Deputado Osmar Júnior presta homenagem a Chagas Rodrigues

O deputado Osmar Júnior lamentou ontem da tribuna da Câmara Federal o falecimento do ex-senador Chagas Rodrigues, segundo ele, um dos políticos mais completos da política piauiense.

Osmar lembrou que Chagas foi um homem que teve a capacidade e a coragem de enfrentar os desafios do seu tempo. “Ele soube lutar contra a pobreza e contra as desigualdades regionais. Soube, sobretudo, lutar pela democracia, enfrentar a ditadura, e por essa luta também pagou junto aos seus algozes”, disse ele.



Em se discurso o deputado Osmar Júnior disse que o Piauí e o Brasil estão mais tristes porque  Chagas Rodrigues, quando Governador, foi o primeiro a tirar do Governo do Estado, da figura do Chefe do Executivo, aquela áurea de imperador que sempre esteve presente na postura, nos gestos e nas atitudes daqueles que, até então, governaram nosso Estado.  ” Ele abriu as portas do palácio, soube criar possibilidades para que a voz da população mais pobre fosse ouvida e além do mais introduziu a modernização na administração pública estadual do Piauí”, falou Osmar.



O deputado Osmar Júnior lembrou ainda que como deputado federal, na época da ditadura, do Movimento Democrático Brasileiros – MDB, Chagas Rodrigues foi um dos que levantou a voz em defesa da democracia, e, por isso mesmo, teve seu mandato cassado,  foi perseguido e que isso não o impediu de manter suas convicções e continuar trabalhando pelo retorno da democracia. “Chagas Rodrigues, numa demonstração do seu compromisso e da sua coragem, fez do seu apartamento um dos últimos refúgios do grande líder da juventude brasileira, Honestino Guimarães, que, logo depois, perseguido pela ditadura, veio a ser torturado e assassinado.



Osmar, que teve a oportunidade de militar ao lado de Chagas, falou ainda da trajetória política de Chagas Rodrigues e lembrou de sua  luta por uma Constituição democrática, uma Constituição que representasse o desejo do povo brasileiro por democracia, por igualdade e justiça social. Ele encerrou o s eu discurso lendo versos escritos pelo ex-senador  ainda na época da ditadura, quando não podia retornar ao Piauí.


FALECIMENTO – O ex-governador do Piauí Chagas Rodrigues faleceu na tarde de sábado, dia7, em Brasília, vítima de parada cardíaca. Chagas Rodrigues tinha 86 anos e estava fazendo tratamento de saúde devido a três acidentes vascular cerebral, em dois anos. O ex-governador passou por uma intervenção cirúrgica para retirada de uma sonda, no Hospital Santa Lúcia, onde veio a falecer.


Chagas Rodrigues foi governador do Piauí aos 37 anos, governou o Estado de 1958 a 1962. Chagas Rodrigues renunciou ao mandato de governador para ser deputado federal. Em 1969 ele teve o mandato cassado pelo regime militar e os direitos políticos suspensos por dez anos. Em 1986, Chagas Rodrigues foi eleito senador.



Chagas Rodrigues estava debilitado e tinha dificuldades para se comunicar. Ele esteve no Piauí no final do ano passado, quando visitou pela última vez sua cidade natal, Parnaíba, e passou uns dias em Teresina na casa de familiares. Ele morava em Brasília desde 1963 com a filha Almira Rodrigues. O corpo de Chagas Rodrigues foi sepultado no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.



O governador Wellington Dias decretou luto oficial por três dias no Piauí. Ele lamentou o falecimento do político piauiense. Foi expedida uma nota de pesar pelo falecimento do ex-governador.


Governador lamenta morte de Chagas Rodrigues



“O ex-governador e senador Chagas Rodrigues, sem dúvida, é uma das mais destacadas lideranças da história do Piauí. Um homem ético, correto, atencioso com o Piauí. Foi um dos primeiros governadores a trabalhar o planejamento de ações, com um olhar para o futuro''. A declaração é do governador Wellington Dias, ressaltando a importância da trajetória de Chagas Rodrigues para a história do Piauí.



O governador, que viajou a Brasília (DF), na manhã desse domingo (8), para acompanhar o funeral do ex-governador e ex-senador piauiense, fez questão de destacar a amizade pessoal que o ligava a Chagas Rodrigues, considerado historicamente o único governador piauiense progressista do século XX. Wellington Dias lembrou-se de seus tempos de convivência com o então senador Chagas Rodrigues, no início dos anos 90, quando o Banco do Estado do Piauí (BEP) foi liquidado extrajudicialmente.



Segundo o governador, a luta pelo salvamento do BEP o aproximou de Chagas Rodrigues, em audiências com várias autoridades da República – entre elas o próprio presidente Fernando Collor de Mello, o então presidente do Banco Central, Ibrahim Eris, e o então vice-presidente Itamar Franco. Wellington Dias recorda que, àquela época, era presidente do Sindicato dos Bancários e que o convívio com Chagas Rodrigues forjou a grande amizade entre os dois homens públicos.



“Creio que é uma grande perda para o Piauí”, analisou o governador, observando a dedicação pessoal de Chagas Rodrigues à causa pública como político – governou o Estado no período de 1959 a 1962, foi deputado federal por quatro mandatos e senador da República. “Ele foi alguém que com certeza sacrificou inclusive sua própria família, pela dedicação ao Piauí”, acrescentou Wellington Dias, antes de seguir viagem para acompanhar o velório e o enterro de Chagas Rodrigues em Brasília (DF).