Funes: “Sem esta mudança, El Salvador naufragaria”
Ele está suando. Acaba de pronunciar seu primeiro discurso na rua como presidente de El Salvador e saúda seus eleitores, apinhados na praça, felizes, ainda incrédulos da noite mágica que lhes coube viver. Faz calor para todos, mas principalmente para Maur
Publicado 20/03/2009 12:10
El País – O que significa esta mudança para El Salvador?
Mauricio Funes – Significa que se fechou um ciclo histórico de governos excludentes, autoritários, que não souberam resolver os grandes problemas do país. Quando o partido Arena chegou ao poder há 20 anos, disse que ia transformar El Salvador em uma das economias mais dinâmicas e competitivas do continente, que ia acabar com a pobreza, reduzir a desigualdade social, combater a criminalidade.
Depois de 20 anos, temos um dos países mais atrasados da América Latina, uma das economias com maior fragilidade estrutural para enfrentar a crise, uma das sociedades mais pobres e sobretudo com os maiores níveis de exclusão e marginalidade social, agravada pela criminalidade, sequestrada pela criminalidade. Somos o país com o índice de homicídios mais alto do continente. Esse é o grande desafio que tenho pela frente.
A mudança que hoje estamos iniciando fecha um ciclo histórico e abre a oportunidade para iniciar um governo autenticamente democrático, que construa uma sociedade justa e democrática, que é a aspiração dos salvadorenhos.
EP – O país precisava dessa mudança para deixar definitivamente na história o eco da guerra?
Funes – Se não desse essa volta, o país naufragaria. Se não ocorresse essa mudança, esta alternância, o país iria rumo ao descalabro e aprofundaria a polarização. Nós temos a possibilidade de despolarizar o país na medida em que será despolarizado social e economicamente. A polarização política não é uma questão de vontade dos atores políticos, é o reflexo da polarização social e econômica que vive El Salvador.
EP – Qual será a primeira medida do governo?
Funes – Fazer um governo diferente com um exercício público diferente. E resolver o problema da grave deterioração da situação fiscal do país. Temos de convocar um pacto fiscal para fazer chegar mais recursos ao Estado, e através desse pacto fiscal financiar nossa política social, nossa política de apoio aos setores produtivos nacionais.
EP – Com sua vitória se dissipa a campanha do medo?
Funes – Com essa vitória o que se demonstra é que acabou o medo da mudança, a mudança segura, a mudança com estabilidade e com governabilidade democrática, que é no que nós apostamos.
Fonte: El País