Clima de tensão cerca anúncio de nova taxa de juros selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerra a primeira reunião do ano sob clima de forte tensão. As centrais sindicais programaram para esta quarta-feira (21), manifestações contra os juros altos nas principais capitais do País, no
Publicado 21/01/2009 14:51
Motivados pelo contundente impacto da crise mundial na economia brasileira, que culminou nas mais de 600 mil demissões ocorridas no último mês – e cuja previsão é de que não cessem nesse início de ano – os movimentos sindicais farão muito barulho em torno dos juros altos. Em São Paulo, o ponto final da manifestação dos sindicalistas será a sede do Banco Central, na Avenida Paulista, às 10 horas.
Em Brasília, os manifestantes realizaram o ''Carnaval dos Juros Baixos'', também às 10 horas, em frente à sede do BC. No Rio de Janeiro, a mobilização deve ocorrer, a partir das 16 horas, na Central do Brasil.
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), divulgou nota oficial da entidade, na qual sustenta que uma queda da atual taxa de juros poderia aquecer a economia, dar segurança ao setor produtivo e garantir os empregos num momento de crise global.
A pressão sobre o Copom não parte apenas dos movimentos sindicais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reivindicou redução de um ponto porcentual na taxa Selic. O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu uma ''queda drástica, de 4 a 5 pontos'' porcentuais na taxa básica de juros. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, declarou ''ter certeza'' de que o Copom reduzirá a taxa.
Juros nos bancos públicos
Nesse ambiente de apreensão quanto à nova Selic, o presidente Lula recebe, no Palácio do Planalto, representantes dos bancos públicos federais para conversar sobre as taxas de juros praticadas por essas instituições e os spreads bancários (diferença entre as taxas de captação e as taxas cobradas nos empréstimos). A reclamação dos juros elevados praticados pelas instituições oficiais foi uma das reclamações levadas ao presidente pelos sindicalistas recebidos no Planalto na última segunda-feira (19).
Lula consultará os representantes do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF) sobre a possibilidade de se reduzir os juros cobrados nos empréstimos. O presidente foi informado de que BB e Caixa estariam praticando taxas semelhantes às dos bancos privados em muitas operações. A conversa pode resultar no anúncio, ao final da reunião, de novas tabelas dos dois bancos, com juros menores. A se confirmar essa informação, essas tabelas devem ser divulgadas após o anúncio da nova Selic, que só ocorre no início da noite.
Agência Estado