1ª Bienal Afro-brasileira do livro é lançada em Salvador
Educadores, estudantes, escritores e militantes do movimento negro fizeram uma grande festa neste sábado (7/2), em Salvador, para o lançamento da 1ª Bienal Afro-brasileira do Livro. Com o tema Educação para a Diversidade, a Bienal tem como principal objet
Publicado 09/02/2009 17:14 | Editado 04/03/2020 16:20
A Bienal Afro-brasileira do livro, que acontece em São Paulo entre os dias 12 e 15 de novembro de 2009, vai mostrar para o mundo o trabalho de milhares de escritores negros que não têm acesso aos grandes editores. “Visitando as grandes bienais do Brasil, nós sentimos a invisibilidade da literatura negra dentro destes eventos. Então, juntamos ativistas do movimento negro e da Academia Brasileira de Letras e planejamos a Bienal Afro-brasileira do Livro. O projeto foi lançado em São Paulo, no dia 20 de novembro, e agora está sendo lançado em Salvador, pela importância que a Bahia tem para o mundo. Vamos mostrar também a música, as danças, a capoeira e a comida típica da Bahia”, explica Eufrásio Félix, coordenador nacional da Bienal.
“Esta foi a melhor idéia para acabar a desigualdade racial desde a criação da Lei 10.639. Agora as pessoas terão que se pronunciar sobre a questão. Mesmo que seja só para dizer que estamos tentando racializar a literatura. Outros poderão mostrar os seus livros”, afirmou o antropólogo congolês Kabengele Munanga, professor da USP. Para ele, os idealizadores da Bienal deram também um grande salto, quando resolveram incluir outras formas de cultura no evento. “Não é apenas o livro que educa, mas também todas as outras manifestações culturais e artísticas”, ressaltou Kabengele.
Questão de identidade
Mais que um evento cultural, o lançamento da Bienal Afro-brasileira do Livro em Salvador foi um momento de afirmação da identidade negra. Isto estava presente nas roupas, penteados e adereços ostentados pela maior parte dos participantes do evento. Elementos da cultura africana também foram utilizados na ornamentação do Centro Cultural da Câmara de Vereadores, nas falas e na apresentação dos palestrantes. Destaque para a participação de Raquel Trindade, filha do poeta Solano Trindade, que deu uma aula de amor à cultura e reverência à ancestralidade africana.
A atriz, cantora e militante do movimento negro Zezé Mota também participou do evento, falando de sua experiência na luta contra a invisibilidade do negro na televisão e na sociedade brasileira. “A questão do negro não deveria ser debatida apenas por nós, mas por toda a sociedade brasileira. Sou do tempo em que o movimento negro era marginalizado e me sinto feliz em participar de eventos como estes, prestigiado por um grande público. Isso é sinal de que já avançamos muito, mas se ainda precisamos ter uma bienal afro-brasileira do livro, é porque ainda temos muito o que avançar na luta contra a desigualdade racial no Brasil. Mas estamos aqui e faremos quantas discussões e bienais forem necessárias para que a tal democracia racial se torne realidade”, declarou Zezé.
Além de uma abertura oficial, o lançamento da Bienal contou também com a apresentação do Conselho Consultivo da Bienal Afro-Brasileira do Livro, visitação publica ao pôr-do-sol no Forte São Marcelo, show intimista com artistas locais, sendo finalizado com o acompanhamento da Noite da Beleza Negra no Ilê Aiyê.
De Salvador,
Eliane Costa