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FMLN ganha um bom aval para eleição presidencial de março

Muitos afirmam que as eleições municipais e legislativas de 18 de janeiro em El Salvador, foram um termômetro das presidenciais de 15 de março próximo. Nesse caso haveria que concluir que a Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMNL) tem muit

Apesar da intensa campanha contra ela, e inclusive, da violência desatada por instâncias governamentais, assim como da ingerência do embaixador norte-americano em San Salvador, Charles Glazer, relacionando tendenciosamente a FMLN às guerrilhas colombianas das Farc, consideradas terroristas por imposição de Washington, a FMLN ganhou as eleições em 10 dos 14 departamentos do país e superou os resultados de 2006, quanto ao controle de governos municipais.

Enquanto a FMLN aumentou de 58 para 86 o número de prefeituras, o partido situacionista, Arena (Aliança República Nacionalista), diminuiu de 148 a 108, o Partido Constitucionalista Nacional (PNC), ficou com 28 das 39 que controlava, e a Democracia Cristã perdeu cinco, ocupando apenas nove.

A Frente perdeu, após 12 anos no poder, a prefeitura de San Salvador, por 2% dos votos. Tudo leva a crer que foi um voto de castigo por uma má gestão  da prefeita Violeta Menjivar, que perdeu o posto para o governista Norman Quijano. Tal fato foi amplificado pela Arena como uma antecipação de sua suposta vitória nas eleições para a presidência, cargo há duas décadas em mãos arenistas.

Os meios transnacionais de comunicação, a imprensa privada e observadores opostos à FMLN, insistem em que a derrota na capital é sinal de que as pesquisas mentem e que a Frente não é a preferida do eleitorado. No entanto, não revelam que esse agrupamento conseguiu vencer nos municípios mais importantes que circundam San Salvador, como Santa Ana, controlada historicamente pela direita, onde ganhou um candidato de esquerda, e que é a segunda cidade mais importante de El Salvador.

O mesmo aconteceu, por exemplo, com a prefeitura de La Unión, sede do departamento com o mesmo nome: pela primeira vez, uma candidata de esquerda teve a preferência nas urnas.

O partido situacionista teve um revés ao perder Izalco, no departamento de Sonsonete, já que essa cidade constitui um símbolo e um bastião da Arena: ali  este agrupamento de direita nasceu e ali iniciou suas campanhas eleitorais nos últimos 20 anos.

Algo similar ocorreu no legislativo, onde a FMLN conseguiu 35 cadeiras, três além das que tinha. A Arena, perdeu duas e ficou com 32, o PCN terá onze na nova legislatura e a Democracia Cristã perdeu uma, ficando apenas com cinco vagas.

Nenhum agrupamento terá maioria absoluta, mas, nem  fazendo alianças a direita obterá maioria, o que é animador caso a FMLN ganhe as eleições de março.

Outro aspecto que desmente a campanha sobre a suposta perda de apoio da FMLN é que em San Salvador, onde perdeu a prefeituraa Frente conta com 12 dos 25 vereadores. Este fato confirma que o voto para prefeito da capital não foi contra a esquerda mas contra a má gestão.

Faltam menos de dois meses para as eleições. A FMLN ainda terá muito trabalho para conseguir que o Tribunal Superior Eleitoral torne pública a lista de eleitores – que hoje só a Arena controla, e usa à vontade, dando títulos de eleitor até a estrangeiros, hondurenhos, nicaraguenses e guatemaltecos, que votam no partido situacionista.

Uma vitória da FMlN em 15 de março mudaria o cenário centro-americano, onde, mesmo com diversidade político-ideológica, a Nicarágua, Honduras e Guatemala se inseriram na nova onda de governos nacionalistas e populares, rompendo com o servilismo com que o império estava acostumado e contribuindo para a integração latino-americana.

Não convém esquecer que El Salvador foi até hoje um peão incondicional de Washington. Foi o primeiro país centro-americano a assinar um Acordo de Livre Comércio com os Estados Unidos. F o único que enviou um contingente militar ao Iraque. Seu presidente, Antonio Saca preferiu despedir-se do último inquilino da Casa Branca a participar da 1ª Cúpula da América Latina e Caribe, recém-efetuada em Salvador, na Bahia, Brasil, onde, com posições soberanas e independentes, decidiu-se criar uma nova organização regional sem a presença de terceiros.

Uma vitória da FMLN devolveria El Salvador ao lugar que lhe corresponde, ao lado de seus irmãos latino-americanos e caribenhos para juntos, com respeito às diferenças, construirem o caminho da integração, da soberania nacional, da paz regional e da justiça social.

* Fonte: http://www.granma.cu