Fidel critica Biden por descartar fim do bloqueio a Cuba
O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, classificou hoje de “lamentos chorões” que “metem pena” as afirmações do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que o seu país não levantará o bloqueio a Cuba.
Publicado 30/03/2009 10:50
“Os seus lamentos chorões metem pena, especialmente quando não existe um só governo latino-americano e caribenho que não veja essa medida 'antediluviana' como um lastro do passado”, afirma Castro, em novo artigo difundido hoje no site oficial cubadebate.
Biden negou sábado – em Viña del Mar, Chile, onde participou da Cúpula de Líderes Progressistas – que a administração de Barack Obama tenha a intenção de levantar o embargo. E afirmou que os cubanos “devem determinar o seu próprio futuro em liberdade e com a possibilidade de prosperidade económica”.
O vice-presidente norte-americano afirmou ainda que “Cuba não é o maior desafio que enfrentamos” e que não tinha ido ao Chile falar deste assunto.
Fidel Castro defende que “quem ler as declarações do piedoso católico Joe Biden, que descarta levantar o bloqueio económico a Cuba, suspirando por uma transição interna que no nosso país seria francamente contra-revolucionária, ficará assombrado”
O ex-presidente cubano diz ainda que “é divertido ver como se agitam as entranhas do império, cheio de problemas e contradições insuperáveis com os povos da América Latina, a quem pretendem dominar eternamente”.
No artigo, intitulado “China, a futura grande potência económica”, Castro fala também da atitude do país asiático face à crise internacional e do peso que terá na reunião do G20, a realizar em Londres quarta e quinta-feiras.
“Pelo que se pode apreciar, a influência da República Popular da China na reunião de Londres será enorme, do ponto de vista económico, ante a crise mundial. Isso nunca ocorreu antes, quando o poder dos Estados Unidos reinava totalmente nesse campo”, disse.
Lei abaixo a íntegra do artigo
Reflexões do Companheiro Fidel
China, a futura grande potência econômica
Nestes dias, muitas matérias falaram do potencial econômico da China.
Ontem, 28 de março, foi a vez da principal agência de notícias norte-americana reconhecer que “a China é a única economia importante que segue crescendo com força no mundo”…
“Em sua segunda repreensão à liderança estadunidense em uma semana – continua a notícia, não muito amável ao final do parágrafo -, o presidente do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, assegurou que a rápida resposta da China à fase de contração econômica internacional – incluindo o pacote de estímulo equivalente a US$ 586 milhões – demonstrou a superioridade de seu sitema político, autoritário e unipartidista”.
A agência AP, de imediato, divulga as palavras textuais do presidente do banco central chinês: “Os fatos são evidentes e demonstram que, em comparação com outras economias importantes, o governo chinês tomou medidas políticas pontuais, firmes e eficazes, demonstrando as vantagens de seu sistema…”, tomadas de declarações de Zhou que, segundo afirma a agência, foram difundidas no site do Banco Popular da China.
“Quando faltam duas semanas para a reunião do Grupo dos 20 países de economias mais importantes (G20) – acrescenta a notícia -, em 2 de abril, em Londres, Zhou chamou os demais governos a outorgarem a seus ministros das Finanças e bancos centrais toda a autoridade, para que possam 'atuar de forma audaz e eficaz, sem ter que passar por um processo longo, ou mesmo doloroso de aprovação'.
“A China deixou clara sua aspiração: quer um dólar norte-americano estável e até defendeu a criação de outra moeda mundial paralela. Beijing se opõe ao protecionismo – prossegue a agência – e está exigindo que lhes dêem mais ouvidos sobre a forma como os sistemas financeiros são regulados e como eles são resgatados, enquanto se abstém de fazer qualquer promesa de novos planos de resgate ou estímulo em seu próprio solo”.
E a parte final da notícia, expressa:
“… o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, tem instado Washington a que a união norte-americana continue sendo uma nação crível.”
“Em outras palavras, Beijing quer que Washington evite estimular a inflação com um gasto excessivo do governo em pacotes de salvamento e estímulo”.
Pelo que se pode observar, a influência da República Popular da China na reunião de Londres será enorme, do ponto de vista económico, ante a crise mundial. Isso nunca ocorreu antes, quando o poder dos Estados Unidos reinava totalmente nesse campo
Por outro lado, en nosso hemisfério, é divertido ver como se agitam as entranhas do império, cheio de problemas e contradições insuperáveis com os povos da América Latina, a quem pretendem dominar eternamente.
Quem ler as declarações do piedoso católico Joe Biden, em Viña del Mar, que descarta levantar o bloqueio económico a Cuba, suspirando por uma transição interna que, no nosso país, seria francamente contra-revolucionária, ficará assombrado.
Seus lamentos chorões metem pena, especialmente quando não existe um só governo latino-americano e caribenho que não veja nessa medida antediluviana um lastro do passado. Que ética subsiste na política dos Estados Unidos? Quanto resta de cristianismo no pensamento político do vice-presidente Biden?
Fidel Castro Ruz
29 de março de 2009