Sem categoria

ONU e Le Monde se atrapalham com desmatamento amazônico

O resumo de um relatório sobre a Amazônia que será apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) durante reunião em Nairóbi, no Quênia, em fevereiro, apresenta dados contraditórios, um cinco vezes maior que o outro. Divulgado in

Um trecho do relatório, intitulado Key Messages (“Mensagens-chave”) diz que “no período 2000-2005, o desflorestamento acumulado da Amazônia cobriu 857.666 quilômetros quadrados, o que significa que a cobertura vegetal da região foi reduzida em aproximadamente 17%”.



Já o Resumo executivo, diz que “no período 2000 a 2005, o desflorestamento anual cobriu 27.218 quilômetros quadrados”. Ao longo de seis anos, essa taxa anual representaria um desmatamento total de 163.308 quilômetros quadrados, menos de um quinto do apontado a primeira passagem.



A Nota à imprensa divulgada pelo Pnuma no Panamá dá crédito à primeira versão: diz que “o desflorestamento acumulado de 2000 a 2005 foi de mais de 857 mil km², e a cobertura vegetal da região se reduziu, historicamente, em cerca de 17%”.



Confusão de períodos



Aparentemente, as Mensagens-chave e a Nota à imprensa confundem a devastação da floresta amazônica ao longo de toda a história com aquela nos seis anos citados. O seu setor de relações internacionais do Ministério do Meio Ambiente fez contato com o Pnuma, que disse que o dado foi divulgado de forma equivocada pela imprensa.



“Equivalente à Venezuela”



Os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com dados do sistema Prodes, indicam que entre 2000 e 2005 foram desmatados 129.301 km² de floresta. Eles se referem apenas ao desmatamento na Amazônia Brasileira – que corresponde a mais da metade da área total da região.



O Le Monde apresenta o relatório do Pnuma como “provavelmente o trabalho mais completo sobre o tema”. E faz lembrar que 857 mil km² são “o equivalente à superfície da Venezuela” – um ritmo que condenaria a maior floresta tropical do planeta a desaparecer em 2038 –, sem se dar conta de que os números da devastação real, por mais horripilante que ela seja, não poderiam ser estes. Como agravante, ainda afirma que os “17% da floresta foram destruidos em cinco anos”, não em seis…



Da redação, com agências