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Em cadeia nacional, Lula reitera confiança na economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pedir nesta segunda-feira (22), em pronunciamento à Nação, que o brasileiro compre para que a ''roda da economia'' continue ''girando'' diante da crise financeira mundial. Outro pedido é para o setor finance

Para estimular a população, o presidente explicou que, ao consumir, o cidadão garante a produção da indústria, as vendas no comércio e a manutenção de empregos. Segundo Lula, o governo tem feito sua parte para evitar os efeitos da crise e cabe ao brasileiro também ajudar.



''E você, meu amigo e minha amiga, não tenha medo de consumir com responsabilidade. Se você está com dívidas, procure antes equilibrar seu orçamento. Mas se tem um dinheirinho no bolso ou recebeu o 13º e está querendo comprar uma geladeira, um fogão ou trocar de carro, não frustre seu sonho com medo do futuro'', disse Lula, em pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão.



''Quando você e sua família compram um bem, não estão só realizando um sonho. Estão também contribuindo para manter a roda da economia girando. E isso é bom para todos'', acrescentou. Lula fez ainda apelo para os empresários seguirem investindo, os trabalhadores defenderem os postos de trabalho e ao setor financeiro que reduza os juros ''que estão muito altos''.


 


Veja a seguir, a integra do pronunciamento:


 



“Minhas amigas e meus amigos,


Esta noite quero conversar com vocês sobre a crise econômica mundial.
É uma crise muito diferente das anteriores. Não surgiu num país emergente ou na periferia do sistema. Ao contrário, nasceu e explodiu no coração do mundo desenvolvido. Mais precisamente, nos Estados Unidos e na Europa.


Esta crise, que afeta todo o mundo, foi provocada pela falta de controle do sistema financeiro nos países mais ricos. Em vez de cumprirem seu papel na economia, financiando o setor produtivo, os bancos viraram um grande cassino.A jogatina foi longe, mas, um dia, a conta chegou. Bancos quebraram, um grande número de empresas entrou em dificuldades e milhões de trabalhadores perderam suas casas ou seus empregos.


Aqui no Brasil não tivemos este tipo de crise. Nosso sistema bancário estava e está saudável. Nossa economia, arrumada e organizada vem crescendo a taxas robustas, as maiores dos últimos 30 anos. Portanto, a crise coincide com nosso melhor momento. É uma pena, mas como estamos muito bem, a situação é menos complicada. Todos concordam que somos um dos países mais preparados para enfrentar este desafio.


Nas crises anteriores, em poucos dias o Brasil quebrava e era obrigado a pedir socorro ao FMI. Desta vez, o Brasil não quebrou, nem vai quebrar. Esta enfrentando a situação de cabeça erguida.
Enquanto a maioria dos países ricos está em recessão, o Brasil vai continua crescendo. É verdade que, com o vento a favor, poderíamos ir mais longe. Mas, mesmo com o vento contra, podemos e vamos seguir progredindo.


Se hoje estamos em melhores condições para enfrentar qualquer crise, é porque soubemos fazer as opções acertadas. É porque aceleramos o crescimento da economia em bases consistentes. E crescemos distribuindo renda e reduzindo as desigualdades entre as regiões.


Em primeiro lugar, mantivemos a inflação sobre contro le. Quando assumi o governo, a inflação estava acima de 9% . Foi declinando ano a ano. Em 2008, mesmo com a explosão dos preços internacionais, ela vai ficar dentro da meta.Também diminuímos a dívida pública. Em 2003, ela representava 52% do PIB. Foi caindo e este ano deve ficar em 36%.


Além disso, diversificamos nossas exportações. Viajei pelo mundo afora, como um verdadeiro mascate dos nossos produtos. Alguns nos criticaram. Mas hoje, quando os Estados Unidos e a Europa estão no olho do furacão, vemos como foi acertada a decisão de diversificar nossas relações comerciais.


