Luta em defesa da meia passagem mostra o endereço do lado politiqueiro

Enquanto milhares de estudantes, mobilizados pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) de Manaus e pela União Estadual dos Estudantes do Amazonas (UEE-AM), estavam nas ruas bradando palavras de ordem em desacordo com a restrição do uso a meia passagem, outros estavam sentados com o Amazonino “debatendo alternativas” para o que já está em vigor desde o início da semana.

Nas ruas sensibilizando a população do absurdo perpetrado pela Câmara Municipal de Manaus (CMM), com o apoio da prefeitura da cidade, e em Brasília diante do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) que validou o golpe aos estudantes, Gilmar Mendes, estavam os líderes do episódio ocorrido no dia 23 de dezembro do ano passado, quando os vereadores foram sujos de tintas por conta da sujeira feita aos jovens que, a partir dali, poderiam perder o benefício das 120 meias passagem.

Mas quem são mesmo os líderes estudantis que estavam diante de Amazonino? Por que eles também não estavam engrossando o coro de protesto nas ruas e tacando mais tintas nos vereadores em dezembro de 2008?

O resgate histórico da luta pela criação e, posteriormente, pela defesa da manutenção da meia passagem mostra de forma bastante clara que o lado em que o atual prefeito de Manaus sempre jogou, desde que assumiu mandatos eletivos, nunca foi o dos estudantes. Isso por si só já revela uma pista de resposta para as indagações feitas acima.

Somado a isso, observa-se que tão pouco Amazonino já recebeu os estudantes para debaterem de forma aberta a questão da meia passagem. Até porque ela já é parte da solução para o acesso dos jovens às escolas e aos bens culturais e desportivos. E isso é inquestionável.

No entanto, a lista das entidades estudantis ali presentes indica o jogo de cena feito, uma vez que seus representantes fizeram campanha direta ou indiretamente para que o atual prefeito pudesse ser eleito e para poder implementar os golpes que executa.

O representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFAM, que esteve na reunião, comemorou a vitória conferida à sua chapa em 2007 com um grito de “Negão”, mostrando sua afinidade com Amazonino. O representante do DCE-UEA é estreitamente ligado ao deputado estadual Ângelus Figueira (PV), histórico cabo eleitoral do prefeito. O representante do DCE-CIESA, por sua vez, incorporou a campanha de Mendes ao longo dos últimos meses da corrida eleitoral. E assim também os representantes dos DCE’s CEFET e UNINORTE, os quais nem estão legitimados pelos estudantes de suas instituições, já que o primeiro teve seu prazo de gestão vencido há mais de um ano e o segundo sequer passou por eleição.

Já a inexistente Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes (Conlute) talvez nem saiba o motivo de ter estado na sede da prefeitura, local da reunião. Atordoados, organizaram uma plenária de estudantes na UFAM, em dezembro passado, para aprovarem um encaminhamento de ação em relação à defesa da meia passagem, enquanto os vereadores já tinham decidido a sua parte e aprovavam à toque de caixa o projeto, sendo combatidos pela UNE, UEE-AM e UMES. Os representantes da Conlute se deram conta disso tardiamente e apareceram na Câmara no final do episódio esperando aparecerem na foto dos jornais.

Ciente do atrelamento de uns e da falta de apetite em lhe combater de outros, Amazonino não aceitou receber os representantes da UEE-AM e da UMES, dia 16 de abril, e tranquilamente convida seus aliados estudantis para conversar na manhã de ontem.

Jogo de cena feito, será mesmo que Amazonino Mendes mudará sua histórica linha política de combate aos estudantes? E seus jovens aliados, aparecerão nas combativas lutas estudantis ou aguardarão o momento em que a pauta tiver foco na mídia para sentarem novamente com o prefeito?

De Manaus,

Anderson Bahia

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