Caio Coube (PSDB) um empresário, executivo de gestão industrial e ex-dirigente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), tivesse o “perfil” mais adequado para ganhar a eleição. Mas os bauruenses preferiram apostar no jovem advogado e ambientalista Rodrigo Agostinho (PMDB), 30 anos, que com o apoio dos principais partidos de esquerda da cidade: PT, PSB e PCdoB, além do PR, derrotou o caciquismo político e elitista do tucanato.
A eleição mostrou o tucano tentando conquistar votos nas classes D e E, mais periféricas, para reequilibrar a disputa. Caio manteve durante a campanha vantagem entre os eleitores com maior poder aquisitivo e escolaridade, mas com menor aceitação entre os mais pobres e jovens entre 16 e 26 anos, que foram decisivos para a vitória de Agostinho.
Agostinho, que ficou em segundo lugar no primeiro turno, avançou na segunda fase e acabou vencendo com 97.288 votos (54,3%). Seu adversário, o tucano Caio Coube, recebeu 81.896 votos (45,7%).
Ex-secretário do Meio Ambiente e vereador, Agostinho será um dos prefeitos mais jovens do Brasil. Ele aposta em uma ampla aliança política e no apoio do governo federal para buscar recursos para recuperar as finanças e a situação administrativa e social da cidade.
O vencedor nas urnas vai demarcar o encerramento de um ciclo de revezamento na principal cadeira do Palácio das Cerejeiras entre políticos tradicionais como Tidei de Lima, Antonio Izzo Filho e Tuga Angerami nos últimos 20 anos, situação que só foi interrompida pelo governo de Nilson Costa, após a cassação de Izzo Filho, em agosto de 1998.
Em entrevista à imprensa local logo após a confirmação de sua vitória, Agostinho disse que ainda não tem definido os nomes que vão compor seu secretariado durante sua gestão. “Nomeados, só temos o prefeito e a vice (Eslela Almagro, do PT)”, brincou.
Agostinho também disse que pretende começar o processo de transição ainda esta semana, já que tem pressa de ficar a par da real situação da prefeitura.
Ele agradeceu aos eleitores que depositaram confiança em sua candidatura e disse que um dos diferenciais de sua campanha foi o corpo-a-corpo em praticamente todos os bairros de Bauru. “A campanha fez com que eu pudesse ter uma dimensão melhor dos problemas da cidade, inclusive da localização da maioria deles”, comentou.
Da redação,
com agências