Burocracia emperra construção de hospitais no Ceará

A construção de hospitais regionais de urgência e emergência, em Sobral e Juazeiro, ainda não começou. Obras emperram sem a finalização da licitação ou com a ausência de um projeto

A primeira metade do governo Cid Gomes (PSB) termina sem que uma das principais promessas do sobralense seja cumprida. A construção de dois hospitais regionais, em Juazeiro do Norte e Sobral, ainda é uma interrogação no Palácio Iracema. O assunto voltou a ser tratado, ontem, durante o balanço anual da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). A pasta prevê que, caso não haja novos entraves burocráticos, o processo licitatório para as obras do Hospital Regional do Cariri seja concluído em janeiro. O Hospital Regional da Zona Norte, porém, depende ainda da elaboração de um projeto. Ambos estão orçados em quase R$ 120 milhões e, somados, devem oferecer 460 leitos hospitalares.


 


O titular da Sesa, João Ananias, comentou as melhorias na administração da Saúde neste ano. “Avaliamos que avançamos porque conseguimos superar parte da burocracia das licitações”, diz. O secretário citou as obras para reforma e ampliação das unidades estaduais, compra de novos equipamentos e redução de filas. Ananias, no entanto, reconhece que ainda há barreiras no andamento dos processos. A mesma crítica foi feita por Cid Gomes, domingo, em entrevista ao programa Coletiva, da TV O POVO. O chefe do Executivo revelou que há planos no Palácio Iracema para alterar a legislação a fim de dinamizar os processos de concorrência pública.


 


O terreno para o hospital do Cariri é situado no triângulo Crajubar (entre os municípios do Crato, Juazeiro e Barbalha). Conforme o secretário, o terreno está adquirido desde o ano passado e a licitação foi feita em 3 de outubro. As obras emperram em recursos das empresas participantes da licitação. “Qualquer um que se puser na minha situação vai pensar: a população está precisando, o recurso está ‘ouvindo a história’ e a burocracia põe barreiras. Isso é intolerável”, criticou. O prazo para a interposição de novos recursos termina em 5 de janeiro. “Não posso garantir”. Este projeto está orçado em R$ 55 milhões e têm a mesma finalidade do hospital de Sobral. “Atendem à demanda específica da urgência e emergência, umas das maiores carências nossas, que acaba respingando em Fortaleza”, justificou.


 


De acordo ainda com a Sesa, o hospital do Cariri deve estabelecer uma nova realidade para o atendimento na região. “Hoje as emergências são fracionadas. Um (hospital) atende cabeça, o outro, tórax. O paciente tem que ser atendido de forma integral. Você não pode separar o paciente: atende um pedaço aqui, outro acolá”, completou. A unidade deve atender uma área com 1,3 milhão de habitantes. O hospital de Sobral, por sua vez, em torno de 1,6 milhão.


 


João Ananias explica que, hoje, é o último dia para a finalização do projeto do Hospital Regional de Sobral – orçado em R$ 62 milhões. A licitação deve ser aberta, ele reitera, logo em seguida. As obras, em Sobral e Juazeiro, têm previsão de conclusão de 14 meses.


 


E-MAIS


 


O balanço apresentado, ontem, pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) também abordou o projeto para a construção de 20 policlínicas e 16
Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs).


 


Conforme o titular, João Ananias, quatro CEOs já estão com a licitação concluída: Ubajara, Acaraú, Russas e Baturité. A primeira já está em obras. Cada unidade custa em torno de R$ 1 milhão e tem prazo de execução de cinco meses.


 


Quatro policlínicas também já estão licitadas: Baturité, Russas, Pacajus e Tauá.


 


João Ananias ressalta que CEOs e policlínicas vêm a suprir carências do Interior, reduzindo filas e a transferência de pacientes para a Capital ou cidades-pólo.


 


João Ananias informou que, assim que os novos secretários municipais da Saúde assumam, serão convocados a uma reunião para tratar sobre a dengue, na primeira semana de janeiro.


 


A Sesa informa que o orçamento deste ano foi de R$ 1,27 bilhão. A previsão orçamentária para que o ano que vem R$ 1,3 bilhão..