Messias Pontes – Eleição do Congresso: PT deu um tiro no pé

A eleição de José Sarney para a presidência do Senado e Michel Temer para a presidência da Câmara, ambos do PMDB, pode ter conseqüências desastrosas para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conceder o monopólio do Poder Legislativo a um só

Com o comando das duas casas do Congresso, seis importantes ministérios e a direção de importantes empresas estatais que têm orçamentos bilionários, o presidente Lula e seu governo são hoje reféns do PMDB. Vale observar que os peemedebistas saíram bastante fortalecidos das eleições municipais do ano passado, elegendo 1.200 prefeitos e 8.492 vereadores, o que corresponde a 21,72% e 16,34% do total, respectivamente. De apetite insaciável, certamente novas cobranças – e chantagens – serão feitas ainda este ano.


 


No tocante a 2010, o PMDB tanto pode apoiar uma candidatura petista quanto tucana. Até as pedras de Cococi sabem que o deputado Michel Temer tem uma relação estreitíssima com o presidenciável tucano José Serra, e guarda magoas e ressentimentos do presidente Lula, tendo sido seu opositor no primeiro governo, dando munição para a oposição tucano-pefelista atacar o Governo. A banda podre do PMDB em São Paulo já fechou com José Serra para presidente em troca do apoio deste para a eleição do ex-governador Orestes Quércia para o Senado.


 


O PMDB é um partido de lideranças regionais, não tendo nenhum nome expressivo para disputar a presidência a República. Por isso tanto faz ser a direita mais retrógrada comandada pelos neoliberais tucanos estar no poder como o PT. O que importa para os peemedebistas é o maior número de ministérios e das estatais. Hoje já se sabe que o PMDB não abre mão de indicar uma das suas lideranças para a vice-presidência da chapa a ser encabeçada pela ministra petista Dilma Rousseff.


 


O PT, de protagonista, passa a ser coadjuvante, e vai pagar um preço muito alto por isto. Mas para a maioria da cúpula petista isto é mais importante do que ver um comunista (Aldo Rebelo – no comando da Câmara Federal. Esse anticomunismo patológico da maioria petista pode levar a direita irracional – PSDB, DEMO e PPS – ao centro do poder político do País, o que seria mais uma grande tragédia. E isto não é impossível, pois esses vende-pátria já detêm o poder econômico e a força da grande mídia conservadora, venal e golpista. É sempre bom lembrar que o presidente Lula não é mais candidato.


 


Os neoliberais tucanos estão cuíras para retornar ao poder político central. Para se fortalecer, tentaram subornar – este é o termo – o senador José Sarney, prometendo garantir a sua eleição para presidência do Senado. Em troca apresentaram 12 pontos absurdos, mas Sarney não aceitou. E não aceitou em respeito e fidelidade ao presidente Lula, a quem muito tem ajudado na Câmara Alta. O presidente Lula ficou sabendo de tudo, decidindo lavar as mãos.


 


A mesma proposta foi entregue ao petista Tião Viana, que aceitou no ato, sem pestanejar, entregar a alma ao diabo. Entre os 12 pontos apresentados pelo PSDB destacam-se a vice-presidência e uma secretaria, as presidências das Comissões de Assuntos Econômicos para o senador cearense Tasso Jereissati (ou menino inocente!) e a de Relações Exteriores para o mineiro Eduardo Azeredo – aquele do valerioduto – e criar mecanismos para infernizar a vida do Governo, ou seja, fazer oposição a Lula.


 


Não é demais lembrar que o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), quando presidiu a Câmara, salvou o presidente Lula do impeachment. Mas a maioria petista preferiu o tucano enrustido Michel Temer.


 


Vai pagar caro!



 


Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE