Ex- torturador da repressão morre em BH
O ex-torturador do período do Regime Militar no Brasil (1964 a 1985), Marcelo Paixão de Araújo morreu ontem (19), aos 61 anos, em Belo Horizonte. Conhecido por declarar publicamente que praticava tortura em presos políticos, Marcelo serviu como tenente
Publicado 20/03/2009 19:00 | Editado 04/03/2020 16:51
Em entrevista dada em dezembro de 1998 a um jornal da época, Marcelo além de admitir que torturava presos políticos, afirmou também que fazia não só porque o mandavam, mas porque achava a melhor solução. Araújo confessou que torturou 30 presos políticos durante a ditadura, com choques elétricos, pau de arara, cassetete, tapas, palmatória dentre outras.
A ex-presidente do Comitê Municipal do PCdoB-BH, Gilse Cosenza, conversou com o Vermelho Minas e admitiu que nunca foi torturada por Marcelo, mas que outros colegas que estavam presos com ela foram torturados pelo ex-tenente. “Gostaria que ex-torturadores como Marcelo fossem julgados pelo crime contra a humanidade”, afirmou Gilse.
Gilse que tem apoio de diversas entidades como a OAB, luta pela reinterpretação da Lei de Anistia, para que os ex-agentes da tortura sejam julgados como réus de crime contra a humanidade. A ex-presidente tem apoio também do Ministério dos Direitos Humanos e dos Magistrados. Hoje, Gilce trabalha para que sua luta chegue ao Supremo Tribunal Federal (STF), para assim, julgar os ex-torturadores.
“Isto não é uma vingança. É preciso completar o fim do período fascista”, afirma Cosenza. Ela afirma ainda que é preciso restabelecer um parâmetro para a sociedade e para as gerações futuras de que crimes contra a humanidade não têm perdão. “É preciso apagar as sequelas do terror deste período, para que não se afete a construção da democracia no Brasil”, encerrou Gilse.
De Belo Horizonte,
Ana Carolina Cervantes.