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Funasa: Índios conquistam reivindicações e terminam protesto

Após o presidente nacional da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Danilo Forte, assinar um documento em que se compromete a cumprir parte das reivindicações de mais de 37 comunidades indígenas do estado de São Paulo, os índios deram fim às manifestaçõ

Os caciques, que lideraram cerca de 100 índios no protesto, comemoraram o desfecho do protesto. “O objetivo do protesto foi cumprido. Saio satisfeito. Os compromissos serão cumpridos”, disse chorando o cacique Darã — porta-voz dos manifestantes.


 


Os representantes indígenas também devem se reunir com Forte no próximo dia 20, em Brasília. Eles serão acompanhados por membros da Defensoria Pública da União, que nesta sexta estiveram na sede da Funasa paulista negociando o acordo.


 


Darã também criticou a cobertura da mídia a manifestação. ''Eles não falam o que dizemos. manipulam nossas declarações. Inventam que depredamos o prédio e também que fizemos os funcionários reféns. Mas não pe verdade. Nossa manifestação foi pacífica, como qualquer um que vier a Funasa poderá ver”, afirmou Darã ao Vermelho.


 


Moradora da região do Arouche, local do prédio da Funasa na capital, Sônia Andrada, disse apoiar a manifestação. “Sou descendente indígena e sei como o índio ainda não é valorizado como merece no Brasil. Nas aldeias faltam medicamentos, médicos e muito mais. Apoio integralmente o protesto”, defendeu.


 


Para encerrar a manifetação, os indígenas se reuniram em frente a Funasa e celebraram o fim das negociações com uma dança guarani de agradecimento.


 


Compromissos


 


Entre os compromissos assumidos por Forte em documento — o presidente enviou por fax um papel assinado com os itens reivindicados — está a liberação de materiais e equipamentos para melhorar as condições de saneamento e abastecimento de água nas aldeias, a liberação de dez veículos para atendimento à saúde dos índios e o investimento de cerca de R$ 2 milhões que estava disponível no Orçamento 2008 do órgão, mas não foi aplicado pela coordenadoria.


 


''As comunidades concordaram que, havendo o compromisso desses termos que foi assinado, eles deixariam de reivindicar a saída de Rezek'', afirmou o defensor público João Paulo Dorini, que se reuniu na manhã de hoje com os índios para negociar o acordo.


 


Ele também deve acompanhar as cinco lideranças indígenas que se reunirão no próximo dia 20 com Forte. ''Na nova reunião, vamos tentar firmar um termo de ajustamento de conduta para que possamos trabalhar com algo mais concreto, como datas e, eventualmente, poder exigir isso judicialmente'', afirmou Dorini.


 


Protestos


 


Segundo informações de lideranças indígenas ao Vermelho, em novembro do ano passado foi firmado um acordo entre os caciques e o coordenador regional. O acordo de novembro contemplou parte das reivindicações indígenas, inclusive a demissão de Rezek no início deste ano.


 


No entanto, nada do que foi firmado em novembro de 2008 foi cumprido, motivando o protesto e ocupações desta semana. “Nós tentamos o diálogo com o coordenador, mas ele não cumpriu nada do que nos prometeu. Quem não quer trabalhar tem que sair da sua função”, argumentou a guarani Muaiê.



 
Na manhã desta terça-feira ocorreu a primeira ocupação da Funasa. As lideranças deixaram o prédio na noite de quarta-feira (6), após promessa de Rezek de pedir demissão ao presidente nacional do órgão. Forte, no entanto, não aceitou o pedido de demissão de Rezek.


 


Ainda na quarta, os caciques permitiram a entreda da imprensa na Funasa para que se esclarecesse qualquer dúvida sobre a integridade do prédio ou a possibilidade de reféns. Também foi mostrado pelas lideranças mais de 11 veículos, que serviam para transporte dos indígenas à consultas médicas, que estavam parados na garagem da Funasa, além de pneus novos que não foram utilizados e privadas que estavam encalhadas em salas do prédio.


 


No fim da tarde desta quinta (7), a Funasa pediu à Justiça a reintegração de posse do prédio ocupado em São Paulo. Com o pedido de reintegração de posse e após uma reunião de quase quatro horas com representantes da Funasa, os índios decidiram deixar o prédio sob protestos, mas permaneceram acampados em frente ao local. Na manhã de hoje, voltaram a ocupar garantindo assim o acordo desta sexta.