Salvador: Câmara comemora os 30 anos do Olodum com sessão especial
De 25 de abril de 1979, quando foi fundado no Pelourinho, para cá, o Bloco Afro Olodum ganhou o mundo. Para comemorar essa trajetória de sucesso, que inclui uma forte atuação no campo social, a Câmara Municipal de Salvador promoveu, na terça-feira (dia 28
Publicado 30/04/2009 17:17 | Editado 04/03/2020 16:20
O evento contou com as presenças dos secretários estaduais, Domingos Leonelli (Turismo), Márcio Meireles (Cultura), os deputados Javier Alfaya (PCdoB), Luis Alberto (PT), as vereadoras Marta Rodrigues e Leo Kret, os vereadores Moisés Rocha (PT), Alcindo Anunciação, além do diretor do IRDEB, Pola Ribeiro, da secretária de Promoção da Igualdade, Luíza Bairros; do professor Antônio Godi; do escritor, Marcelo Dantas e da jornalista Ana Alakija.
O Coral da Escola Olodum, formado por adolescentes, se apresentou regido pelo maestro Keiler Rego e tendo como solista a cantora Camila. No repertório, o Hino da África do Sul, Nkosi Sikelel, Navio Negreiro e Protesto Olodum.
Olívia Santana destacou que a Câmara não poderia deixar de registrar a passagem de uma data tão importante tanto para Salvador quanto para todo o Brasil, por tudo que o Olodum tem representado nesses 30 anos de luta e resistência cultural.
“O Olodum nasceu no ventre do Maciel, Pelourinho. Na época um ambiente dos degradados, das prostitutas e dos esquecidos pelo Estado. O Olodum surge nesse espaço com a proposta de resgate da autoestima e cidadania das famílias esquecidas do antigo Pelourinho, e com determinação e coragem se transformou num ícone da cultura baiana, reconhecido mundialmente”, destacou Olivia.
A vereadora lembrou dos fundadores da entidade, a exemplo de Carlos Alberto Conceição do Nascimento – Presidente, Geraldo Miranda – Vice, José Carlos Conceição do Nascimento, José Luiz Souza Almeida, Francisco Carlos Souza Almeida, Antônio Jorge Souza Almeida e Edson Santos da Cruz. Com a coragem desse grupo, disse Olivia, o Olodum saiu no Carnaval de 1980 como grito dos excluídos, mas também porta-voz da alegria (Olodum – Deus dos deuses, divindade de matriz africana).
Sete anos depois, em 1987, o grupo se consagra com a canção Faraó. Para Olivia Santana, uma das mais lembradas em todos os tempos da história da entidade. Ela salientou que o Olodum não é apenas um grupo carnavaveleco. “É também um provocador dos problemas sociais e políticos do povo, principalmente de origem africana”, disse.
A criação da Escola Criativa Olodum foi destacada por Olívia como uma das principais ações sociais do grupo voltada para a integração e o resgate de crianças e adolescentes em situação de risco.
“Sem perder suas características e sem se curvar aos poderosos, o Olodum se posicionou politicamente contrariando interesses políticos na Bahia, na época do carlismo, deixando sua marca de irreverência e criatividade pelo mundo afora”, frisou Olivia acrescentou que a Bahia tem que agradecer à existência do Olodum, principalmente no resgate do Pelourinho, trazendo gente do mundo inteiro para seus ensaios.
A autora das homenagens encerrou sua fala contemplando o presidente do Olodum, João Jorge, com uma medalha em nome dos 41 vereadores de Salvador.
Emocionado, João Jorge passeou pela história da entidade, lembrando dos momentos difíceis em que nínguem acretitava que um bloco carnavalesco nascido num dos maiores guetos da América fosse dar certo. “O Olodum desafiou a ordem estabelecida, enfrentou o preconceito mas não desistiu em momento algum de ser uma referência e afirmação para o povo negro”, disse.
João Jorge lembrou dos momentos em que enfrentou a polícia no anos 80, e em meados da década de 90 um diretor do bloco foi baeleado e outro assassinado pela polícia. “O trabalho desenvolvido por nós incomodava a alguns, por isso fomos buscar na África do Sul experiências para libertar Salvador da opressão”, pontuou. Ele dastacou o reconhecimento mundial que o grupo tem, o Bando de Teatro Olodum que passou a levar atores negros para os palcos, e as gravações com outros músicos consagrados, como Wayne Shorter, Michael Jackson, Jimmy Cliff, Herbie Hancock e Caetano Veloso e Paul Simon. “O grupo Olodum milita em movimentos sociais contra o racismo e pelos direitos civis e humanos, concluiu.
Para João Jorge, é preciso dasafiar a Bahia de novo, democratizando ainda mais a política, desamarrando o Carnaval da mão de uns três ou quatro grupos que o Estado paga para tocar. “ A Bahia é um dos poucos lugares do mundo em que uma minoria branca (18%) domina 72% da população. O Olodum é o estandarte dessa mudança”, alfinetou.
O secretário estadual da Cultura, Marcio Meireles, destacou que o Olodum é um bloco afrobaiano de sucesso, e quando ele cresce é a comunidade negra que está ganhando reconhecimento. “A homenagem é justa pela trajetória da entidade. É preciso políticas públicas que acabem com essa perversão que as novas formas de racismo fomenta. “O Olodum é a busca de novos valores, de afirmação e convivência com as diferenças”, disse.
A Jornalista Ana Alakija, da Agência Afro-latina e Euro-americana de Informação (ALAI), pontuou que na época de repressão do país o movimento deflagrado pela Olodum foi um dos poucos que ceseguiu se firmar. A secretária da Sepromi, Luíza Bairros, enalteceu que o Olodum foi uma das primeiras entidades a ter uma mulher na linha de frente de suas ações. “O bloco trouxe para o Carnaval os temas afro-brasileiros, incorporou os modernos instrumentos de organização e inovou em colocar pessoas brancas nos desfiles do bloco”, disse.
Fonte: Ascom/Gabinete da vereadora Olívia Santana