Lugo pede que Brasil e vizinhos “estendam a mão ao Paraguai”
O chefe de Estado do Paraguai, Fernando Lugo, se reuniu hoje em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma visita na qual tentam resolver as divergências em torno da hidrelétrica de Itaipu. O presidente paraguaio ressaltou que seu país
Publicado 07/05/2009 21:05
Lugo, que chegou nesta manhã a Brasília, foi recebido esta tarde no Palácio Itamaraty por Lula, pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e pelo assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
Após a saudação protocolar, os dois líderes iniciaram uma reunião de trabalho e posteriormente irão para o Palácio da Alvorada para um jantar em homenagem ao visitante. A agenda da reunião inclui temas como a construção de infraestruturas na fronteira e cooperação em diversas áreas sociais, mas o ponto central serão as reivindicações que o Paraguai tem em relação a Itaipu, cuja gestão é binacional.
O presidente paraguaio alega que o tratado tem cláusulas que prejudicam o país e espera receber do governo brasileiro uma sinalização de que o apoio político e a manutenção das boas relações bilaterais terão mais peso nas negociações que os meros interesses comerciais em jogo.
“Viemos com a mente e o coração abertos para dialogar”, assegurou Lugo, que faz sua primeira visita oficial ao Brasil desde que foi empossado como presidente paraguaio, em agosto do ano passado.
Com razão, o Paraguai pede a revisão dos preços que o Brasil paga ao país vizinho pela energia produzida pela hidroelétrica. Os preços atuais foram estabelecidos pelo Tratado de Itaipu, assinado em 1973 e que tem valor até o ano de 2023.
O Brasil, que construiu a Itaipu, compra a energia a preço de custo e não ao preço de mercado, o que causa incômodo ao governo paraguaio.
O Paraguai também quer ter o direito de vender o excedente de produção ao mercado privado brasileiro ou a outros países, o que o atual Tratado de Itaipu não permite.
Integração regional
Antes da reunião com Lula, Lugo visitou o Congresso Nacional, onde defendeu uma integração regional “muito mais sólida, ampla e aberta ao futuro”. “Convém a todos crescer juntos; esta é a aposta que fazemos na América Latina”, ressaltou Lugo durante a visita ao Congresso, onde foi recebido pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Michel Temer, e do Senado, José Sarney.
A integração latinoamericana é uma das grandes bandeiras da esquerda na região. E o presidente paraguaio revelou estar alinhado com esse pensamento.
Durante a conversa que teve com os parlamentares, Lugo disse que “na América Latina há novos ventos políticos e democráticos sem precedentes”. Já o presidente do Senado ressaltou que é preciso “lutar para crescer juntos”, pois não importa se uma economia é maior que a outra, o importante “é encontrar pontos de convergência dentro das divergências”.
Lugo afirmou também que “existem dificuldades na relação com o Brasil que deverão ser superadas com o diálogo”, referindo-se ao impasse bilateral sobre a hidroelétrica binacional de Itaipu.
Para o governante, “o diálogo é a melhor arma para solucionar os pequenos e os grandes problemas”. Nessa linha, os negociadores paraguaios, como Ricardo Canese, argumentam que parte da dívida do Paraguai com o Brasil é ilegítima.
“Os problemas e as dificuldades são, ao mesmo tempo, desafios que precisam de coragem para ser enfrentados”, afirmou Lugo, lembrando que o “Brasil é um dos grandes sócios que escoraram a economia paraguaia”.
O presidente paraguaio ressaltou que seu país exporta basicamente produtos agropecuários, e quer dar um salto à industrialização. Nesse sentido, Lugo destacou a importância da ajuda dos países vizinhos.”Achamos que os países que já puderam dar esse passo podem estender a mão ao Paraguai”, ressaltou.
O governante paraguaio fará amanhã, acompanhado de Lula, uma visita ao Trem do Pantanal, um projeto turístico no estado do Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com o Paraguai e a Bolívia.
Da redação,
com agências
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