Minhas amigas e meus amigos,


Outra vantagem são as nossas grandes reservas em moeda internacional. Quando assumimos, o Brasil devia muito ao FMI  e ao Clube de Paris. Hoje, não deve um só centavo.
Naquele tempo, nossas reservas em moeda estrangeira eram muito baixas. Hoje chegam a 207 bilhões de dólares. Com isso, deixamos de ser devedores para ser credores internacionais. Uma diferença e tanto. Agora temos um colchão de segurança para nos proteger. Mas nossa maior defesa hoje é a força do mercado interno. Ele fez progressos extraordinários nos últimos anos. Para isso, foram decisivos o Bolsa-Família, a melhoria do salário mínimo e a expansão do emprego.


De 2003 para cá, o salário mínimo cresceu em termos reais, 51% e o emprego também cresceu fortemente.


Em 2007, batemos um recorde: 1 milhão 812 mil novos empregos com carteira assinada. Em 2008, novo recorde: até outubro, 2 milhões 148 mil empregos. Resultado: a taxa de desemprego caiu de 12,3% em 2003 para 7,6% em outubro de 2008.


Nosso desenvolvimento econômico e social fez com que, nos últimos anos, mais de 20 milhões de pessoas entrassem na classe média.


Tudo isso fez a roda da economia girar mais forte e abriu um círculo virtuoso no nosso país. Mudamos de cara e de astral.


Minhas amigas e meus amigos,


Esses avanços estão permitindo ao Brasil enfrentar com firmeza e serenidade o atual momento.
E estamos agindo em todas as frentes desde que a crise começou. Já adotamos medidas para normalizar o crédito, para apoiar nossas empresas exportadoras e para manter a atividade nos setores que geram mais empregos, como as pequenas e médias empresas, a agricultura, a construção civil e a indústria automobilística. Reforçamos o poder de fogo dos bancos estatais e baixamos impostos para que as empresas e os consumidores pudessem ter um pouco mais de dinheiro em caixa e no bolso.


Ao mesmo tempo, o governo manterá todos os investimentos previstos no PAC, e nos programas sociais.  Em hipótese alguma, haverá cortes nos investimentos governamentais. Porque eles são decisivos para o Brasil enfrentar a crise e sair dela mais reforçado.


Minhas amigas e meus amigos,


Quero dizer, com toda a serenidade, que a crise não nos assusta. O país está preparado e tem comando. Seguiremos acompanhando com lupa a situação da economia, 24 horas por dia.  O que tiver que ser feito, será feito. No tempo certo e na dose adequada. E sempre dialogando co m o país.


Mas é fundamental que todos façam sua parte.


É importante que os empresários sigam investindo. É imprescindível que os trabalhadores defendam a produção e o emprego. Já o setor financeiro, deve trabalhar para estimular o crédito e baixar os juros, que estão muito altos.


E você, meu amigo e minha amiga, não tenha medo de consumir com responsabilidade. Se você está com dívidas, procure antes equilibrar seu orçamento. Mas, se tem um dinheirinho no bolso ou recebeu o décimo terceiro, e está querendo comprar uma geladeira, um fogão ou trocar de carro, não frustre seu sonho, com medo do futuro.


Porque se você não comprar, o comércio não vende. E se a loja não vender, não fará novas encomendas à fábrica. E aí a fábrica produzirá menos e, a médio prazo, o seu emprego poderá estar em risco.
Assim, quando você e sua família compram um bem, não estão só realizando um sonho. Estão também contribuindo para manter a roda da economia girando. E isso é bom para todos.


Minhas amigas e meus amigos,


Posso assegurar que o Brasil não só vencerá a crise, como sairá dela mais forte. Temos todas as condições para isso.


Em 2009, vamos começar a explorar as imensas reservas do pré-sal. Com isso, o Brasil passará a ser um dos grandes produtores de petróleo do mundo. Estamos todos no mesmo barco. E se remarmos juntos na mesma direção, venceremos as turbulências e prosseguiremos na rota do crescimento. Só depende de nós.


Um feliz natal para você e para sua família. Que 2009 seja um ano ainda melhor que 2008. Que seja um ano de saúde, de paz e de prosperidade.


Acredite no Brasil porque antes de tudo, você estará acreditando em você. 


Boa noite.”



Fonte: Agência Brasil