Anistia e indenização para ex-presos políticos

Nesta quarta-feira, 1º de abril, foram relembrados os 45 anos do Golpe Militar. No Recife, a Caravana da Anistia do Ministério da Justiça pediu oficialmente desculpas ao ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, pelas injustiças cometidas contra ele no

Há 45 anos, Pernambuco sofria uma grande perda no campo político e democrático. O então governador Miguel Arraes (PSB), o mais popular e admirado que o estado já teve, era deposto de seu cargo pelos militares que tomavam o poder. O socialista resistiu e, como conseqüência, foi preso e exilado.


 


Para reparar o erro cometido pelos militares, uma homenagem ao político foi realizada no Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo Estadual. Na ocasião, o ministro Tarso Genro relembrou as lutas de Miguel Arraes e pediu oficialmente desculpas, em nome do Estado, ao ex-governador. “A visão da anistia de juristas tradicionais é que há um perdão que o Estado concede às pessoas. Mas a concepção de anistia que trabalhamos é que quem pede perdão é o Estado. A violência que o Estado cometeu de forma autoritária não é aceitável”, avaliou.


 


Foi um momento de forte emoção para Madalena Arraes, viúva do ex-governador falecido em 2005. Eduardo Campos, neto do socialista e que seguiu os passos do avô até chegar ao Palácio, assinou a ordem de indenização para 32 ex-presos políticos de Pernambuco. Entre eles, o presidente do PCdoB no estado, Alanir Cardoso, que também esteve presente à solenidade.


 


Em seu governo, Eduardo Campos já anistiou 169 militantes e ex-presos políticos, e desembolsou R$ 4.066.100 milhões em indenizações.


 


Um homem de fortes palavras…
Antes de ser deposto do cargo de governador e preso, Miguel Arraes assinou um discurso em que deixava claro o seu compromisso com o povo. O texto foi lido pelo seu neto, e hoje governador, Eduardo Campos e transmitido pelas rádios pernambucanas.


 


São palavras fortes, em que ele não se deixa vencer pela força autoritária dos militares, ante o direito conquistado no voto de ser governador de Pernambuco. Leia abaixo um trecho deste discurso:


 


“Talvez, neste momento, eu já seja um prisioneiro do IV Exército. Talvez, eu já atravesse a porta deste gabinete preso. Mas, nunca os senhores conseguirão que o atual governador de Pernambuco saia desta sala desmoralizado. Eu tenho um mandato que me foi conferido não pelos senhores, mas pelo povo e que termina numa data certa. Os senhores não me podem tomar essa representação que o povo me conferiu. Poderão, no entanto, impedir-me de exercê-lo, pela força.


 


Além disso, tenho oito filhos, que precisarão saber no futuro como foi que o pai se comportou nesta hora. Enquanto eu for governador de Pernambuco, não aceitarei a menor limitação às minhas prerrogativas constitucionais”.


 


Do Recife,
Daniel Vilarouca – com informações da mídia local.