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Islândia festeja nas ruas governo de centro-esquerda

Cerca de 1.500 pessoas se concentraram neste sábado (3) em Reikjavik – a capital islandesa, com 120 mil habitantes – para comemorar o acordo entre a Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda-Verdes, visando formar um governo de centro-esquerda. A no

O líder de da Esquerda-Verde, Steingrimur Sigfusson, anunciou o acordo. ''A partir de amanhã vamos ter um novo governo'', disse ele aos jornalistas. O líder do Partido do Progresso (Centro), Sigmundur Gunnlaugsson, declarou que este aceitou apoiar a nova coalizão.

''Os membros do Partido do Progresso no Parlamento decidiram que apoiaremos o governo caso apresente uma moção de confiança'', afirmou Gunnlaugsson sublinhando que o partido não participará do governo e não votará com ele em todas as matérias.

O anúncio surge após cinco dias de negociações entre as duas siglas para formar uma nova coligação governamental, após a demissão em 26 de janeiro do governo de coalizão de centro-direita do Primeiro-Ministro Geir Haarde.

O novo Executivo deverá apresentar-se às 12 horas e ser aprovado à tarde pelo presidente Olafur Ragnar Grimsson – que não tem funções de governo conforme o sistema islandês, parlamentarista.

Ensinamentos da crise

A social-democrata Johanna Sigurdardottir, deverá ser nomeada primeira-ministra. Seu partido formou-se na virada do século, com a fusão de quatro organizações, enquanto que a Esquerda verde surgiu em seguida, justamente para contestar pela esquerda a linha excessivamente Tony Blair dos  social-democratas.

De fato, o partido de Johanna em 2006 aceitou compor-se com o conservador Partido Independente, dando maioria ao governo de Haarde. Ela própria participava do gabinete, como ministra dos Assuntos Sociais.

Porém a crise ensina. Depois que o país entrou em colapso, em outubro, e os islandeses iniciaram manifestações de rua semanais contra Haarde, Johanna Sigurdardottir encabeçou o rompimento que pôs abaixo o governo de centro-direita.

A Islândia talvez seja o país mais atingido pela crise econômica em curso. Segundo se prevê, sua economia poderá encolher 9,6% em 2009, um desastre de proporções semelhantes ao da Argentina em 2001.

Opção gay gera polêmica

Aos 66 anos, formada em economia, Johanna Sigurdardottir era comissária na empresa aérea local, sindicalista, casada e com dois filhos quando entrou para a política, em 1978. Compõe o Parlamento desde então.

Johanna é lésbica assumida, a primeira a chefiar o governo de uma nação, embora mantenha discrição sobre a vida privada. Sua companheira é Jonina Leosdottir, romancista, dramaturga e jornalista, com várias peças suas levadas aos palcos. As duas vivem desde 2002 em stadfest samvist, estatuto legal islandês para a união civil de pessoas do mesmo sexo, parecido com a união de fato dinamarquesa.

Num país conhecido pela abertura de espírito, o fato de ser lésbica nunca pareceu influenciar a a carreira política de Johanna. Mais comentada foi sua recusa à limusine com motorista que o cargo de ministra lhe proporcionaria; ela preferiu continuar a dirigir seu próprio carro, que segundo os colegas já teve melhores dias. Já a imprensas estrangeira, ao descobrir sua opção sexual nesta semana, noticiou-a de forma que em vários casos foi criticada por leitores como discriminatória e homofóbica.

Da redação, com agências