PT reage à perda de espaço para tucanos na Prefeitura de BH

A perda de espaço e força política na Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte está gerando muita insatisfação entre os petistas da capital.
O desgaste ocorre principalmente em função da perda de espaço para o
PSDB, rival histórico da legenda, e pela for

O problema é que, apesar de o PT ter ficado com cerca de 70% do núcleo do primeiro escalão da administração, alguns secretários perderam força. As baixas vão ocorrer também pela nova forma de composição das regionais. Antes, cabia ao PT entre 20 e 25 gerentes em cada uma delas. O acerto feito com os partidos desta vez foi entregar as secretarias com a porteira fechada, dando liberdade aos dirigentes para compor a equipe com quadros de sua confiança, o que vai prejudicar as indicações das bases do partido. Neste caso, o temor de alguns é o enfraquecimento da legenda, tendo em vista que, além dos espaços políticos, haverá perdas na contribuição partidária, que gera recursos por meio dos salários dos filiados.

Para uma fonte petista ligada ao ex-prefeito Fernando Pimentel, um dos articuladores da aliança, o PT foi enganado. “Nós ganhamos, mas não levamos a eleição. Os petistas estão se sentindo abandonados e o partido está à revelia”, afirmou. Uma queixa das bases, segundo conta, seria a forma como foram feitas as indicações, negociadas pelo vice-prefeito Roberto Carvalho e os deputados federais Miguel Correia Júnior e Virgílio Guimarães. “O partido não foi levado em conta, só o interesse dos caciques que estavam negociando.”

Reclamação

Integrante da Executiva do PT, o deputado estadual Carlos Gomes diz não ter participado das negociações por não ter sido chamado. “Acho que o PT está perdendo espaço, e muito. Pode ser que as pessoas que estão organizando essa montagem me mostrem o contrário. Mas o PSDB volta à prefeitura de maneira forte através dessa injunção”, disse. Para o parlamentar, o partido perde espaço não apenas na administração. “O PT perdeu como partido, agora é uma legenda que tem que se organizar de novo em BH”, disse.

Para o colega de bancada, deputado Adelmo Carneiro Leão, a perda da pasta da Saúde, que ficou com o indicado do PSDB, Marcelo Teixeira, foi significativa. “Historicamente o PT tem atuado na política de saúde e há uma restrição em um espaço que é importante para nós. A preocupação é que o PSDB, ao ocupar a Secretaria de Saúde, estaria subtraindo do PT um espaço que sempre trabalhamos de forma positiva”, disse. De acordo com o parlamentar, a insatisfação é geral no campo da articulação, da qual fazem parte os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência). “O sentimento é de perda, a preocupação é que o PT está perdendo não só na área, mas a natureza do espaço que está sendo perdido”, reforçou.

O presidente do PT municipal, Aluísio Marques, admitiu a redução dos espaços, mas afirmou que o partido foi contemplado. “O PT tem uma participação razoável no governo, nós temos gente em todas as políticas importantes e temos consciência de que este é um governo de composição, como era o anterior”, disse. De acordo com ele, na segunda gestão de Fernando Pimentel, o PT começou com apenas duas regionais, aumentando para três. Aluísio disse que o processo de negociação dos espaços é natural no partido, que sempre delega a condução a um grupo de pessoas, “às vezes até menor do que esse”. Segundo ele, houve diálogo e ninguém se manifestou contra ou fez outra proposta ao que foi feito. “De qualquer maneira acho muito razoável e se tiver alguma crítica essa análise será feita”, disse.

Por Juliana Cipriani, publicado no jornal  Estado de Minas, de 21/01/2009