Brasília adere à manifestação contra crise e o desemprego
“A crise não é nossa.” “Os trabalhadores não vão pagar pela crise.” Foram esses os motes dos atos pelo emprego e contra a crise econômica que as centrais sindicais (Força Sindical, CUT, CGTB, Nova Central, UGT e CTB) realizaram em todo o País, nesta se
Publicado 30/03/2009 15:21
As reivindicações uniam as demandas nacionais e as necessidades locais. Os servidores do Governo do Distrito Federal (GDF) fizeram cobrança do governador José Roberto Arruda (DEM) de cumprimento da lei aprovada ano passado de reajuste salarial e denunciaram a “manobra” do governador que enviou projeto de lei para a Câmara Legislativa do Distrito Federal congelando salários até 2011.
Nos ministérios do Planejamento e do Trabalho, foi a vez dos servidores públicos cobrarem do governo federal o cumprimento dos acordos de reajustes salariais. João Lopes, representante da CTB-DF (Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), anunciou que “se os trabalhadores não forem atendidos, nós vamos à greve.”
Em frente ao STF, onde encerraram o ato, os representantes dos movimentos sociais deram o tom do discurso. Eles se manifestaram contra a criminalização dos movimentos sociais. Aos gritos de “Fora Gilmar Mendes (presidente do Supremo)” , eles denunciam que o STF tem feito “vista grossa” aos assassinatos no campo.
Ao longo de todo o percurso, a tônica dos discursos e palavras de ordem era contra o desemprego e a crise econômica. Em frente ao Banco Central, os manifestantes se posicionaram contra os juros altos e pediram a demissão do presidente do BC, Henrique Meirelles. Segundo eles, a resistência de Meirelles em reduzir os juros da taxa Selic é responsável por maior impacto da crise no Brasil.
“Oportunismo”
A manifestação denunciou também o “oportunismo” das multinacionais do setor automobilistico e das empresas como a Vale do Rio Doce, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e Embraer, que demitiram mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses.
As centrais sindicais e entidades do movimento popular, sindical e estudantil como MST, UNE e UBES, defendem movimento pela restatização dessas empresas e pela readmissão dos demitidos. Como forma de impedir o aumento do desemprego, eles defendem a ratificação da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que proibe a demissão imotivada.
Os integrantes do MST defenderam a realização da reforma agrária como uma alternativa para a crise econômica, “por garantir a produção de alimentos e para fomentar as pequenas agroindústrias, fortalecendo o mercado interno e promovendo justiça social.”
Os estudantes agregaram às reivindicações “a luta por mais investimento em Educação; por uma nova legislação para a meia-entrada, sem restrições de direitos e em defesa da intervenção do Estado para evitar abusos nos reajustes de mensalidade.”
Primeiro passo
As centrais sindicais e os movimentos sociais demonstraram a intenção de manter a unidade e a mobilização contra o desemprego, pela manutenção dos direitos trabalhistas, pela reforma agrária e pela mudança na política econômica. A manifestação desta segunda-feira foi considerada o primeiro passo de uma agenda mais ampla.
“Precisamos imediatamente montar, com esse conjunto de forças, um comando de luta”, propôs João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST. Segundo ele, os processos de mobilização devem continuar: “sonhamos que o 1º Maio se torne, de fato, um dia de luta dos trabalhadores”, afirmou.
Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB, avalia que no contexto da crise “é estratégica a unidade das centrais sindicais e dos movimentos sociais”. Para ele, a agenda que une as forças sociais é um novo projeto de desenvolvimento, para que os trabalhadores consigam enfrentar a disputa política na sociedade em torno da crise.
O movimento dos trabalhadores foi realizado em 15 capitais e conta também com atos em países da Europa, da América Latina e da Ásia, segundo o presidente da Força Sindical no DF, Lino de Jesus. “Todo o mundo está engajado na luta pela manutenção do emprego,” disse. A mobilização mundial das classes trabalhadoras contou com articulação de organizações sindicais internacionais, entre elas a Confederação Sindical Internacional (CSI) e a Confederação Sindical das Américas (CSA).
De Brasília
Márcia Xavier