Tocantins: Governo lança PAC estadual e critica oposição.
Ao lançar o PAC estadual Marcelo Miranda faz criticas a oposição UT.
Publicado 13/03/2009 15:20 | Editado 04/03/2020 17:22
As críticas feitas pelo governador Marcelo Miranda (PMDB) na tarde dessa quinta-feira, 12, à oposição e à imprensa foram previamente definidas. O discurso do peemedebista foi escrito com antecedência. Ele usou o texto quase na íntegra, fez apenas algumas alterações e trocou certas palavras.
A Secretaria Estadual de Comunicação (Secom) não informou se o discurso foi feito pelo próprio governador ou por algum assessor e depois revisto por ele. A Secom informou ainda que os discursos de Marcelo são elaborados no Gabinete do Governador, porém, não deu detalhes de como são feitos e qual a participação exata do peemedebista em sua elaboração.
Ao contrário de quando fez críticas, também muito duras, ao senador João Ribeiro (PR) no segundo semestre de 2008, dessa vez não houve improviso no todo, mas apenas em parte. O governador leu suas falas e não fugiu do “script” estabelecido anteriormente.
Confira a íntegra do que estava escrito para Marcelo falar:
“Discurso do Governador Marcelo Miranda durante lançamento do PAC Tocantins
Boa tarde a todos
Cumprimento os membros do conselho
Cumprimento os servidores
Cumprimento a imprensa
Minhas senhoras e meus senhores,
Um bom governo se mede pela sua capacidade de reação frente às dificuldades e cada um reage à sua maneira. O Tocantins se acostumou a me ouvir dizer que as críticas e difamações eu respondo com trabalho e assim tem sido nos últimos seis anos.
Nunca gastei o precioso tempo dos meus mandatos em bate bocas. Nunca ofendi ou denegri meus adversários. Nunca ataquei, mesmo sendo atacado. Cultivei um jeito próprio de lidar com as adversidades. Não digo que não sofro e que minha família não sofre. Mas entendo que não sou pago pelo sofrido povo do Tocantins para governar combatendo quem quer que seja.
Sou pago para desenvolver o estado, para gerar empregos, para distribuir renda, promover a qualidade de vida e manter a esperança acesa no coração daqueles que acreditam nesta terra.
Os porta-vozes do apocalipse, os apeados do poder, os mensageiros do caos, vão se sentir um tanto incomodados com as notícias que trago hoje aqui a este Conselho, que eu convoquei para pedir celeridade a projetos encaminhados, que, no meu entender, serão determinantes para as próximas décadas do Tocantins.
Aos que têm a sombria tarefa de alardear o desgoverno. Cumpre-me informar que este cenário administrativo só encontra terreno fértil hoje nas mentes mal intencionadas. O governo vai muito bem obrigado. O Tocantins vai melhor ainda e a nossa economia se aproveita da crise para ocupar ainda mais espaços nos cenários nacional e internacional.
Acabo de regressar de uma viagem aos Estados Unidos, onde procurei conciliar as recomendações médicas de descanso com o convite de amigos empresários e produtores para conhecer experiências consagradas no mundo do agronegócio.
Na condição de governador de um estado com esta vocação, pude constatar que estamos diante de uma oportunidade histórica, dado o interesse dos investidores em nosso estado e do momento que a economia mundial atravessa.
Avaliando todos os projetos em andamento no Estado, tive tempo para traçar um cenário bastante otimista e promissor para as próximas décadas, considerando o leque de oportunidades que se abre para o Tocantins, a partir de iniciativas de toda a nossa equipe, incluindo articulações bem conduzidas, projetos elaborados com competência.
E programas de incentivos que nos tornaram um estado com um dos maiores potenciais de investimentos, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, em recente levantamento. E para dar suporte a esses investimentos, o governo vai fazer a sua parte.
Estamos dando início hoje à criação do Distrito Agroindustrial de Palmas. Ali, na saída para Miracema, estaremos investindo cerca de 11 milhões de reais para oferecer 237 lotes em condições de abrigar empresas dos mais diversos seguimentos, sendo que 55 delas já garantiram o seu espaço. Serão quase 500 empregos gerados com esta medida, que se articula com outras igualmente arrojadas.
