Em Sergipe, ministro prega progresso para a região
O ministro Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, participou nesta terça-feira, em Aracaju, de uma reunião com o governador Marcelo Déda (PT), secretários de Estado e integrantes do governo federal para discutir sobre a posição de Sergi
Publicado 21/01/2009 20:20 | Editado 04/03/2020 17:20
“O motivo da nossa visita a Sergipe é ampliar as oportunidades para que o povo nordestino possa trabalhar e produzir. Estou convencido de que não há solução para o Brasil sem uma solução para o Nordeste”, afirmou o ministro, minutos antes de discutir o assunto, em reunião reservada com o chefe do Executivo sergipano e seus auxiliares.
Unger ressaltou que esse novo modelo de desenvolvimento tem o objetivo de dinamizar a economia da região. “Desde a época do Celso Furtado (economista e ex-ministro da Cultura do governo Sarney) não há um ideal forte ao desenvolvimento nordestino”, disse, ressaltando que a ideia é criar um novo modelo de agricultura, com roupagem industrial e que ajude a vigorar a classe média rural.
Outro intento, afirmou o ministro, é melhorar o sistema educacional, fortalecendo a escola média e inserindo cursos técnicos. E também evoluir os programas de transferência de renda, que, no seu entendimento, têm papel fundamental no Nordeste. Ele disse que já visitou praticamente todo o Nordeste, além de outras regiões do país onde tem conhecido a realidade de cada um e ouvido os integrantes dos governos e da sociedade organizada.
Mangabeira observou que nas visitas tem provocado a discussão e compartilhado idéias sobre essa possibilidade de colocar o Nordeste em outro patamar no novo cenário brasileiro. “Idéias, quando reforçadas por uma lógica de co-autoria dentro do governo e da sociedade, constituem o primeiro requisito para mudar o país”, declarou o ministro, observando que o Nordeste possui um papel central e vanguardista dentro do novo modelo de desenvolvimento buscado para o Brasil, com mais oportunidades para aprender, trabalhar e produzir.
“NE é uma parcela da solução do problema”
Ao tratar sobre o novo modelo para o Nordeste dentro do cenário nacional com o ministro Roberto Mangabeira Unger, o governador Marcelo Déda (PT) disse não ter dúvida de que “o Nordeste hoje é uma parcela da solução do problema brasileiro”. Em reunião no terceiro andar do Palácio dos Despachos, ele afirmou que “com o diálogo as ideias que estamos reproduzindo para o Estado junto com as ideias que estão sendo recebidas pelo governo federal, nós construiremos pontes sólidas para o desenvolvimento do Nordeste de modo que a solução nordestina não seja uma visão de quem está precisando de um favor”.
Segundo o governador, a visita de Mangabeira viabiliza uma integração entre o trabalho realizado no Estado com o resto do país. “Uma integração do que nossa equipe está fazendo, especialmente na área de planejamento do futuro de nosso Estado e aquilo que está se pensando para o Brasil”, disse, acrescentando que na conversa preliminar que manteve com o ministro percebeu uma séria de “coincidências, não apenas com aquilo que ele vê como perspectiva de futuro para o Nordeste, mas como aquilo que percebemos como primeiros passos, como, por exemplo, um planejamento que leve em conta um modelo diferente de desenvolvimento para o Estado de Sergipe”.
Um modelo, destacou Marcelo Déda, “que não reproduza os equívocos do crescimento do país, mas que possa inovar privilegiando sobretudo uma integração com a pequena e média empresa, a valorização da agricultura familiar, um projeto de educação que forme o cidadão, mas que o capacite para o trabalho”. Na conversa com Unger, Déda discutiu o papel de Sergipe no novo modelo de desenvolvimento do Brasil, baseado na ampliação de oportunidades econômicas e educativas.
“A reunião girou em torno de cinco eixos centrais para o desenvolvimento da região Nordeste: agricultura, fortalecimento das micro e pequenas empresas, educação, políticas de transferência de renda e infraestrutura”, informou o governador, adiantando que o objetivo é provocar a discussão e compartilhar idéias. “O Nordeste possui um papel central e vanguardista neste novo modelo de desenvolvimento que estamos buscando. Precisamos mostrar que o nordestino não é alguém que precisa de socorro”.
“O Nordeste é a China brasileira”
“O Nordeste é a China brasileira. Pode ser visto no mau e no bom sentido. No mau sentido seria por ser visto como fonte de mão de obra barata, e no bom sentido por ter potencial para se transformar num engenho de qualificação da mão de obra nacional”. A frase é do ministro de Assuntos Estratégicos do governo Lula, Roberto Mangabeira Unger, que participou do almoço com os membros do Fórum Empresarial de Sergipe, na tarde desta segunda-feira no Hotel Aquários.
O ministro está fazendo uma caravana pelo Nordeste apresentando e discutindo com os governantes e sociedade civil organizada o novo modelo de desenvolvimento para futuro do Brasil, baseado em ampliação de oportunidades para aprender, trabalhar e produzir. Nesta proposta, o ministro Mangabeira defende a organização de um novo modelo de agricultura irrigada, a construção institucional, por meio do Estado, de um modelo industrial baseado em redes de pequenas e médias empresas.
Também faz parte do programa de desenvolvimento apresentado há menos de um ano para o final do governo Lula, a discussão de um novo modelo de Ensino Médio capaz de integrar o ensino geral e o técnico-profissional, a construção de novos passos das políticas sociais de transferência de renda, baseados na capacitação e na ampliação de oportunidades. O ministro também defende projetos estruturantes que não enxerguem as grandes obras de infraestrutura e indústria com fins em si mesmas, mas que percebam vocações locais para o desenvolvimento da região dentro de uma estratégia nacional.
A expectativa do ministro é que o Nordeste seja o grande laboratório para começar a construir o modelo de desenvolvimento que o Brasil está buscando. “Sergipe terá um papel fundamental no projeto, porque tem um papel específico na conjuntura nacional, uma vez que é o Estado com melhor Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – do Nordeste, e tem outros índices significantes para o pontapé inicial deste programa de desenvolvimento econômico nacional”, defende Mangabeira Unger.
Na avaliação do coordenador do Fórum Empresarial de Sergipe, engenheiro Aroldo Franca, a visita do ministro trouxe incentivo para os empresários sergipanos que torcem pelo sucesso do novo programa de desenvolvimento. “Sempre leio os artigos divulgados com a opinião do ministro e concordo que o modelo de desenvolvimento pode ser modificado. Esperamos que o Nordeste, e principalmente Sergipe, aponte resultados positivos com estas novas políticas sociais que visam congregar o desenvolvimento econômico com o social”, opina.
Fonte: Jornal da Cidade.