Dia do Trabalhador e não Dia do Trabalho

A mídia e a classe patronal teimam em denominar o 1º de Maio como sendo uma data comemorativa ao trabalho e não ao trabalhador. Por isso eles denominam de “Dia do Trabalho”. Isso não é por acaso, existe uma forte carga ideológica na tentativa de mudar o s

Era 1º de Maio de 1886, operários faziam uma greve geral, tendo como palavra de ordem, “8 horas de trabalho, 8 horas de sono, 8 horas de lazer”, houve uma violenta repressão policial, verdadeiro banho de sangue, com muitos operários mortos e centenas de operários presos. Esse episódio da luta da classe trabalhador transformou-se em um marco histórico no calendário das organizações operarias em todo o mundo. Essa data passou a ser comemorada, pelos operários, em todos os países, como o seu dia, um dia de luta, um dia para fortalecer a união da classe operária em todo o mundo.


 


A semente estava plantada e o movimento operário, com o surgimento dos sindicados, se organiza e a se fortalecer. O sindicato passou a ser um instrumento basilar na luta e na defesa dos direitos da classe trabalhadora, surgindo, nessa época, uma imprensa operária, que se transformou em outro instrumento fundamental no debate das idéias e na organização dos trabalhadores do campo e da cidade.


 


No Brasil, no final do Século 19, encontramos o inicio da organização operária com características das existentes na Europa. São anarquistas e socialistas que vieram na imigração européia, são homens e mulheres ligados a esses movimentos que vão influenciar os primórdios da nossa organização sindical. 


 


No início do século 20 vamos encontrar uma imprensa operária atuante, com diversas publicações circulando pelo país: Tribuna do Povo, de tendência anarquista, Recife, 1912; Primeiro de Maio, de tendência socialista, Fortaleza, 1918; O Gráfico, Órgão Oficial da Associação Gráfica do Rio de Janeiro, 1915. Inclusive, no Gráfico N° 9 de 1° de Maio de 1924, trás um artigo de Euclides da Cunha sobre a exploração capitalista com o titulo “O homem e a máquina”; O Sindicalista, de tendência anarquista, Porto Alegra, 1919; A Nação, de tendência comunista, Rio de Janeiro. A Nação, no dia 2 de maio de 1927, publicou a seguinte manchete “O comício da Praça Mauá foi a mais grandiosa demonstração proletária nesses últimos oito anos”, tendo como sub-manchete “10.000 operários e operárias vibraram pela frente única, pela unidade sindical, pela Rússia e a China proletárias, contra o fascismo, contra o perigo de novas guerras!”; A Plebe, São Paulo, 1949; e por último, a Voz Operaria, órgão do Partido Comunista do Brasil que passa a ter uma presença marcante no meio operário.


     


Aqui no estado a classe trabalhadora tem uma história heróica na Região Salineira, principalmente em Mossoró, através do Sindicato do Garrancho. Essa luta teve como bandeira à jornada de 8 horas de trabalho, a mesma dos trabalhadores de Chicago, nos Estados Unidos, em 1886. O Sindicato do Garrancho foi embrião da organização sindical em Mossoró, transformou-se na trincheira de luta dos operários das salinas. Nesse período as lideranças de Jonas e Lauro Reginaldo, Manoel Torquato, Chico Guilherme, Joel Paulista, Zé Moreira, Canário, Vivaldo Dantas, Lourival de Góis, Cesário Clementino, vão ter um papel importante na organização dos trabalhadores na nossa região, isso do limiar das lutas operárias até o golpe militar de 1964, alguns ultrapassa o período ditatorial enfrentando a ditadura e, depois, participa intensamente da redemocratização com as diretas já e a luta pela constituinte.


 


Com o advento do neoliberalismo e o avanço da ciência e da tecnologia, os trabalhadores sofrem um revés nas suas conquistas: jornada de 8 horas de trabalho, repouso semanal, aposentadoria por tempo de serviço, estabilidade no emprego, todas essas conquistas vem sendo ameaçadas constantemente, resultado do desemprego, fruto da substituição da mão-de-obra humana pela máquina, tanto na produção como nos serviços, com isso criando o que os capitalistas mais adoram um exército de desempregados. Portanto, nesse 1º de Maio vamos comemora o Dia do Trabalhador, como um dia de luta, de fortalecimento das organizações sindicais, de enfrentamento com os interesses neoliberais, de reflexão sobre a crise do capitalismo. Lembrando sempre que esse dia é o Dia do Trabalhador e não o Dia do Trabalho..


 


por Antonio Capistrano, filiado ao PCdoB