A nossa capital também passará a contar com o seu Parque Tecnológico, na região sul, onde já temos o termo de compromisso de indústria de componentes para computadores, como a Sinergy, da China, com quem mantive contatos na nossa missão àquele país.
Também estará se instalando no nosso parque tecnológico a Data Center, uma empresa de call center, com grande capacidade de absorver mão-de-obra, além de um gigantesco centro de distribuição dos Correios, para atender todo o Norte e Nordeste do país.
Temos o compromisso do Ministério da Ciência e Tecnologia para implantar este parque que terá mais de 100 alqueires para instalação de empresas de tecnologia não poluentes.
E nossos planos para a Capital vão além. O Aeroporto Lysias Rodrigues será transformado em aeroporto de porte industrial e internacional, para dar suporte ao centro tecnológico e do aumento da nossa produção de frutas nos cinco projetos de irrigação que estamos implantando, alavancando assim as nossas exportações.
O Projeto São João está na sua fase de conclusão e já preparamos a licitação dos lotes empresariais, onde foram investidos R$ 239 milhões no projeto, com recursos do Ministério da Integração Nacional e do governo do Estado.
Já anunciamos anteriormente as grandes redes de supermercado que estarão se instalando aqui, com porte de atacadista, nos consagrando, definitivamente, como um grande centro distribuidor. Já na região norte, no Bico do Papagaio, onde o Projeto de Irrigação Sampaio segue em ritmo acelerado, uma grande transformação está em marcha.
Com a entrada em operação no próximo ano da eclusa da Usina de Tucuruí, no Pará, a cidade de Praia Norte vai abrigar um grande porto, numa parceria público privada, podendo receber parte da produção de Manaus para ser distribuída para o centro-sul do Brasil, que inclui ainda um entreposto aduaneiro da Zona Franca aqui no Tocantins.
Este porto se comunica com outros portos, em Pedro Afonso e Lajeado, consolidando a Hidrovia do Tocantins e com a Plataforma Multimodal de Aguiarnópolis, que estará em franca operação. São os novos caminhos da produção brasileira que passam pelo Tocantins.
Estes são temas que os nossos opositores não levam para as tribunas nem para as páginas dos jornais. Mas eles são reais, palpáveis e factíveis. Não são fruto da minha imaginação ou da nossa equipe de trabalho. Mas nasceram a partir do nosso empenho e da nossa capacidade de planejar e executar.
Como não é nenhum delírio, a Ferrovia Norte-Sul avança sem parar e já podemos aguardar para os próximos meses a inauguração, pelo presidente Lula, do trecho Colinas-Guaraí. E também já podemos adiantar o lançamento do edital, no mês de agosto, dos primeiros trechos da Ferrovia Leste-Oeste, que sai de Ilhéus na Bahia, corta o sudeste do Tocantins e vai sair lá em Figueirópolis.
É importante ressaltar as novas projeções para aumento de recursos do PAC, anunciadas pela Presidência da República, que vão beneficiar o Tocantins no setor de transportes. São R$ 5,1 bilhões para a Ferrovia Norte-Sul, no trecho entre Palmas e Estrela do Oeste (SP), e mais R$ 140 milhões para a Hidrovia Tocantins.
O governo federal também já sinalizou autorização para construção da Eclusa de Lajeado, reforçando nosso projeto hidroviário, que junto com a Eclusa de Tucuruí, representa a saída mais próxima para o Atlântico e temos ainda a opção de alcançar o Pacífico pelo Porto de Mantra, no Equador. Por isso carregamos com empenho a bandeira da navegabilidade.
Temos uma malha viária pavimentada de quase 5 mil quilômetros, que deve chegar a 9 mil quilômetros até o fim da nossa administração. Faremos, num investimento total de mais de R$ 416 milhões, as pontes ligando Xambioá a São Geraldo, no Pará, Miracema a Tocantínia e a ponte de Barra do Ouro. Estamos concluindo o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável, num total de 120 milhões de dólares em investimentos na infra-estrutura básica das regiões menos favorecidas.
E já apresentamos a documentação para outros 300 milhões de dólares do Plano de Desenvolvimento Regional Integrado Sustentável, que garantirão recursos para o crescimento de todo o estado nos próximos seis anos.
