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Comunicação do PCdoB aponta prioridades para 2009

A Secretaria de Comunicação do PCdoB acaba de divulgar documento resultante do encontro realizado no mês de fevereiro, envolvendo 83 dirigentes estaduais e profissionais da área em 18 estados. O foco do documento – que o Partido Vivo publica a seguir – é

“Este documento, que servirá para nortear nosso trabalho em nível nacional, é fruto de um amplo debate envolvendo o Fórum e a Comissão Nacional de Comunicação e aponta a necessidade de estruturarmos melhor a comunicação nos comitês estaduais do PCdoB, de participarmos mais ativamente no movimento pela democratização da mídia – levando em conta principalmente a Conferência Nacional de Comunicação convocada pelo governo federal – e reforçar nossos veículos de comunicação”, diz Altamiro Borges, o Miro, secretário de Comunicação do partido.


 


Ele chamou atenção para as particularidades deste ano no que se refere à intensificação do trabalho de comunicação. “Estamos num ano de grande embate de ideias devido às eleições de 2010 – e a antecipação de seu calendário – e à realização do 12º Congresso do PCdoB”.



Embora reconheça que boa parte das ações pensadas para o ano passado tenha sido executada, Miro diz que “ainda há muita coisa a ser feita para que consigamos atingir um patamar mais qualificado em nossa comunicação. E, neste aspecto, nossas direções nos estados são fundamentais”.


 


Documento



O Partido Vivo reproduz a seguir a íntegra do documento.


 



Balanço de 2008 e plano de trabalho de 2009 da Secretaria Nacional de Comunicação


 


1- O plano de trabalho de 2008, aprovado em fevereiro daquele ano, foi taxativo: “A batalha eleitoral deste ano deverá concentrar as energias partidárias. Com uma tática ousada, que prevê o lançamento de candidaturas majoritárias em quase 400 cidades e de inúmeras chapas próprias de vereadores, o partido jogará uma cartada decisiva para se firmar no cenário político nacional, hoje marcado pela centralidade das disputas eleitorais. Nesse sentido, todo o trabalho de comunicação deverá priorizar este embate, decisivo para o futuro do partido. Outros projetos da área poderão ficar para uma fase posterior, condicionados ao próprio resultado eleitoral”. Com essa compreensão, o plano definiu seis eixos de atuação. O balanço indica que, no essencial, o plano foi executado.



 
2- A batalha eleitoral foi encarada como prioridade. Além do seminário sobre comunicação e eleição, com a presença de publicitários e especialistas, a Comissão Nacional de Comunicação (CNC) elaborou um kit, com DVD e cartilha com dicas de campanha, alimentou parcialmente uma página na internet e promoveu encontros estaduais – com destaque para Bahia, Rio de Janeiro e Paraná. Esta preparação prévia, somada à experiência acumulada nos estados, permitiu que o partido entrasse na disputa com maior profissionalismo (contratação de agências de publicidade, planejamento de campanha e relação mais fluida entre os comandos eleitorais e as direções partidárias). O balanço partidário, aprovado pela direção nacional, evidencia que o PCdoB adquiriu em 2008 uma visibilidade sem precedentes na sua história, aparecendo com fisionomia própria para milhões de brasileiros. A comunicação partidária, com o empenho criativo de inúmeros camaradas, deu a sua contribuição.



 
3- Outro eixo definido foi o da luta pela democratização das comunicações no país. O saldo nesta frente é positivo. Com base na resolução do Comitê Central sobre o tema, o partido contribuiu na construção do Fórum de Mídia Livre, que congrega comunicadores sociais de diversas origens e pensamentos e ajudou na convocação da Conferência Nacional de Comunicação, marcada para dezembro. O partido também ampliou as suas relações com jornalistas e veículos alternativos, participando de iniciativas que visam fortalecer a mídia contra-hegemônica. Há, ainda, maior compreensão dos comunistas sobre a importância das políticas públicas no setor, com o partido estreitando os contatos com ministérios e instâncias vinculadas à área. Alguns estados encararam este desafio com desenvoltura; outros, porém, não perceberam a dimensão estratégica da luta pela democratização dos meios de comunicação e estão ausentes desta batalha.



 
4- Quanto ao Vermelho, o balanço de 2008 traz sinais contraditórios. O portal venceu o prêmio iBest, o “Oscar da internet brasileira”, e continua recebendo muitos elogios – num dos textos da conferência nacional de comunicação do PT, foi citado como exemplo a ser seguido. Por outro lado, o número de acessos à página regrediu pela primeira vez na sua história. As causas ainda não estão nítidas. A atomização da eleição municipal e o inescapável tratamento mais partidário da batalha parecem ter contribuído para o recuo, afastando leitores. Muitos estados simplesmente deixaram de atualizar seus cadernos locais. A ausência de uma ferramenta mais eficaz, num setor que se moderniza celeremente, também afeta sua capacidade competitiva. O portal está defasado no que se refere aos recursos de multimídia e é pouco interativo com os internautas. Há também problemas no conteúdo jornalístico, com excessiva reprodução de artigos da mídia comercial. Os cadernos estaduais continuam sem o merecido destaque e padecem da falta de estrutura. Não dá para se contentar com o que já foi feito. Os sinais existentes são preocupantes e devem inquietar a militância comunista, em especial os camaradas que encabeçam a frente da comunicação.



