1º de Maio: trabalhadores e trabalhadoras unidos por mudanças
“Esse 1º de maio será, mais do que nunca, de luta e de protesto, vinculado à denúncia do sistema financeiro, que vem condenando as nações ao empobrecimento da sociedade e à precarização nas relações de trabalho”, decretou o secretário sindical do PCdoB/BA
Publicado 30/04/2009 19:00 | Editado 04/03/2020 16:20
A redução dos juros e do spread bancário; a luta por direitos sociais, como a defesa da convenção 158 da OIT, que coíbe as demissões desmotivadas; e, fundamentalmente, a implantação de uma reforma agrária e urbana são apontadas como medidas prioritárias para a deflagração de uma efetiva transformação econômica, política e social. “A crise aponta para novos caminhos e cabe aos trabalhadores fazerem pressão sobre os poderes públicos para a aplicação de políticas progressistas e desenvolvimentistas”, opina Pedreira.
A questão dos direitos trabalhistas e a alta incidência nos índices de acidentes de trabalho engrossam a lista de reivindicações. Dados recentes da Previdência Social revelam 3 mil mortes por ano, no país, em virtude de acidentes de trabalho; o que custa, aos cofres públicos, R$ 42 bilhões anuais, segundo a Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho. “A gente tem, hoje, um operário na presidência da República e isso é um destaque que não podemos esquecer”, pontuou o líder sindical. “O governo vem buscando democratizar mais as relações, o que é fruto da própria intervenção dos trabalhadores, mas ainda está muito distante do modelo que nós apontamos”, afirmou.
Desemprego
Dados recentes da última Pesquisa de Emprego e Desemprego encomendada pelo Dieese e Fundação Seade em seis regiões metropolitanas (RMS) apontam um aumento médio na taxa de desemprego de 13,9% para 15,1% em março, comparada a fevereiro. Em termos absolutos, o contingente de desempregados teve um acréscimo de 254 mil, totalizando 3,01 milhões de pessoas.
Em Salvador e RMS, a taxa de desemprego recuou 4,3 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado, fechando o mês no patamar dos 20,1%. Apesar de ser o menor índice para um mês de março desde o início da série histórica da pesquisa, em 1996, trata-se do pior resultado entre as demais regiões pesquisadas – Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, São Paulo e o Distrito Federal. “Talvez por conta da ausência de um pacto federativo no país, as regiões Norte e Nordeste, que costumam ficar à margem dos grandes investimentos, conservem os piores índices de desenvolvimento humano e as maiores taxas de desemprego”, sugere Aurino Pedreira.
O número de desocupados na capital baiana e RMS alcançou 367 mil pessoas. As taxas despencam ainda mais quando se tratam de mulheres e, em especial, negras. “Há ainda uma política de dominação do homem, mesmo com a mulher assumindo novos espaços e tendo maior grau de escolaridade. A sociedade é machista”, critica o secretário estadual do PCdoB. Elas correspondem a 56% dos excluídos do mercado de trabalho somente na região metropolitana de Salvador.
No dia 1º de maio, entretanto, passam a ser incluídas, ao menos emblematicamente, na data em que se homenageia o trabalhador, a partir da aprovação, em decisão terminativa e por unanimidade, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, do projeto de lei que propõe a alteração do “Dia do Trabalho” para o “'Dia do Trabalhador e da Trabalhadora”. “Nós temos que acabar, de uma vez por todas, com as desigualdades entre homens e mulheres e reafirmar a necessidade de que os espaços, de fato, possam ser abertos de uma forma democrática em todos os níveis e funções”, frisou Pedreira. “E apontar que o socialismo é a alternativa concreta e ideal para que as desigualdades, em todas as suas vertentes e manifestações, possam ser rompidas”, arrematou.
De Salvador,
Camila Jasmin