A política de atração de novos empreendimentos através dos programas de incentivos fiscais é um dos fatores responsáveis pelo desempenho positivo do crescimento do Tocantins, quando comparado a outros estados brasileiros. As vantagens dos incentivos vão além da competitividade, tanto para os segmentos da indústria quanto ao comércio atacadista, como instrumento de política de desenvolvimento regional e de política industrial.
O governo concede aos empresários uma redução significativa do imposto, de 17% para 2,3%, e deste percentual, 0,3% são destinados ao Fundo de Desenvolvimento Econômico, criado para dar suporte às ações do governo de sustentação à política de desenvolvimento e industrialização. De 2003 a 2008, foram contempladas 302 empresas, acumulando 18.097 empregos diretos e indiretos e com investimentos previstos de R$ 2,2 bilhões.
Para cada real que o governo abre mão em ICMS, o retorno dado pelas empresas em benefícios econômicos e sociais para o Estado representa ganhos consideráveis. Os valores da renúncia do ICMS sobre a energia elétrica dos programas de incentivos, são um bom exemplo do acerto dessa política.
Em relação à energia elétrica, os programas de incentivo: Prosperar, Proindústria, Complexo Agroindustrial e a energia elétrica rural, representaram isenções no acumulado 2006/2008, que chegaram a R$ 28,3 milhões. Em contrapartida, os investimentos que receberam os incentivos que geraram essas isenções superam a casa dos R$ 2 bilhões. São números que representam melhor distribuição de riqueza, renda e qualidade de vida à sociedade tocantinense.
Esta é uma forma de desonerar custos de produção, permitindo que os parceiros possam planejar a expansão da atividade, como está ocorrendo em relação aos dois empreendimentos avícolas Asa Norte e Frango Norte. Mantivemos o ICMS do óleo diesel reduzido e nos manteremos em permanente diálogo com o setor produtivo para ajustar nossa política fiscal de forma a imprimir mais competitividade aos nossos produtos.
Quero dizer a todos que estamos procurando realizar estas ações de forma integrada, dialogando com nossos programas sociais, modernizando a máquina administrativa, permitindo que este crescimento se sustente, para não frustrar a expectativa de mais de um milhão de tocantinenses que dependem diretamente do êxito das nossas políticas públicas.
E eu não vou aceitar que esta esmagadora maioria que torce a favor do Tocantins seja manipulada por aquela minoria ínfima que insiste em trombetear o caos e atrapalhar a boa governança. Eu até aceito e convivo pacificamente com os questionamentos aos atos do governo, sejam no campo político ou no campo jurídico.
Mas quando isso acontece de forma orquestrada e sistemática. Quando procuram enfatizar um detalhe negativo de iniciativas grandiosas, aí eles não estão prejudicando só o governo, e sim todo o Tocantins.
Vejam o exemplo do concurso público. Em meu governo, realizamos 16 concursos públicos. Passamos quase 6 anos ininterruptos realizando concursos. Fizemos um dos maiores concursos públicos do Brasil. Não tivemos nenhum questionamento com a lisura e a honestidade do certame. Mas estão fazendo barulho e espalhando medo nas pessoas que prestaram o concurso. A lisura do concurso vem sendo mantida, por isso não temos motivos para medidas drásticas.
O governo está pronto para responder a todos os questionamentos. Seja nas tribunas ou nos tribunais. Não temos nada a temer. Mas não o faremos em prejuízo do ritmo de crescimento do estado. Vamos continuar trabalhando duro.
Se os senhores secretários acham que estão trabalhando muito, pois os quero trabalhando mais. Se consideram que temos muitos projetos, pois quero muito mais projetos. Se o volume de recursos que acabo de apresentar para investimento é alto, eu penso em aumentar mais ainda.
E se a oposição pensa que vai ganhar governo no grito, no tapetão, podem ir se preparando para as próximas eleições… e bem mais preparados, porque este governo será o mais bem avaliado da história e vai deixar este estado pronto para o futuro.
Esta é a minha resposta aos meus críticos. A minha resposta à crise e esta é a minha prestação de contas ao povo que me elegeu, a quem devo satisfação e de quem recebi a missão de tirar este estado do atraso. Muito obrigado a todos e vamos ao trabalho, porque o Tocantins tem pressa e que Deus nos abençoe.
Muito obrigado.”
fonte:www.clebertoledo.com.br
Discurso de Marcelo contra a oposição foi planejado com antecedência
13/03/09 13h29