Raimundo Pereira debate democratização da comunicação na 6ª Bienal da UNE

Como parte das discussões políticas, a 6ª Bienal de Cultura da UNE realizou na tarde desta quinta-feira (22/1) uma nova rodada de debates sobre acesso à cultura, educação, saúde e informação. A democratização dos meios de comunicações foi um dos temas abo

Também participaram Sinval Pereira da Intervozes, Sara Cordeiro, da Cipó – Comunicação Interativa; Sinval Pereira, da Intervozes e Josué Lopes, da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária. A platéia também deu contribuições relevantes para a discussão do tema, que é de grande importância para o país


 


Da marginalidade da população do Subúrbio Ferroviário, em Salvador, à cobertura da posse de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos da América, os palestrantes demonstraram a poder dos meios de comunicação de massa em criar vilões e heróis, ao sabor de seus interesses e valores. Defenderam ainda a necessidade de ampliar não apenas o acesso à informação, mas acima de tudo, o acesso aos meios de produção do que é veiculado na tv, rádio e jornais.


 


“Democratizar não é ampliar o acesso a aparelhos de tv e computadores, não é lutar contra a censuro do que é publicado, embora estes sejam pontos importantes. O principal desafio para a democratização é a existência de uma imprensa  engajada, atrelada às necessidades das classes populares e disposta a brigar pela construção de uma nova democracia. Assim, teremos nos jornais impressos, revistas, tvs e rádios uma visão mais democrática do povo brasileiro e não apenas a visão de alguns”, ressaltou o jornalista Raimundo Pereira.


 


Sinval Pereira, da Intervozes, defendeu a construção de um plano nacional de comunicação, que inclua a implantação de uma rede brasileira de comunicação pública, com rádios, emissoras de televisão e jornais públicos. “Este modelo já é adotado com sucesso em outros países, como o Japão, onde a tv pública é a que possui maior audiência e prestígio. No Brasil, estamos reféns de uma tv comercial, de propriedade de oligopólios econômicos e políticos e que, por isso mesmo, tem todo o interesse de manter o status quo. Precisamos mudar isso, pois os meios de comunicação constroem realidades e visões do mundo. E o mundo que vemos na mídia é bem diferente da realidade da maioria absoluta dos brasileiros”, afirmou Sinval.


 


A invisibilidade da população negra e pobre também foi constatada por Sara Cordeiro da Ong Cipó, que tem sede em Salvador. Como exemplo, ela citou a abordagem que a mídia local faz do Subúrbio Ferroviário, uma das áreas mais pobres da cidade. “O Subúrbio só aparece na mídia como foco de marginalidade, enquanto a população local é formada majoritariamente por trabalhadores. Em nosso trabalho percebemos que é muito fácil comprovar esta distorção, com uma visita a área. Mas, como o qeu prevalece é o que passa na televisão, os moradores são estigmatizados e sofrem com o preconceito e a discriminação, até na hora de procurar emprego”,  desabafa Sara. Para ela, a situação seria diferente se os moradores do subúrbio pudessem apresentar sua versão dos fatos.



De Salvador,
Eliane Costa