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Panamá tem outro duelo esquerda x direita na América Latina

Os panamenhos elegem neste domingo (2) seu presidente para os próximos cinco anos, divididos entre a direita, representada pelo multimilionário Ricardo Martinelli, e a esquerda situacionista de Balbina Herrera. Cerca de 2,2 milhõe de panamenhos estão insc

O novo presidente do país sucederá no cargo Martín Torrijos. O favorito, de acordo com as pesquisas, é o opositor Martinelli, de 57 anos, um empresário que concorre pela coalizão Aliança pela Mudança. As últimas estimativas divulgadas dão a ele uma vantagem de até 11%. No segundo lugar vem Balbina, de 54 anos, escolhida pelo Partido Revolucionário Democrático (PRD). Atrás, está o ex-presidente Guillermo Endara (1989-1994), do Partido Vanguarda Moral da Pátria, com porcentagens bem menores de preferência.


 


Apesar do panorama revelado pela pesquisas — que apontam uma vitória quase certa da oposição —, há analistas no país que ainda creem que o resultado da votação pode ser influenciado pela capacidade dos partidos de mobilizarem sua militância na reta final da disputa. O pleito será acompanhado por cerca de cem observadores internacionais da Organização dos Estados Americanos (OEA), que já estão no país e se reuniram com autoridades e candidatos nos últimos dias.


 


O Tribunal Eleitoral (TE) do país espera um alto nível de comparecimento, que poderia chegar a até 77% do eleitorado. Apesar da economia ir de vento em popa com o governo de Martín Torrijos, filho do emblemático general Omar Torrijos, os panamenhos parecem dispostos à mudança.


 


Favorito, Martinelli tenta sua segunda tentativa de chegar ao Palácio das Graças, a sede da presidência. Proprietário da principal cadeia de supermercados do país, ele não economizou em sua campanha, muito mais vibrante que a de Herrera. Martinelli, da Aliança pela Mudança — uma coalizão de três partidos de direita — tem uma vantagem de 11 a 16 pontos sobre Balbina, do Partido Revolucionário Democrático (PRD, social-democrata).


 


A campanha de Balbina, ex-ministra da Habitação, também se vê prejudicada pelas declarações do colombiano David Murcia, preso em seu país por fraudar milhares de compatriotas com um “esquema de pirâmide” — e que assegura que entrou US$ 3 milhões a ela, e outros tantos ao candidato da prefeitura da Cidade do Panamá, do PRD, como Herrera.


 


Independente de quem assumir a presidência a partir de 1º de julho, não parece que vá ocorrer uma mudança de rumo na economia do país — uma das mais globalizadas do continente, junto à chilena, e uma das mais bem-sucedidas, com um crescimento médio nos últimos três anos de 9,7%.


 


Iniciadas em 2007 por um total de US$ 5,25 bilhões, as obras de ampliação do Canal do Panamá têm sido os motores do êxito do dragão centro-americano. O canal é uma “galinha dos ovos de ouro”, pelo qual transita 5% do comércio mundial. “Nenhum dos dois candidatos colocará em perigo o sistema”, afirma Arístides Hernández, presidente da agência Latin Consulting.


 


Mas alguns dos problemas mais urgentes que o vencedor das eleições deverá atacar são a insegurança — a principal preocupação dos panamenhos — e a distribuição de renda. A concentração do PIB é a pior da América Latina. No Panamá, 28% da população vive na pobreza, em sua maioria indígenas.