Ex- torturador da repressão morre em BH

O ex-torturador do período do Regime Militar no Brasil (1964 a 1985), Marcelo Paixão de Araújo morreu ontem (19), aos 61 anos, em Belo Horizonte. Conhecido por declarar publicamente que praticava tortura em presos políticos, Marcelo serviu como tenente

 


Em entrevista dada em dezembro de 1998 a um jornal da época, Marcelo além de admitir que torturava presos políticos, afirmou também que fazia não só porque o mandavam, mas porque achava a melhor solução. Araújo confessou que torturou 30 presos políticos durante a ditadura, com choques elétricos, pau de arara, cassetete, tapas, palmatória dentre outras.


 


A ex-presidente do Comitê Municipal do PCdoB-BH, Gilse Cosenza, conversou com o Vermelho Minas e admitiu que nunca foi torturada por Marcelo, mas que outros colegas que estavam presos com ela foram torturados pelo ex-tenente. “Gostaria que ex-torturadores como Marcelo fossem julgados pelo crime contra a humanidade”, afirmou Gilse.


 


Gilse que tem apoio de diversas entidades como a OAB, luta pela reinterpretação da Lei de Anistia, para que os ex-agentes da tortura sejam julgados como réus de crime contra a humanidade. A ex-presidente tem apoio também do Ministério dos Direitos Humanos e dos Magistrados. Hoje, Gilce trabalha para que sua luta chegue ao Supremo Tribunal Federal (STF), para assim, julgar os ex-torturadores.


 


“Isto não é uma vingança. É preciso completar o fim do período fascista”, afirma Cosenza. Ela afirma ainda que é preciso restabelecer um parâmetro para a sociedade e para as gerações futuras de que crimes contra a humanidade não têm perdão. “É preciso apagar as sequelas do terror deste período, para que não se afete a construção da democracia no Brasil”, encerrou Gilse.


 


De Belo Horizonte,



Ana Carolina Cervantes.