 
5- No que se refere à Classe Operária, o Comitê Central aprovou a proposta da nossa reunião de fevereiro, decidindo adotar o formato do “jornal militante, de panfletagem nas áreas prioritárias de estruturação partidária”. A CNC garantiu a edição mensal e o aumento da tiragem de, em média, de 400 mil exemplares. Há consenso de que, com o novo formato, o jornal volta a ocupar papel na difusão do partido e de suas ideias; de que este é o caminho mais apropriado para o nosso órgão central, resolvendo uma antiga pendência. Conforme pesquisa, alguns estados utilizam o jornal como ferramenta da construção partidária, num trabalho conjunto com outras secretarias, em especial com a de Organização. A maioria, porém, ainda não potencializa o órgão, subsidiado pelo Comitê Central. A distribuição não é planejada e nem envolve as direções partidárias, o que inviabiliza seu objetivo maior de contribuir no crescimento e estruturação do partido. Além deste gargalo nos estados, há consenso de que o jornal deve ser aperfeiçoado. Ainda há críticas ao seu conteúdo e à linguagem, que precisam ser aprimorados no sentido de atingir mais efetivamente os trabalhadores, alvo prioritário da sua distribuição. É necessário, também, encontrar a melhor maneira de abordar, num jornal nacional, os temas locais, de forma a garantir a relevância do seu conteúdo em todo o país. Essa foi uma dificuldade sentida durante nas eleições municipais.



 
6- O plano de 2008 definiu, ainda, outros dois eixos: investir em rádio e televisão e fortalecer a estruturação do trabalho de comunicação e sua sinergia com outras frentes. Estes dois objetivos não vingaram. Com exceção dos avanços verificados na TV Aperipê, da experiência vitoriosa em Caxias do Sul e do esforço na TV Comunitária do Rio de Janeiro, o partido está fora deste que é o principal meio de comunicação no país. Apesar dos obstáculos reais, as iniciativas neste campo são tímidas. Quanto à rádio, nossa experiência em 2008 sofreu regressão – tanto no que se refere à rádioweb quanto ao serviço de rádio release –, inclusive com o descolamento do responsável para a campanha eleitoral. Também não avançamos no estudo e no incentivo das experiências das rádios comunitários e na relação com os veículos comerciais. O trabalho de rádio do partido exige maior investimento e controle, visando seu aperfeiçoamento e ampliação do alcance.



 
7- Já no que se refere à estruturação do trabalho de comunicação, o esforço concentrado nas eleições cobrou seu preço. As poucas comissões estaduais existentes foram desmontadas ou não se reuniram; muitos secretários deixaram as suas funções. Ainda é muita frágil a relação com as secretarias de Organização, essencial no trabalho de comunicação. Já a sinergia com as frentes sindical e de juventude não vingou. O descompasso entre os investimentos políticos e materiais da direção nacional e o realizado nos estados, apontado no documento do ano passado, é gritante, conforme demonstra a pesquisa realizada. A estruturação do trabalho de comunicação é o nosso principal gargalo. Não haverá avanços nesta frente sem encarar este debate nos estados.       



 
Prioridades da comunicação em 2009



 
8- Vários fatores contribuem para que a luta de ideias ganhe impulso neste ano, com reflexos no nosso trabalho de comunicação. A crise do capitalismo e do receituário neoliberal pode recolocar na ofensiva ideológica as forças de esquerda, socialistas; o partido, hoje com maior musculatura e visibilidade na sociedade, realizará seu 12º Congresso em novembro; e o governo Lula agendou para dezembro a conferência nacional de comunicação, precedida das conferências municipais (maio/julho) e estaduais (julho até outubro). Com base neste contexto e perspectivas, a frente de comunicação do PCdoB deve definir as suas prioridades para 2009. 



 
a) Estruturação da frente de comunicação. Aproveitar o ano não-eleitoral e do 12º Congresso do PCdoB para realizar um intenso debate no coletivo partidário, a partir das direções estaduais, sobre o trabalho desta frente estratégica. O objetivo é revigorar esta secretaria, definindo melhor suas funções e seu papel político, montando comissões estaduais dinâmicas, elegendo secretários nos principais municípios, reforçando a relação com as secretarias de organização para alavancar a estruturação partidária e promovendo a sinergia com outras frentes. Além das tarefas cotidianas – como a de planejar a distribuição do jornal Classe Operária e de alimentar o Vermelho/Partido Vivo – as secretarias estaduais devem jogar papel ativo na luta de ideias na sociedade, garantido maior visibilidade ao partido fora do período eleitoral. É preciso intensificar a relação política do partido com a imprensa local, tanto a hegemônica como a contra-hegemônica, como forma de dialogar com a sociedade e travar a disputa de ideias. A exemplo das secretarias de agitação e propaganda do passado, as atuais secretarias de Comunicação devem ocupar um papel de maior relevo nas direções partidárias. Esta é uma exigência da luta de idéias na fase atual de uma nova ofensiva ideológica das forças anticapitalistas, socialistas.



