Em favor de Dilma, PT cogita apoiar PMDB

A proposta de que o PT apoie o PMDB na disputa pelo Palácio Piratini em troca de uma aliança nacional em favor da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência ameaça azedar o debate eleitoral entre petistas gaúchos.

No Estado, integrantes do grupo Construindo um Novo Brasil (CNB), como os deputados federais Marco Maia e Emília Fernandes, defendem a ideia. O CNB é a corrente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro José Dirceu, maioria do diretório nacional.


 


Mesmo consciente da resistência do comando gaúcho, Maia diz que a legenda deve ter sensibilidade para debater a aliança com o PMDB.


 


“A reeleição do projeto nacional é a questão central para 2010. O PT gaúcho não pode desconsiderar a importância do governo Lula para o país” diz o deputado.


 


O parlamentar acredita que a coligação PT e PMDB formaria uma “chapa ideal” para disputar o governo do Estado e fortalecer a candidatura de Dilma:


 


“Se quisermos ter resultados eleitorais, temos de ter uma política de alianças mais ampla. Precisamos nos reaproximar de PDT, PTB e PMDB. Isso se quisermos disputar a eleição para ganhar e não apenas para marcar posição.”


 


Segundo Emília, o governo Lula já comprovou que uma sigla sozinha não consegue fazer mudanças:



“Não descartamos o diálogo com nenhum partido da base de Lula. Os partidos não precisam abrir mão de suas bandeiras se abraçarem um projeto de governo que possa fazer diferença na vida das pessoas. É isso que ocorre no Brasil. Por que o PT no Rio Grande do Sul não consegue dialogar?”



Na cúpula nacional do partido, o tema é tratado no contexto nacional. Como a vitória na corrida presidencial é a prioridade em 2010, integrantes do alto comando petista consideram que um acordo com o PMDB está acima das rivalidades estaduais. Líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza (SP) diz que a política nacional de alianças, a ser definida em fevereiro de 2010, vai nortear as táticas estaduais.


 


Em cenários desenhados por membros da executiva, o PT gaúcho ofereceria a cabeça de chapa na disputa estadual ao PMDB em troca de apoio a Dilma. O sacrifício, porém, não seria exclusivo dos gaúchos. A ideia central é que, em todos os Estados, o PT não pode desconsiderar a hipótese de perder cabeças de chapa para garantir alianças.


 


Para a maioria dos petistas gaúchos, porém, a proposta de apoiar um candidato do PMDB ao governo é vista com um misto de ironia e repulsa. O deputado estadual Raul Pont, da corrente Democracia Socialista (DS), duvida que alguém tenha “coragem” de defender a ideia no PT. Ele condena qualquer aproximação com legendas da base do governo Yeda Crusius:


 


“O PMDB faz parte do governo tucano e é também responsável pelas políticas públicas desta gestão.”


 


Ao lado das correntes Esquerda Democrática e PT Amplo, a DS defende a candidatura do ministro da Justiça, Tarso Genro, ao Piratini. Os outros dois concorrentes são o deputado estadual Adão Villaverde, do CNB, e o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, da Articulação de Esquerda. Segundo Emília, Villaverde foi lançado depois de esgotadas as tentativas de negociação com os grupos de Tarso e Vanazzi. A definição do candidato está marcada para os dias 17 e 18 de julho, em encontro estadual do PT.


 


FONTE: Zero Hora