Acordo na Marcopolo prova que a redução salarial não é o único caminho
Funcionários da fabricante de ônibus Marcopolo de Caxias do Sul (RS) aceitaram a proposta de redução de jornada de trabalho com a compensação de horas. Os metalúrgicos não trabalharão quatro dias em Fevereiro e cinco dias em Março. As horas paradas ser
Publicado 11/02/2009 09:53 | Editado 04/03/2020 17:11
O gerente de Recursos Humanos da Marcopolo, Osmar Piola, espera que a medida dê um fôlego à empresa, que sofre com a queda na demanda tanto externa quanto interna. A fabricante já havia dado férias coletivas aos funcionários.
“Com essa medida, esperamos ter um fôlego para a empresa no momento em que a demanda está baixa. Queremos preservar os salários e os empregos, até porque a proposta faz com que os funcionários recebam seus salários normalmente e venham a compensar as horas posteriormente quando a economia tiver uma recuperação, que a gente acredita que seja no segundo semestre”, explica.
Para Sindicato acordo é o menos prejudicial
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul e região, Assis Melo, considera o acordo como o mais acertado para o momento, já que não reduz os salários. No entanto, afirma que é necessário que sindicatos, empresas e governos construam alternativas mais duradouras à crise.
“Acho que nesse momento é a alternativa mais correta, porque não vem reduzir os salários dos trabalhadores e eles poderão compensar as horas futuramente. Precisamos agora é tentar constituir outros caminhos mais permanentes, já que essas medidas são paliativas”, diz.
Este é o segundo grande acordo coletivo aceito por metalúrgicos na Serra em apenas duas semanas. No final de Janeiro, trabalhadores da Randon optaram reduzir a jornada de trabalho com diminuição de salário.
Na oportunidade, o Sindicato dos Metalúrgicos teceu duras críticas à direção da Randon. Segundo os sindicalistas a proposta apresentada pela empresa foi unilateral e baseada em ameaças de demissões caso não fosse aceita. “A Randon não quis buscar outro caminho para enfrentar as incertezas que a crise está provocando neste momento, e optou pelo terrorismo. Preferiu o pior, que é a diminuição salarial. Esta proposta aprovada na Marcopolo prova que outras soluções podem ser encontradas,” afirmou Melo.
Segundo levantamento, 87,04% dos 4,3 mil funcionários aptos a votar nesta segunda-feira (09) aprovaram o acordo. As unidades da empresa nos bairros Ana Rech e Planalto contabilizam em torno de 7,5 mil trabalhadores.
O Sindicato está defendendo a constituição de um amplo espaço de diálogo na cidade e região para enfrentar a crise. Quer a criação do comitê caxiense e regional em defesa do desenvolvimento, do emprego e do salário. Para isso está realizando série de encontros com os mais diversos setores, desde os governos locais, legislativos e empresários. Na segunda-feira (9) ocorreu reunião com o Prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori, que se comprometeu em levar adiante a proposta.
Da redação local, com informações da Agência Chasque