 
b) Luta pela democratização das comunicações. A convocação da conferência nacional, algo inédito na história do país, coloca num novo patamar a luta contra a ditadura midiática e pelo fortalecimento dos veículos contra-hegemônicos. O Fórum Mundial de Mídia Livre, realizado durante o FSM em Belém, decidiu realizar fóruns estaduais ainda no primeiro semestre como forma de preparação para as conferências municipais, estaduais e nacional de comunicação. Na ocasião, o Ministério da Cultura lançou o edital inovador e corajoso dos Pontos de Mídia Livre. O debate sobre este tema estratégico ganhará um novo impulso no país, envolvendo milhares de participantes e interesses. Os comunistas devem se tornar militantes da luta pela democratização das comunicações. O partido deve jogar papel ativo neste processo, mobilizando o seu coletivo e participando dos fóruns estaduais de mídia livre e das conferências institucionais. A resolução do Comitê Central, aprovada no final de 2007, é uma importante contribuição ao debate do tema e deve ser ainda mais enriquecido. Ele permite maior protagonismo do partido neste embate.



 
c) Nossos instrumentos: Vermelho, Partido Vivo, Classe Operária. O ano de 2009 deve servir para alavancar os veículos do partido. É preciso “chacoalhar a roseira”. O atual estágio da luta de ideias não permite comodismo. Os comitês estaduais precisam discutir como aparelhar o trabalho de comunicação, com recursos humanos e materiais. Diante das reais dificuldades financeiras, as próprias secretarias devem procurar meios de auto-sustentação – anúncio publicitário e materiais promocionais. Os cadernos estaduais do Vermelho e Partido Vivo necessitam ser dinamizados e aperfeiçoados, tornando-se autênticas sucursais, com mais colunistas, reportagem, análise, audiovisual etc. A nova ferramenta, contratualmente prevista para maio, abrirá amplas possibilidades de recursos – TV, rádio-web, blogs, colunistas. É urgente discutir o planejamento da distribuição do jornal Classe Operária junto às secretarias de organização e colada aos planos de estruturação partidária. É possível e necessário ampliar a tiragem do jornal, visando atingir 1 milhão de exemplares até o final deste ano. A equipe central está aberta às críticas do coletivo e disposta a enfrentar os novos desafios, melhorando o conteúdo e a linguagem dos nossos instrumentos.         



 
Propostas concretas:



 
1- Promover, entre março-maio, encontros estaduais sobre a frente de comunicação. Eles devem reunir as direções partidárias, em especial os secretariados, e os comunicadores comunistas das frentes interna e externa – assessores parlamentares, sindicais e outros. Pauta dos encontros:



 
– Luta pela democratização da comunicação: conferência nacional e fóruns de mídia livre;
– Estruturação do trabalho de comunicação do partido: recursos, secretarias, comissões;
– Planejamento da distribuição do jornal Classe Operária; metas, objetivos e linha editorial;
– Cadernos estaduais do Vermelho/Partido Vivo: atualização, colunistas, vídeo-reportagens;



 
2- Captar publicidade. Iniciativas na esfera federal e estadual. Os estados ficarão com 80% dos recursos obtidos no local. Viabilizar anúncios de sindicatos e entidades e a campanha de apoio financeiro ao portal; aumentar o cadastro; venda de materiais promocionais. Recursos devem ser alocados no aparelhamento do trabalho de comunicação;



 
3- Promover ainda no primeiro semestre encontro específico para discutir o Vermelho, sua nova ferramenta e seus novos recursos multimídia e interativos. Retomar, na sequência, os cursos de correspondentes do portal. Ampliar o número de colunistas e garantir mais matérias autorais;



 
4- Organizar um Grupo de Trabalho Executivo (GTE) para acompanhar nossas experiências de comunicação na frente institucional – prefeituras e mandatos legislativos –, com vistas a 2010. Mobilizar a bancada federal e prefeituras no processo da Conferência Nacional de Comunicação;



 
5- Realizar, no início do segundo semestre, campanha publicitária nacional para dar visibilidade ao 12º Congresso, divulgando as opiniões do partido sobre a crise capitalista e a alternativa do socialismo, visando ampliar o numero de filiações ao PCdoB;



 
 
(Documento discutido e aprovado na reunião do Fórum de Comunicação do PCdoB, em 13 de fevereiro, e no Encontro Nacional de Comunicação do PCdoB, realizado em 15 de fevereiro de 2009, com a presença de 83 camaradas de 18 estados)