Prefeitos apóiam metas de Lula
Entre as reivindicações dos cearenses estavam desde obras em estádio de futebol até recursos para saneamento básico
Publicado 11/02/2009 18:03 | Editado 04/03/2020 16:35
Um só Estado, mais de 100 prefeituras representadas e uma realidade diferente em cada uma delas. Este é o saldo da participação do Ceará no Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, que o governo federal promove desde ontem em Brasília. Mais de 100 prefeitos cearenses vieram para a capital federal por dois dias para conhecer os programas oferecidos pelo governo e principalmente aprender como conversar com as diversas esferas de governo, apresentar bons projetos e garantir a liberação dos recursos que muitas vezes já estão assegurados, mas falta apenas a apresentação do projeto adequado para a sua liberação.
Na pauta de reivindicações dos cearenses estavam desde recursos para a conclusão das obras do estádio de futebol de Maranguape, como recursos para obras de saneamento básico em Potengi.
Perante mais de 3.500 prefeitos de todo o país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou cinco atos voltados para a administração municipal, apelidado de ‘‘pacote de bondades’’. Uma medida muito aplaudida pelos prefeitos foi a ampliação do programa Caminho da Escola. Ela permitirá aos municípios utilizarem uma linha de financiamento do BNDES para a melhoria do transporte escolar.
Lula também assinou um decreto que prorroga o Imposto Territorial Rural (ITR) por prazo indeterminado e possibilita que 100% da arrecadação fique no próprio município. Foi enviada ainda uma mensagem ao Congresso Nacional de projeto de lei ordinária disciplinando a transição de governo. Pelo projeto, o governante municipal fica obrigado a publicar relatórios de sua administração.
Todas as medidas foram apoiadas pelos prefeitos, que em contrapartida se comprometem a cumprir as metas de redução da mortalidade infantil, do analfabetismo, e combate à dengue.
Segundo o prefeito de Potengi, Samuel Carlos, fica difícil para qualquer município alcançar as metas estabelecidas pelo governo federal, principalmente para o combate à mortalidade infantil, se não houver investimento em saneamento básico. ‘‘Precisamos de apoio do governo federal’’, disse. A erradicação da mortalidade infantil foi eleita por Samuel como a principal meta de Potengi.
‘‘Não é porque um município é pequeno que ele não pode atender as metas. Temos um programa que garante 100% do registro dos nossos recém-nascidos. Acabamos com o sub-registro. Estamos com um programa forte de acompanhamento das gestantes, aleitamento materno, realização de pré-natal, o que reduziu a mortalidade em Graça’’, afirmou a prefeita Augusta Brito. Segundo ela, o principal problema é o desemprego. A prefeita de Graça, assim como dezenas de prefeitos cearenses, passou por uma maratona de encontros.
Outro prefeito cearense que sai otimista de Brasília é George Valentim, de Maranguape. O prefeito conversou com o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e pediu a liberação de recursos para a conclusão das obras do estádio de futebol do município. ‘‘Temos que garanir os recursos, já que Fortaleza é candidata a subsede da copa de 2014 e todos os municípios da grande fortaleza já estão tocando as obras de seus estádios’’, afirmou Valentim.
Presidente critica atitude da imprensa e alfineta Serra
Em um inflamado discurso para mais de 3.500 prefeitos de todo o País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou das críticas da imprensa e disse que a atitude foi ‘‘pequena’’ ao afirmar que ele convocou o ‘‘Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas’’ para anunciar medidas de apoio às prefeituras e, assim, promover a candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Além de atacar a imprensa por ter classificado a ajuda aos prefeitos de ‘‘pacote de bondades’’, Lula criticou a gestão tucana em São Paulo, sem citar o nome do governador José Serra, ao afirmar que o Estado mais rico do País tem 9,9% de analfabetos. ‘‘Isso é sinal de que tem alguma coisa errada’’, alfinetou o presidente. A crítica de Lula causou constrangimento ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, aliado do governador Serra. ‘‘Eu também não sabia, Kassab. Pasme, caia de costas, Kassab’’, disse, referindo-se aos números do analfabetismo naquele estado.
Batom de Dilma
No ‘‘pacote de ataques’’ do presidente, sobrou até para a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Depois de avisar que o Programa de Aceleração do Crescimento atrasou por causa das eleições municipais, Lula declarou que a crise econômica não vai atrapalhar ou atrasar qualquer obra do PAC. ‘‘Nenhuma obra do PAC irá sofrer qualquer diminuição por causa da crise. Nós cortaremos o batom da dona Dilma, cortaremos o meu corte de unha, mas não cortaremos nenhuma obra do PAC neste País’’, afirmou. O próprio presidente reconheceu que seu humor não estava dos melhores. ‘‘Estou meio frustrado. Tem dia que a gente acorda virado e, se cair um pingo de suor no copo vira limonada’’, disse.