Liga Árabe promete trabalhar por unidade e causa palestina
Chefes de estado ou seus representantes de 22 países árabes comprometeram-se nesta segunda-feira, em Doha, no Catar, a trabalhar para eliminar as divisões dentro da comunidade e exercer mais pressão a favor de uma solução do conflito palestino-israelen
Publicado 30/03/2009 16:51
Ao inaugurar aqui a 11ª cúpula ordinária da Liga Árabe (LA), os presidentes confirmaram a agenda preparada há dois dias por seus respectivos chanceleres, na qual também está proposta adotar uma posição de apoio ao Sudão.
Após a foto oficial e a saudação protocolar, o emir do Catar, xeique Hamad bin Khalifa al Thani, acompanhou ao salão principal os reis, outros emires e presidentes que estão presentes à cúpula, aberta com louvores a Alá, segundo a tradição islâmica.
Um dos primeiros oradores foi o presidente da Síria, Bashar al-Assad, que em sua condição de titular da cúpula anterior, fez um balanço crítico do ano decorrido, com acertos e desacertos, e reafirmou o interesse de Damasco em defender a causa comum árabe.
Consultado pela Prensa Latina, o chanceler da Autoridade Nacional Palestina, Riad Malki, deu grande importância à reunião, que permite “avançar em benefício da nação árabe e promover uma saída justa ao problema palestino”.
De fato, um rascunho da declaração final, que deverá ser assinada na terça-feira pelos chefes de estado, adverte a Israel que a denominada Iniciativa Árabe de Paz, apresentada na cúpula de Beirute, em 2002, “não é uma oferta indefinida”.
A referida iniciativa compromete os países árabes a reconhecerem o Estado de Israel em troca de propiciar o estabelecimento de um estado palestino com capital em Jerusalém Oriental, e a devolução dos demais territórios ocupados em 1967.
Outros diplomatas e analistas presentes à cúpula, realizada à margem do Golfo Pérsico (Árabe, para os árabes), disseram esperar que marque “uma virada significante nas rivalidades entre nações vizinhas”, apesar de ausências sentidas.
A respeito, o ministro egípcio de Assuntos Legais e Parlamentares, Mufeed Shehab, disse que o Cairo “estará comprometido com todas as decisões e recomendações que sejam aprovadas na reunião”.
Shehab, que lidera a delegação do Egito a Doha diante da ausência do presidente Hosni Mubarak, garantiu “total continuidade aos esforços para resolver as diferenças interárabes e conseguir a reconciliação”.
Um primeiro sinal de postura comum foi o apoio oferecido ao presidente sudanês, Omar Hassan al-Bashir, que compartilhou espaço no salão principal com os secretários gerais da ONU, Ban Ki-moon, e da Liga Árabe, Amr Moussa.
Al-Bashir chegou no domingo a Doha em cumprimento de sua promessa de ignorar a ordem de detenção emitida contra si pela Corte Penal Internacional (CPI), que pretende julgá-lo por supostos crimes de guerra e delitos de lesa-humanidade que teriam sido cometidos em Darfur.
Espera-se que a reunião encerre com uma resolução de condenação à decisão da CPI e que defenda a anulação ou suspensão de seu pedido de detenção, segundo adiantou a Prensa Latina o assessor de al-Bashir, Mustafa Othman Ismail.